Segundo Aretio
(2009) o Ensino Distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional
que substitui a interação pessoal, em sala de aula, entre professor e aluno
como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos
recursos didáticos e pelo apoio de uma organização tutorial de modo a propiciar
a aprendizagem autônoma dos estudantes.
Assim, a Educação à
Distância utiliza-se de certos recursos didáticos, no caso os multimeios
tecnológicos que tem por objetivo substituir, ou tentar aproximar, a relação de
professor e aluno, mesmo que estejam fisicamente distantes. MOORE e KEARSLEY
(2008) complementa que Educação a Distância (EaD) é uma modalidade de educação
na qual professores e alunos encontram-se em locais diferentes.
Guarezi (2009), indica
que conceituar EaD é um processo evolutivo, que começou com a abordagem na
separação física das pessoas e chega ao processo de comunicação, incluindo, no
final do século XX, as tecnologias da informação.
A origem da EaD está
nas experiências de educação por correspondência, que tiveram início no final
do século XVIII e foi se desenvolvendo a partir do século XIX. No Brasil, de
1939 a 1941, várias experiências foram iniciadas com sucesso. O ano de 1934 foi
marcado pela instalação da Rádio/Escola Municipal no Rio de Janeiro, onde se
integrava a biblioteca e o museu escolar numa pioneira proposta de educação à
distância. Os estudantes dispunham de um acesso prévio aos folhetos e aos
projetos de aulas.
Segundo Dalmau
(2011), a Segunda Guerra Mundial foi um “divisor de águas” na história da EaD,
pois ao mesmo tempo em que reduziu a velocidade de introdução da televisão, os
esforços de treinamento das forças armadas norte-americanas demonstraram o
potencial das mídias audiovisuais para o ensino. Nesta mesma época pode-se
citar a experiência pioneira de EaD no Brasil representada pelo Instituto
Universal Brasileiro (1941). Esta empresa privada oferecia ensino à distância
de caráter supletivo, além de cursos profissionalizantes, através de
correspondências, adicionalmente, marcou o início dos cursos baseados na mídia
impressa.
Após as décadas de
1960 e 70, a EaD passou a incorporar o uso do áudio e do videocassete, as
transmissões de rádio e televisão, o videotexto, o computador e, mais
recentemente, a combinação de textos, sons, imagens, assim como os instrumentos
para fixação de aprendizagem com feedback imediato, programas tutoriais
informatizados, entre outros (Niskier, 1996).
Este período também ficou intensamente marcado pela forte ascensão de
correntes teóricas relacionadas ao EaD.
Segundo Landin
(1997) com a grande expansão da EAD no final dos anos 60 e na década de 70,
estudiosos desta modalidade educativa apresentam suas contribuições, estas
foram classificadas por Keegan (1983) em três grupos assim distribuídos:
1.
Teorias da autonomia e independência, arguidas
por Charles Wedemeyer (EUA) e Michael Moore (Reino Unido), que refletem, como
componente essencial, a independência do aluno;
2.
Trabalho de Otto Peters (Alemanha) em uma teoria
da industrialização, que reflete a tentativa de visualizar o campo da educação
a distância como uma forma industrializada de ensinamento e aprendizagem;
3.
Terceira corrente integra as teorias de
interação e comunicação formuladas por Baath (Suécia), Sewart (Reino Unido) e
Börje Holmberg (Suécia), Daniel & Marquis (Reino Unido).
Entre as décadas de 1970 e 80,
fundações privadas e organizações não-governamentais implementaram a opção dos
cursos supletivos a distância, no modelo de tele-educação, com aulas via
satélite complementadas por kits de materiais impressos, demarcando a chegada
da segunda geração de EaD no país. A maior
parte das Instituições de Ensino Superior no Brasil mobilizou-se para a EaD,
com o uso das novas tecnologias da comunicação e da informação somente na
década de 1990 (Niskier, 1996).
A história da educação a
distância no Brasil esteve sempre ligada à formação profissional,
capacitando pessoas ao exercício de certas atividades ou ao domínio de
determinadas habilidades, sempre motivadas por questões de mercado. Neste
sentido podemos citar a criação do Canal Futura como um dos principais marcos
na Educação à Distância no Brasil, durante os anos 90, onde uma empresa de
direito privado dedica seus esforços na criação e transmissão de materiais
educativos de uma forma estruturada e gratuita. Nesta mesma década, surge o
projeto “Um Salto para o Futuro” que objetivava o aperfeiçoamento de
professores das séries iniciais. Em 1995, também é criada a Secretaria de
Educação a Distância (SEED/MEC) que desenvolveu e implantou, em 2000, um
curso a distância vinculado ao Projeto TV Escola, também objetivando a
formação de professores. Embora Litto (2003) considere que a “globalização”
da educação a distância no Brasil ainda é lenta e gradual, o Programa TV Escola
representa “uma das mais complexas estratégias de ‘políticas de comunicação’
desenvolvida sob uma razoável ação de controle e de regulação do Estado.”
(FAUSTO NETO, 2001, p.14)
O ano de 2007 foi excepcional no
que tange o crescimento da EaD no Brasil, foram dois milhões inscritos em
cursos à distância segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância
(ABED). “Crescimento essencial diante de um país que ainda tem muito a fazer na
questão educacional”. Com a educação à distância o limite de espaço deixa de
existir e as fronteiras se ampliam.
Os polos de apoio presenciais
são apoios as Universidades e tem-se por objetivo levar o conhecimento a um
número maior de alunos, dando oportunidade e acesso à educação para aqueles que
têm dificuldades de se integrar no sistema de ensino convencional (regime
universitário regular ou especial) seja devido ao reduzido número de vagas e à
dificuldade de locomoção para os grandes centros universitários, ou devido ao
tempo disponível para frequentarem as classes tradicionais, entre diversas
outras razões de âmbito individual.
Segundo LITTO (2003) o setor
educacional que mais cresce mundialmente é o de aprendizagem à distância, uma
abordagem bastante antiga, mas que está recebendo uma nova vida com a chegada
das novas tecnologias de comunicação, com seu poder desestabilizador, e com as
novas exigências de capacitação humana numa sociedade de conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARETIO, L. G. Educación a distancia
hoy. Universidad Nacional de Educación a Distancia, 1994. In: GUAREZI, R. C. M;
MATOS, M. M. Educação a distância sem segredos. Curitiba: Ibpex, 2009.
DALMAU, Marcos Baptista Lopez.
Introdução à Educação a Distância. Florianópolis: Departamento de Ciências da
Administração/UFSC, 2007. 106 p.
FAUSTO NETO, Antônio. Ensinando à
televisão: estratégias de recepção da TV Escola. João Pessoa: Ed.
Universitária, 2001.
GUAREZI, R. C. M; MATOS, M. M.
Educação a distância sem segredos. Curitiba: Ibpex, 2009.
LANDIM, C. M. das M. P. F. Educação
a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1997.
LITTO, Frederic Michael. Educação à
distância e a USP. Jornal da USP. Ano XVIII, n. 639, abril 2003. "A
'Geração de Rede' está chegando ao mercado de trabalho… e mudando as
organizações". Educação em Revista. Aprendiz do Futuro, março de 1998.
MOORE, Michel G.; KEARSLEY, Greg. Distance education: a systems view. Belmont:
Wadsworth Publishing Company, 1996.
NISKIER, A. LDB: a nova lei da
educação: tudo sobre a lei de diretrizes e bases da educação nacional: uma
visão crítica. Rio de Janeiro: Consultor, 1996.
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