quinta-feira, 16 de julho de 2015

Conceito e Histórico de Educação à Distância

     Segundo Aretio (2009) o Ensino Distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que substitui a interação pessoal, em sala de aula, entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização tutorial de modo a propiciar a aprendizagem autônoma dos estudantes.
    Assim, a Educação à Distância utiliza-se de certos recursos didáticos, no caso os multimeios tecnológicos que tem por objetivo substituir, ou tentar aproximar, a relação de professor e aluno, mesmo que estejam fisicamente distantes. MOORE e KEARSLEY (2008) complementa que Educação a Distância (EaD) é uma modalidade de educação na qual professores e alunos encontram-se em locais diferentes.
     Guarezi (2009), indica que conceituar EaD é um processo evolutivo, que começou com a abordagem na separação física das pessoas e chega ao processo de comunicação, incluindo, no final do século XX, as tecnologias da informação.
     A origem da EaD está nas experiências de educação por correspondência, que tiveram início no final do século XVIII e foi se desenvolvendo a partir do século XIX. No Brasil, de 1939 a 1941, várias experiências foram iniciadas com sucesso. O ano de 1934 foi marcado pela instalação da Rádio/Escola Municipal no Rio de Janeiro, onde se integrava a biblioteca e o museu escolar numa pioneira proposta de educação à distância. Os estudantes dispunham de um acesso prévio aos folhetos e aos projetos de aulas.
     Segundo Dalmau (2011), a Segunda Guerra Mundial foi um “divisor de águas” na história da EaD, pois ao mesmo tempo em que reduziu a velocidade de introdução da televisão, os esforços de treinamento das forças armadas norte-americanas demonstraram o potencial das mídias audiovisuais para o ensino. Nesta mesma época pode-se citar a experiência pioneira de EaD no Brasil representada pelo Instituto Universal Brasileiro (1941). Esta empresa privada oferecia ensino à distância de caráter supletivo, além de cursos profissionalizantes, através de correspondências, adicionalmente, marcou o início dos cursos baseados na mídia impressa.
     Após as décadas de 1960 e 70, a EaD passou a incorporar o uso do áudio e do videocassete, as transmissões de rádio e televisão, o videotexto, o computador e, mais recentemente, a combinação de textos, sons, imagens, assim como os instrumentos para fixação de aprendizagem com feedback imediato, programas tutoriais informatizados, entre outros (Niskier, 1996).  Este período também ficou intensamente marcado pela forte ascensão de correntes teóricas relacionadas ao EaD.
     Segundo Landin (1997) com a grande expansão da EAD no final dos anos 60 e na década de 70, estudiosos desta modalidade educativa apresentam suas contribuições, estas foram classificadas por Keegan (1983) em três grupos assim distribuídos:
1.       Teorias da autonomia e independência, arguidas por Charles Wedemeyer (EUA) e Michael Moore (Reino Unido), que refletem, como componente essencial, a independência do aluno;
2.       Trabalho de Otto Peters (Alemanha) em uma teoria da industrialização, que reflete a tentativa de visualizar o campo da educação a distância como uma forma industrializada de ensinamento e aprendizagem;
3.       Terceira corrente integra as teorias de interação e comunicação formuladas por Baath (Suécia), Sewart (Reino Unido) e Börje Holmberg (Suécia), Daniel & Marquis (Reino Unido).
     Entre as décadas de 1970 e 80, fundações privadas e organizações não-governamentais implementaram a opção dos cursos supletivos a distância, no modelo de tele-educação, com aulas via satélite complementadas por kits de materiais impressos, demarcando a chegada da segunda geração de EaD no país. A maior parte das Instituições de Ensino Superior no Brasil mobilizou-se para a EaD, com o uso das novas tecnologias da comunicação e da informação somente na década de 1990 (Niskier, 1996).
     
      A história da educação a distância no Brasil esteve sempre ligada à formação profissional, capacitando pessoas ao exercício de certas atividades ou ao domínio de determinadas habilidades, sempre motivadas por questões de mercado. Neste sentido podemos citar a criação do Canal Futura como um dos principais marcos na Educação à Distância no Brasil, durante os anos 90, onde uma empresa de direito privado dedica seus esforços na criação e transmissão de materiais educativos de uma forma estruturada e gratuita. Nesta mesma década, surge o projeto “Um Salto para o Futuro” que objetivava o aperfeiçoamento de professores das séries iniciais. Em 1995, também é criada a Secretaria de Educação a Distância (SEED/MEC) que desenvolveu e implantou, em 2000, um curso a distância vinculado ao Projeto TV Escola, também objetivando a formação de professores. Embora Litto (2003) considere que a “globalização” da educação a distância no Brasil ainda é lenta e gradual, o Programa TV Escola representa “uma das mais complexas estratégias de ‘políticas de comunicação’ desenvolvida sob uma razoável ação de controle e de regulação do Estado.” (FAUSTO NETO, 2001, p.14)
     
      O ano de 2007 foi excepcional no que tange o crescimento da EaD no Brasil, foram dois milhões inscritos em cursos à distância segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED). “Crescimento essencial diante de um país que ainda tem muito a fazer na questão educacional”. Com a educação à distância o limite de espaço deixa de existir e as fronteiras se ampliam.
   
     Os polos de apoio presenciais são apoios as Universidades e tem-se por objetivo levar o conhecimento a um número maior de alunos, dando oportunidade e acesso à educação para aqueles que têm dificuldades de se integrar no sistema de ensino convencional (regime universitário regular ou especial) seja devido ao reduzido número de vagas e à dificuldade de locomoção para os grandes centros universitários, ou devido ao tempo disponível para frequentarem as classes tradicionais, entre diversas outras razões de âmbito individual.
    
     Segundo LITTO (2003) o setor educacional que mais cresce mundialmente é o de aprendizagem à distância, uma abordagem bastante antiga, mas que está recebendo uma nova vida com a chegada das novas tecnologias de comunicação, com seu poder desestabilizador, e com as novas exigências de capacitação humana numa sociedade de conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARETIO, L. G. Educación a distancia hoy. Universidad Nacional de Educación a Distancia, 1994. In: GUAREZI, R. C. M; MATOS, M. M. Educação a distância sem segredos. Curitiba: Ibpex, 2009.
DALMAU, Marcos Baptista Lopez. Introdução à Educação a Distância. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2007. 106 p.
FAUSTO NETO, Antônio. Ensinando à televisão: estratégias de recepção da TV Escola. João Pessoa: Ed. Universitária, 2001.
GUAREZI, R. C. M; MATOS, M. M. Educação a distância sem segredos. Curitiba: Ibpex, 2009.
LANDIM, C. M. das M. P. F. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1997.
LITTO, Frederic Michael. Educação à distância e a USP. Jornal da USP. Ano XVIII, n. 639, abril 2003. "A 'Geração de Rede' está chegando ao mercado de trabalho… e mudando as organizações". Educação em Revista. Aprendiz do Futuro, março de 1998.
MOORE, Michel G.; KEARSLEY, Greg. Distance education: a systems view. Belmont: Wadsworth Publishing Company, 1996.
NISKIER, A. LDB: a nova lei da educação: tudo sobre a lei de diretrizes e bases da educação nacional: uma visão crítica. Rio de Janeiro: Consultor, 1996.


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