quarta-feira, 18 de junho de 2025

 De Seguidores a Clientes: O Papel das Redes Sociais no Mercado Atual

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais
Autora: Ana Luiza Pinheiro Palma
Matrícula: 21200113


As redes sociais transformaram a dinâmica do consumo global, redefinindo como os indivíduos descobrem, avaliam e compram produtos. Este artigo explora as nuances do impacto das redes sociais no comportamento do consumidor, com ênfase em plataformas como Instagram, TikTok e WhatsApp. Ao longo deste trabalho, abordaremos fatores críticos como qualidade do conteúdo, influenciadores digitais e estratégias promocionais e como sua utilização molda as decisões de consumo dos usuários das plataformas digitais.


Conteúdo e Engajamento: O Primeiro Contato com a Marca

A qualidade do conteúdo é um elemento essencial na etapa de conscientização do consumidor. Segundo Yang (2024), conteúdos visuais e bem elaborados aumentam significativamente o reconhecimento de marca. Além disso, recursos interativos como enquetes e sessões ao vivo intensificam o engajamento do usuário.

Por exemplo, empresas como a Nike utilizam o recurso de "Stories" no Instagram para destacar novidades, apresentar atletas e compartilhar treinos curtos e interativos. Essas ações ajudam a criar uma conexão emocional com o público, promovendo a fidelização à marca. Acesse um exemplo interativo aqui.

Outro exemplo é o sucesso de marcas de moda rápida, como a Shein, que aposta em campanhas visuais com vídeos curtos e dinâmicos no TikTok para engajar seu público-alvo jovem. Essa estratégia impulsiona a descoberta de novos produtos e incentiva compras por impulso devido à forte presença visual.

As campanhas de conteúdo com storytelling também se destacam. Marcas como a Coca-Cola criam narrativas envolventes que conectam seus produtos a momentos de celebração e felicidade. Isso reforça os valores da marca e aumenta o reconhecimento emocional.




Influenciadores Digitais: Confiabilidade e Relacionamento

Os influenciadores desempenham um papel crucial na formação de atitudes do consumidor. Semwal et al. (2024) destacam que a autenticidade nas recomendações e o alinhamento de valores são determinantes para o impacto de influenciadores. Campanhas bem-sucedidas, como a da marca Fenty Beauty, ilustram como a associação com influenciadores pode impulsionar as vendas e fortalecer a lealdade à marca.

Na Fenty Beauty, a diversidade foi o pilar central da estratégia de marketing. Ao lançar uma linha de bases que atendem a todos os tons de pele, Rihanna abordou diretamente uma necessidade negligenciada por outras marcas, atraindo consumidores que buscam inclusão e autenticidade. Essa abordagem gerou um enorme impacto nas redes sociais, tornando a marca referência no setor. Conheça a história da Fenty Beauty aqui.

Estudos também revelam que campanhas colaborativas com microinfluenciadores — aqueles com seguidores entre 10 mil e 50 mil — têm uma taxa de engajamento mais alta em comparação a grandes celebridades. Por exemplo, marcas de produtos naturais como a Lush Cosmetics utilizam microinfluenciadores para criar conteúdo personalizado e alcançar nichos específicos.

Um estudo com a Geração Z em Depok, Indonésia, revelou que o marketing de influenciadores, quando combinado com estratégias de redes sociais, explica 78,1% do comportamento de compra desse público (Wijaya et al., 2024). Saiba mais sobre o case aqui.

Além disso, campanhas que combinam influenciadores com experiências offline, como eventos e feiras, aumentam a autenticidade. A marca de beleza Glossier, por exemplo, utiliza influenciadores para promover experiências "pop-up", o que amplia a conexão entre o consumidor e o produto.




O Poder das Avaliações e Recomendações

As redes sociais também ampliaram o acesso a avaliações e recomendações de produtos. Kajaria (2024) aponta que 41,1% dos consumidores confiam em recomendações de amigos e familiares, enquanto 38,9% consultam avaliações online antes de realizar uma compra.

Plataformas como o TripAdvisor e Yelp são exemplos marcantes de como avaliações desempenham um papel central na decisão de consumo. No setor de turismo, por exemplo, a experiência de outros viajantes influencia diretamente a escolha de hotéis, restaurantes e atrações. Veja como funciona o TripAdvisor.

Além disso, as redes sociais permitem que os consumidores compartilhem opiniões em tempo real. Um exemplo é o uso do Twitter para relatar experiências com atendimento ao cliente. Empresas como a Netflix respondem ativamente a esses tweets, melhorando sua imagem e resolvendo problemas de forma rápida, o que fideliza consumidores e gera publicidade positiva.

Um caso interessante é o uso da função de avaliações no Google Maps, onde restaurantes e cafés podem ganhar popularidade com base em classificações de usuários. Essas avaliações não apenas ajudam novos clientes a decidir, mas também funcionam como uma estratégia de feedback direto para melhorar serviços.


Promoções e Decisões de Compra

Atividades promocionais são particularmente eficazes na etapa de intenção de compra. Segundo Yang (2024), descontos e ofertas temporárias podem ser decisivos. Campanhas sazonais, como a Black Friday, são exemplos claros de como marcas utilizam essas estratégias.

Marcas como a Amazon têm dominado as campanhas de Black Friday, oferecendo promoções exclusivas e aumentando significativamente o volume de vendas durante o período. Além disso, a utilização de anúncios segmentados por comportamento do usuário reforça a eficácia dessas estratégias. Conheça mais sobre a história da Black Friday.

No contexto de promoções baseadas em redes sociais, o Outback frequentemente utiliza o Instagram para promover campanhas como "Happy Hour", oferecendo descontos em pratos populares. O apelo visual das publicações incentiva os consumidores a compartilhar a oferta com seus contatos, ampliando o alcance da campanha.

Outras marcas, como a Adidas, lançam coleções limitadas e exclusivas apenas disponíveis para seguidores em redes sociais. Isso não só estimula o engajamento, mas também cria um senso de exclusividade, incentivando compras rápidas.




A Confiança e a Construção de Relacionamentos

Confiança é a base de qualquer relação entre consumidores e marcas nas redes sociais. Estudos mostram que a interação ativa, como responder a comentários e mensagens diretas, melhora a percepção da marca e aumenta a lealdade.

A Duolingo se destaca nas redes sociais por suas respostas rápidas, criativas e bem-humoradas, o que contribui para humanizar a marca e estabelecer diálogos autênticos com seus seguidores. A mascote “Duo” é um elemento-chave nessa estratégia, conferindo ao aplicativo de aprendizado de idiomas uma personalidade descontraída e divertida, que torna o processo de aprendizado menos intimidante e mais acessível, mesmo quando aborda temas fora do contexto tradicional de estudo.

 De forma semelhante, a Apple utiliza o Instagram para compartilhar histórias reais de seus usuários, fortalecendo a autenticidade da marca e criando uma conexão emocional profunda entre o público e seus produtos, valorizando experiências pessoais que ressoam com os consumidores.Empresas também podem criar comunidades exclusivas para engajamento.

 Um exemplo é o grupo de fãs "Lego Ideas", onde usuários compartilham ideias e designs que podem ser transformados em produtos reais. Essa abordagem promove confiança e um senso de pertencimento.


Considerações Finais

As redes sociais têm provocado uma transformação profunda e multifacetada no comportamento do consumidor, influenciando decisivamente todas as fases do processo de decisão de compra — desde a geração da conscientização inicial até a consolidação da intenção de compra.

 Nesse cenário, as marcas que conseguem articular de forma estratégica conteúdos de alta qualidade, estabelecer parcerias autênticas e coerentes com influenciadores e desenvolver promoções direcionadas e contextuais destacam-se como as principais protagonistas de um mercado digital caracterizado pela volatilidade e pela hipercompetitividade. 

Além disso, o dinamismo das redes sociais exige que as empresas estejam continuamente adaptando suas estratégias, utilizando análises de dados e inteligência artificial para personalizar experiências e antecipar comportamentos do consumidor. Assim, o domínio e a inovação no uso dessas ferramentas digitais não apenas capturam, mas também mantêm a atenção e a lealdade dos consumidores em um ambiente em constante evolução, definindo o sucesso das marcas no futuro.


Referências

  • Kajaria, A. (2024). From Likes To Purchases: The Role Of Social Media In Consumer Buying Patterns. IOSR Journal of Economics and Finance. Disponível em: https://doi.org/10.9790/5933-1505045661.

  • Pei, J. (2024). Digital Marketing and Consumer Behaviour: The Role of Social Media in Decision-making. Advances in Economics, Management and Political Sciences, 137(1), 34–38. Disponível em: https://doi.org/10.54254/2754-1169/2024.18607.

  • Semwal, M., et al. (2024). The Impact of Social Media Influencers on Customers Buying Behaviour Pattern. International Journal of Advance Research and Innovation, 12(4), 40–45. Disponível em: https://doi.org/10.69996/ijari.2024021.

  • Wijaya, H., et al. (2024). The Influence of Social Media Marketing and Influencer Marketing on Consumer Behaviour. Neo Journal of Economy and Social Humanities, 3(2), 64–72. Disponível em: https://doi.org/10.56403/nejesh.v3i2.203.

  • Yang, M. (2024). A Study on the Impact of Social Media Marketing on Consumer Purchasing Decisions. Highlights in Business, Economics and Management, 45, 1032–1042. Disponível em: https://doi.org/10.54097/ptkmg377.


quinta-feira, 12 de junho de 2025

A IA vai substituir o trabalho humano?

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais - EGC5020-09318/10316 (20251)

Autora: Patrícia Kauana Knapik Thomaz - 16101442



A Inteligência Artificial (IA) tem sido uma grande aliada para as organizações de diversos segmentos no cenário econômico global, mostrando-se uma solução significativa no aumento da produtividade ao otimizar processos, potencializar a tomada de decisões e trazer inovação. A evolução da IA com o machine learning a tornou uma ferramenta importante para absorver, gerenciar e analisar um grande volume de informações, tornando o processo decisório mais ágil e preciso, além de possibilitar uma gestão de atividades mais eficiente, refletindo em vantagem competitiva para as empresas.


A transformação organizacional que a implementação da IA traz junto consigo é bastante impactante quando se trata de atividades repetitivas: essas tarefas rotineiras são substituídas pelo funcionamento dos sistemas inteligentes enquanto as equipes se tornam cada vez mais especializadas, estratégicas e gerenciais. As funções que precisam de análise crítica, criatividade e empatia continuam a ser fundamentais e devem ser exclusivas de pessoas, e a colaboração híbrida entre funções humanas e automatizadas são vistas como um diferencial para maximizar o potencial das empresas. 

No entanto, as oportunidades para a transformação organizacional só podem ser viabilizadas se as organizações conseguirem aliar a implementação da inovação com treinamentos e capacitações necessárias para que as equipes utilizem dela de forma correta e eficiente. Do contrário, o efeito da mudança tecnológica pode trazer aos colaboradores insegurança e desmotivação, além de levar uma experiência incompleta ou incoerente que acaba impactando o cliente final e, consequentemente, a relação entre empresa e consumidor (COUTINHO, 2025).


IAG nas agências de marketing


A Inteligência Artificial Generativa (IAG), por sua vez, tem características que vão além da absorção, organização, processamento, análise de dados e automatização de rotinas. A IAG é assim denominada por ser capaz de criar conteúdos a partir de dados, com aplicações que abrangem a produção de conteúdos, extração de informações, chatbots e geração de códigos (RODRIGUES; MOREIRA, 2025).

Olhando especificamente para as agências de marketing de pequeno a médio porte, Rodrigues e Moreira (2025) constataram que é comum que essas empresas enfrentem cenários desafiadores na implementação de estratégias eficazes devido ao baixo investimento, informalidade e influência dos empreendedores nas decisões de marketing. 

Com o avanço tecnológico e o comportamento digital intenso por parte dos consumidores, as empresas se veem compelidas a adotar plataformas, recursos e tecnologias que as coloquem em uma posição favorável em relação aos seus competidores, e a implementação de IAG, apesar de não ser total novidade no segmento, se tornou uma das alternativas necessárias (RODRIGUES; MOREIRA, 2025). 



No marketing, a aplicação de IAG tornou-se mais acentuada com o uso intensivo de dados para permitir empresas a tomar decisões, prever tendências e personalizar comunicações que atendam às demandas de cada cliente com base em seus interesses específicos. As empresas de marketing utilizam IA principalmente para observar padrões de interesse com o objetivo de oferecer experiências em formato de conteúdos, produtos e preços altamente personalizados. 

Com a quantidade exacerbada de ofertas, anúncios e produtos por segmento no meio digital, atingir públicos cada vez mais segmentados traz maior probabilidade de identificação dos consumidores com as marcas e, consequentemente, maiores chances de conversão. Melhorias na eficácia em relação a tempo e custos, ampliação da capacidade de atuação, customização, precisão e inovação criativa são algumas vantagens significativas que Rodrigues e Moreira (2025) apontam no uso de soluções de IAG pelos times de marketing.

Como já mencionado anteriormente, a adoção de IA por empresas traz consigo alguns desafios, como o treinamento e capacitação das equipes para utilizarem os recursos de forma mais eficiente. No caso das agências de marketing de pequeno a médio porte, soma-se também a questão do investimento limitado. Dessa forma, é fundamental que os empreendedores se atentem aos objetivos do negócio para estabelecer as prioridades, elencar pontos em que a IA pode ser aplicada e como essas soluções podem melhorar a experiência do cliente.

Apesar das inúmeras vantagens referidas, é necessário destacar a implementação desses recursos como funcionalidades complementares ao trabalho humano. A IAG entrega resultados que devem ser supervisionados de forma crítica antes do lançamento a público, pois como já destacado no início deste artigo, empatia, sensibilidade, criatividade e senso crítico são qualidades intrinsecamente humanas e que não devem ser substituídas por máquinas. As empresas que conseguirem aliar essas tecnologias de forma ética sem perder a essência humana estarão em vantagem (RODRIGUES; MOREIRA, 2025).



IA no atendimento do varejo digital


De acordo com Rodrigues et. al, as empresas têm enfrentado desafios para reter e fidelizar seus clientes devido a alta competitividade no ambiente digital, e é nesse cenário que a IA entra como uma ferramenta capaz de trazer personalização, recomendações inteligentes, assistência virtual e suporte ao cliente em tempo real.

Para melhorar o engajamento e retenção dos clientes, grandes varejistas como Amazon e Sephora utilizam chatbots integrados com recomendações baseadas no machine learning de acordo com o comportamento dos consumidores, oferecendo experiências altamente personalizadas e relevantes.



A partir de sua pesquisa sobre a utilização de chatbots em compras com 58 indivíduos de gênero e faixa etária variada, Rodrigues et al. registraram que 39% das pessoas estavam satisfeitas com o processo de personalização, enquanto 28% estavam insatisfeitos, apontando limitações ou dificuldades nas personalizações. Quanto ao atendimento ao cliente via chatbots, mais da metade das pessoas se declarou insatisfeita ou muito insatisfeita com os atendentes virtuais, indicando que a IA ainda é limitada em relação a satisfazer as expectativas dos consumidores no que diz respeito à qualidade e eficiência do atendimento. De forma geral, a pesquisa evidenciou aspectos positivos para IA no que tange agilidade e eficiência no atendimento, personalização baseada em dados, facilidade no processo de compra e suporte e resolução de problemas. Em contraponto, o maior desafio evidenciado pelas pessoas foi o da falta de humanização do atendimento, indicando que momentos que exigem empatia ou complexidade emocional são insubstituíveis por atendimento automatizado.

Com isso, a pesquisa salientou que embora a IA seja relevante para agilizar processos operacionais repetitivos, suas limitações devem ser consideradas. A forma mais eficiente de otimizar a implementação da IA no atendimento ao cliente é integrar as automações com as interações humanas. Dessa forma, as empresas conseguirão oferecer uma experiência de compra mais satisfatória e consequentemente reter e fidelizar cada vez mais seus clientes.



Conclusões


A utilização de IA pelas organizações possibilita maior agilidade e eficiência em diversos processos. As organizações podem se beneficiar de muitas formas ao integrar sistemas inteligentes ao seu dia-a-dia, possibilitando que suas equipes se tornem mais estratégicas, seus processos se tornem mais ágeis e seus clientes tenham experiências mais relevantes. 

Com a grande digitalização e o aumento do comércio eletrônico nos últimos anos, as empresas se veem interessadas em atingir públicos cada vez mais segmentados para oferecer seus produtos e serviços, e a IA entra como um recurso muito relevante nesse sentido. Ao absorver, processar e analisar uma grande quantidade de dados, a IA é capaz de oferecer o produto/serviço certo, para o público certo, no momento certo e no canal certo, além de fornecer atendimento de suporte rápido e eficiente para questões simples.

No entanto, alguns pontos não devem ser descartados, como a necessidade de oferecer treinamentos e capacitações para as equipes, o mapeamento e priorização de processos que podem ser otimizados com IA, os altos investimentos dessa transformação tecnológica principalmente quando se tratam de pequenas e médias empresas e as próprias limitações das automações.

O maior desafio abordado neste artigo foi a questão da integração das automações com o trabalho humano, uma vez que a IA não substitui qualidades essencialmente humanas como empatia ou complexidade emocional. As empresas que conseguirem encontrar um ponto ótimo entre essas duas fontes de trabalho estarão em vantagem competitiva no mercado.



Referências


COUTINHO, R. L. M. O impacto da inteligência artificial e automação nas organizações: desafios e oportunidades para a transformação organizacional. Revista Tópicos, v. 3, n. 18, 2025. DOI: 10.5281/zenodo.14885186. Disponível em: https://revistatopicos.com.br/artigos/o-impacto-da-inteligencia-artificial-e-automacao-nas-organizacoes-desafios-e-oportunidades-para-a-transformacao-organizacional. Acesso em: 9 jun. 2025.


RODRIGUES, C. P.; TOMA, G. M.; OGUSUKU, N. S.; TOLEDO, L. A.; CAMARGO FILHO, A. O impacto da inteligência artificial nas novas dinâmicas de compra no varejo digital brasileiro. Práticas em Contabilidade e Gestão, [S. l.], v. 13, n. 1, 2025. Disponível em: https://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/pcg/article/view/17597. Acesso em: 11 jun. 2025.


RODRIGUES, M. A. G.; MOREIRA, E. A. Aplicações e efeitos da utilização de recursos tecnológicos com inteligência artificial por micro e pequenas agências de marketing brasileiras. Brazilian Applied Science Review, [S. l.], v. 9, n. 1, p. e79912, 2025. DOI: 10.34115/basrv9n1-021. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BASR/article/view/79912. Acesso em: 10 jun. 2025.

IA e o Futuro do Trabalho: A Reinvenção Humana na Era Digital

Autor: Gabriel Todescato Cataneo Zanin

Matrícula: 18105487

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais EGC5020


A Inteligência Artificial (IA) é uma força transformadora do século XXI, redefinindo o mercado de trabalho global. Sua capacidade de automatizar tarefas complexas, da escrita à programação, o que leva a questão: substituirá empregos ou irá redefinir funções? Especialistas apontam para uma grande remodelação, não para a substituição total.

Bill Gates, em fevereiro de 2024, previu que a IA e o Big Data diminuirão significativamente o papel humano em áreas como Medicina e Educação em menos de uma década. Segundo ele, o conhecimento de grandes profissionais se tornará "gratuito" e "comum" via IA, numa transformação rápida e inevitável. Neil Thomson (MIT) corrobora, indicando automação significativa em cerca de uma década, seguindo ciclos históricos de tecnologias disruptivas.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) através de um estudo em janeiro de 2024 que cerca de 40% dos empregos globais serão afetados pela IA. Metade pode se beneficiar com aumento de produtividade, enquanto a outra metade enfrenta desafios como redução de demanda ou salários, e até o desaparecimento de funções. Thomson, porém, argumenta que a substituição total é menos provável, já que poucas tarefas tecnicamente compatíveis são economicamente viáveis para automação.


Fonte: Freepik

IA Generativa e as Mudanças Ocupacionais

Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com o NASK, em maio de 2025, indicou que 25% dos empregos globais estão expostos à IA generativa (que cria conteúdo novo). Apenas 3,3% dos empregos globais têm altíssimo risco de automação. O relatório da OIT destaca a transformação dos postos de trabalho, não a substituição total, pois a maioria das ocupações ainda exige envolvimento humano.

O relatório "Futuro do Trabalho" (WEF e FDC) projeta que 92 milhões de empregos serão substituídos por tecnologias como IA até 2030 (8% da força de trabalho global). Contudo, o mesmo estudo prevê a criação de 170 milhões de empregos (14% da mão de obra), resultando em um saldo positivo de 78 milhões de vagas.


Vulnerabilidades e o Valor Humano

Profissões com tarefas repetitivas, baseadas em padrões ou que processam grandes volumes de dados são as mais suscetíveis à IA. A OIT destaca empregos de escritório e administrativos, além de áreas já intensivas em tecnologia como mídia, programação e finanças. O WEF e FDC listam funções em declínio, como serviços postais, caixas, operadores de dados, assistentes administrativos, contadores e profissionais de impressão.

Por outro lado, a essência humana permanece insubstituível. Agma Machado Traina (USP São Carlos) destaca que perspicácia, criatividade, flexibilidade e julgamento ético não são replicáveis pela tecnologia. O ChatGPT reconhece que certas profissões, por suas características emocionais ou éticas, têm baixa probabilidade de substituição. Entre elas:

  • Profissionais de saúde mental: dependem de empatia e conexão humana profunda.
  • Professores e educadores: exigem habilidades interpessoais e emocionais.
  • Artistas e criadores: a criatividade autêntica é um domínio humano.
  • Trabalhadores manuais especializados: atuam em ambientes variáveis com complexidade física.
  • Cuidadores e profissionais de atendimento: demandam paciência e acolhimento emocional.
  • Líderes e tomadores de decisões éticas: exigem compreensão moral.

Fonte: Freepik

Novas Demandas e Requalificação Essencial

A ascensão da IA impulsiona novas funções e valoriza habilidades. O WEF e FDC identificam crescimento em Big Data, Fintech, Desenvolvimento de Software, Segurança de Dados. Setores como TI, energias renováveis, mercado financeiro e agricultura também expandem no Brasil. Relatórios também  mostram que 65% dos trabalhadores reconhecem a necessidade de requalificação em IA, Big Data e cybersegurança. 78% buscam treinamento nas empresas, e 70% dedicam tempo fora do expediente.

A adaptação e requalificação profissional são imperativas. Solange Oliveira Rezende (USP São Carlos) afirma que o profissional não perderá o emprego para a IA, mas para quem souber lidar com ela. A tecnologia aprimora o desempenho, e a falta de abertura para o aprendizado pode custar o emprego.

Habilidades valorizadas incluem pensamento analítico (69%), resiliência e flexibilidade (67%), liderança (61%), pensamento criativo (57%), motivação (52%) e alfabetização tecnológica (51%). No Brasil, IA e Big Data são prioridades de requalificação para 53% dos empregadores nos próximos cinco anos.

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Implicações Sociais e a Jornada de Trabalho Futura

Bilionários do Vale do Silício enxergam algumas implicações. Vinod Khosla (Sun Microsystems) estima que a IA pode realizar 80% ou mais dos empregos, tornando funções mais eficientes e baratas. Para evitar desemprego em massa, ele sugere a Renda Básica Universal (RBU). Gates e Khosla preveem uma semana de trabalho mais curta (três dias), com a IA produzindo abundância e liberando humanos para hobbies. Elon Musk sugere que o trabalho se tornará um "hobby". Contudo, previsões históricas de redução drástica de carga horária (como 15 horas semanais por Keynes em 1930) ainda não se concretizaram.

Como conclusão, a IA não é um substituto universal, mas um “acelerador” para uma reestruturação do mercado. A automação libera humanos para funções que exigem criatividade, empatia e julgamento ético. A colaboração humano-IA, junto à requalificação e adaptação digital, formará uma força de trabalho ágil. Apesar dos desafios, a produtividade, novas oportunidades e jornadas flexíveis delineiam um otimismo cauteloso para o futuro do trabalho.




Referências

FONTES, Matheus Martins. A inteligência artificial vai substituir todos os empregos? Disponível em: https://mba.iabigdata.icmc.usp.br/a-inteligencia-artificial-vai-substituir-todos-os-empregos / Acesso em: 10 jun. 2025.

ROYLE, Orianna Rosa. IA substituirá 80% das vagas em 80% das ocupações, diz bilionário do Vale do Silício Disponível em: https://www.infomoney.com.br/business/global/ia-substituira-80-das-vagas-em-80-das-ocupacoes-diz-bilionario-do-vale-do-silicio / Acesso em: 10 jun. 2025.

ZEM, Rafaela et al. IA pode afetar 1 em cada 4 empregos, diz OIT; descubra se o seu está em risco Disponível em: https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2025/05/21/ia-pode-afetar-1-em-cada-4-empregos-diz-oit.ghtml / Acesso em: 12 jun. 2025.

LA Nacion. Estes são os empregos que não serão substituídos pela IA, de acordo com a própria inteligência artificial. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2025/06/12/estes-sao-os-empregos-que-nao-serao-substituidos-pela-ia-de-acordo-com-a-propria-inteligencia-artificial.ghtml / Acesso em: 11 jun. 2025.

Redação Forbes. Inteligência artificial vai afetar 40% dos empregos em todo o mundo, diz FMI. Disponível em: https://forbes.com.br/carreira/2024/01/inteligencia-artificial-vai-afetar-40-dos-empregos-em-todo-o-mundo-diz-fmi/ Acesso em: 12 jun. 2025.



Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo de escrita: Eu Gabriel Zanin declaro que utilizei ferramentas de IAG (Gemini, Notebook LM) no processo de planejamento, para aperfeiçoamento do texto e melhoria da legibilidade. Após o uso destas ferramentas, os textos foram revisados, editados e o conteúdo está em conformidade com o método científico. O autor assume total responsabilidade pelo conteúdo da publicação.

Inteligência Artificial na Beleza: Entre a Inovação e o Risco

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais
Semestre: 2025.1
Autora: Fernanda Hiramoto
Matrícula: 20203546


FILTRO DO TIKTOK @IJUSTINE / TIKTOK/REPRODUÇÃO 

Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) ganhou destaque nas redes sociais por sua capacidade de criar imagens e vídeos hiper-realistas que desafiam a percepção humana do que é verdadeiro. No campo da estética e dos cosméticos, esse avanço tecnológico tem gerado impactos profundos, especialmente pela forma como molda padrões de beleza e influencia o comportamento dos consumidores.

Deep Beauty e a estética artificial

A partir do uso de filtros avançados, vídeos editados por IA e algoritmos de recomendação, surgem conteúdos visuais tão realistas que se tornam praticamente indistinguíveis da realidade. Essa prática, conhecida como deep beauty, representa o uso da inteligência artificial para suavizar imperfeições, simular maquiagens ou até modificar traços faciais em tempo real — muitas vezes sem que o público perceba que está diante de uma imagem alterada artificialmente.

Publicidade enganosa e padrões inalcançáveis

Esse cenário levanta questões éticas importantes, pois muitos desses conteúdos são usados para promover produtos cosméticos e procedimentos estéticos, o que pode configurar publicidade enganosa. A ausência de transparência quanto à manipulação digital mina a confiança do consumidor e alimenta expectativas irreais sobre os resultados de produtos ou tratamentos de beleza.

Além disso, o uso de IA nesses contextos pode reforçar padrões de beleza excludentes e inatingíveis. Como a maioria dos algoritmos é treinada com bases de dados enviesadas, o ideal de beleza promovido tende a ser padronizado: pele clara, rosto simétrico, traços eurocêntricos e ausência de rugas ou marcas naturais. Isso limita a representatividade e reforça a marginalização de corpos e identidades diversas.

Impactos na saúde mental

Outro aspecto preocupante é o impacto psicológico. O contato constante com imagens hiper-realistas pode afetar a autoestima de usuários, especialmente jovens, que comparam sua aparência natural com versões idealizadas e artificialmente melhoradas. Estudos já associam o uso excessivo de filtros com transtornos de imagem, como a dismorfia corporal e o desenvolvimento de padrões obsessivos com a estética.

O filtro “Bold Glamour” e o debate atual

Um exemplo recente é o polêmico filtro Bold Glamour, do TikTok, que viralizou por gerar um efeito extremamente realista de maquiagem e simetria facial, sem distorções visíveis. Apesar de impressionar tecnicamente, ele reforça ideais de beleza irreais e levanta alertas sobre seus efeitos psicológicos negativos.

IA como ferramenta de manipulação

Atualmente, existem aplicativos de beleza com tecnologia baseada em IA capazes de alterar vídeos em tempo real. Alguns criam maquiagens artificiais perfeitas; outros remodelam o rosto de forma sutil, mas eficiente. Ao serem usados em vídeos publicitários, esses recursos tornam-se ferramentas de manipulação, influenciando o consumidor a desejar resultados que, na realidade, não podem ser alcançados por nenhum cosmético.

O uso desses artifícios, quando não é devidamente informado ao público, pode infringir diretrizes de publicidade de órgãos reguladores, como a Anvisa e o Conar. Além disso, essa prática camufla os verdadeiros efeitos dos produtos, dificultando o julgamento racional e consciente do consumidor.

Uma questão de saúde pública e responsabilidade digital

Nesse contexto, a presença da IA nas redes sociais, especialmente quando aplicada à estética, deixa de ser apenas uma tendência tecnológica e passa a ser uma questão de saúde pública, inclusão social e responsabilidade digital. É fundamental promover a educação midiática, para que os usuários saibam identificar conteúdos manipulados e desenvolver um senso crítico diante do que consomem nas redes.

Conclusão

Embora a inteligência artificial represente avanços notáveis no setor de beleza e nas redes sociais, seu uso indiscriminado para criar imagens hiper-realistas e alterar aparências pode gerar consequências graves. A promoção de padrões estéticos inalcançáveis, a publicidade enganosa e os impactos psicológicos precisam ser reconhecidos e enfrentados com medidas éticas e regulatórias.

Cabe às plataformas digitais, marcas e influenciadores exercerem sua responsabilidade no combate à desinformação estética, promovendo a diversidade e valorizando a beleza real, em vez de fomentar um ideal distorcido e artificial. A IA, quando mal utilizada, não só mascara a realidade — mas compromete a relação entre imagem, identidade e bem-estar.


Fontes consultadas:

Este texto foi desenvolvido com o apoio da ferramenta ChatGPT e Blackbox, baseada em inteligência artificial, com curadoria e revisão final feitas pela autora.

Seja Dono dos Seus Dados, ou Seja Dominado: O Escândalo de IA do Reddit é um Alerta Urgente

 

Seja Dono dos Seus Dados, ou Seja Dominado: O Escândalo de IA do Reddit é um Alerta Urgente

Imagine acordar e descobrir que, por meses, você foi o sujeito involuntário de um experimento psicológico. Não em um laboratório, mas na sua comunidade online favorita. Não por cientistas de jaleco, mas por bots sem rosto lendo cada palavra sua, analisando seus pensamentos mais profundos e tentando mudar sua opinião — tudo isso sem o seu conhecimento ou consentimento.

Isso não é ficção científica. Isso é exatamente o que aconteceu no Reddit.

O Escândalo de IA do Reddit: Você é o Produto

Em 2024, pesquisadores soltaram bots de IA no fórum r/changemyview do Reddit. Esses bots não apenas entraram nas conversas, eles se passaram por pessoas reais — incluindo sobreviventes de traumas e conselheiros. Vasculharam históricos de usuários, tentaram adivinhar identidades e criaram argumentos persuasivos para manipular opiniões. Tudo em segredo. Sem aviso. Sem consentimento. Sem respeito.

A liderança do Reddit chamou isso de “inadequado e altamente antiético.” Os usuários ficaram indignados. Mas a verdade é que isso é só a ponta do iceberg. Todos os dias, em todas as grandes plataformas de mídia social, seus dados estão sendo coletados, analisados e usados — muitas vezes sem o seu consentimento.



Por Que a Propriedade dos Dados Não é Só Importante — É Urgente

1. Sem Propriedade = Sem Controle

Se você não é dono dos seus dados, você não controla sua vida digital. Outros controlam. Eles decidem o que é coletado, como é usado e quem lucra com isso. Você vira um recurso, não uma pessoa. O escândalo do Reddit é a prova: suas palavras, seus sentimentos, sua identidade — usados como matéria-prima para o experimento de outra pessoa.

2. Sem Propriedade = Sem Privacidade

Sem propriedade, seus dados ficam à disposição de qualquer um. Podem ser vendidos, vazados ou usados contra você. Hoje, é um bot tentando mudar sua opinião. Amanhã, pode ser um golpista, um operador político ou até um governo hostil. Os riscos são reais e as consequências, pessoais.

3. Sem Propriedade = Sem Confiança

A confiança é a base de qualquer comunidade. Quando as plataformas abusam dos seus dados, essa confiança se quebra. O experimento do Reddit não foi apenas antiético — foi uma traição. Se você não pode confiar nas plataformas que usa, por que continuar usando?

4. Sem Propriedade = Sem Poder

Quando você é dono dos seus dados, você tem poder. Você decide quem pode ver, usar ou compartilhar. Pode protegê-los, vendê-los ou simplesmente guardá-los. Sem propriedade, você está impotente — um passageiro da sua própria vida digital.



O Web2 Te Mantém no Escuro. O Web3 Te Coloca no Controle.

Plataformas Web2 como Reddit, Facebook e Twitter são construídas sobre um princípio simples: seus dados são deles. Eles lucram; você paga o preço. O escândalo do Reddit é só mais um exemplo de um sistema falido.

O Web3 é diferente. É sobre descentralização, transparência e verdadeira propriedade. Seus dados vivem na sua carteira digital, sob seu controle. Ninguém pode acessá-los ou usá-los sem sua permissão. Você não é o produto — é o dono.

A Escolha É Agora

O escândalo de IA do Reddit não é apenas uma história de advertência. É um chamado à ação. Se você não exigir a propriedade dos seus dados, alguém vai tomar. Se você não lutar pela sua privacidade, será explorado. Se você não buscar controle, será controlado.

Seu Feed Virou um Cassino?

Universidade Federal de Santa Catarina

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais-EGC5020

Autor: Matheus Wilian de Souza Schmitz

Fonte: G1, 2025. Disponível em: g1.globo.com (acesso em 12 jun. 2025).

    O barulho das fichas, o girar da roleta, o suspense antes de virar a carta. Por muito tempo, a imagem do cassino foi restrita a locais físicos, longe do alcance da maioria. Hoje, essa realidade está sumindo em uma velocidade assustadora, e o que antes era um ambiente exclusivo agora se infiltra sutilmente no seu dia a dia, mais especificamente, no seu feed de redes sociais. A pergunta é: você percebeu que seu feed virou um cassino?    

    A onipresença das casas de apostas online se tornou um fenômeno inegável. Patrocínios em grandes eventos esportivos, anúncios invasivos em websites e, o mais preocupante, a crescente presença de influenciadores digitais promovendo plataformas de apostas têm transformado as redes sociais em um verdadeiro campo de batalha pela atenção e pelo dinheiro dos usuários.

A Estratégia Invisível: Por Que Os Influenciadores?

    Em um país onde a publicidade tradicional de jogos de azar sempre foi restrita, as casas de apostas encontraram nas redes sociais um terreno fértil. E os influenciadores, com sua capacidade de gerar engajamento e a ilusão de uma "conexão de confiança" com seus seguidores, tornaram-se a peça-chave dessa engrenagem. Eles não vendem apenas um produto; vendem um estilo de vida, uma "oportunidade" de enriquecimento rápido que ressoa especialmente entre os jovens e as populações mais vulneráveis.

    A diferença entre a publicidade convencional e o marketing de influência é sutil, mas poderosa. Enquanto um anúncio na TV é claramente identificado como publicidade, a recomendação de um influenciador muitas vezes se confunde com um conselho de amigo. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) exige que a publicidade seja claramente identificada com termos como "publicidade" ou "parceria paga", mas essa regra nem sempre é seguida ou compreendida pelo público.

    As estratégias são variadas e sofisticadas. Além dos posts e "stories" diretos, que prometem lucros e bônus incríveis, há o uso de gatilhos psicológicos como a urgência, a escassez e a prova social (milhares de pessoas "ganhando"). Muitos influenciadores, inclusive, não mostram seus prejuízos, criando uma falsa realidade de sucesso constante. O estudo do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), de maio de 2025, por exemplo, expôs práticas ilegais como marketing enganoso e o direcionamento de publicidade para crianças, inclusive com canais infantis promovendo plataformas de apostas.

O Preço do "Dinheiro Fácil": Impactos Reais e Devastadores

    A promessa de dinheiro fácil raramente se concretiza. Para muitos, ela se transforma em uma realidade amarga de dívidas, problemas de saúde mental e desestruturação familiar. O vício em jogos de azar, ou ludopatia, é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno mental. No Brasil, ele já atinge cerca de 3 milhões de pessoas, sendo a terceira dependência mais comum.

    O uso da imagem de influenciadores para promover jogos de azar, inclusive aqueles já considerados ilegais no Brasil, como o famoso "Jogo do Tigrinho", é uma preocupação crescente. A CNN Brasil revelou que diversos influenciadores brasileiros continuam a promover esses "cassinos online" clandestinos, sujeitando-se a sanções civis e criminais. Crimes como estelionato, lavagem de dinheiro, crimes contra a economia popular e até associação criminosa podem ser atribuídos a influenciadores que promovem jogos ilegais ou que fazem parte 

Regulamentação e o Debate Incandescente


Fonte: Revista Oeste, 2025. Disponível em: revistaoeste.com. Acesso em: 12 jun. 2025.

    O mercado de apostas online no Brasil, que antes operava em uma espécie de limbo jurídico, passou por uma importante regulamentação com a Lei 14.790/2023, que exige que as operadoras tenham sede no país e paguem impostos. Essa lei busca trazer mais transparência e segurança jurídica para o setor, mas a questão da publicidade, especialmente a feita por influenciadores, continua sendo um ponto de atrito.

    A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas, no Senado Federal, tem jogado luz sobre a atuação dos influenciadores, investigando a remuneração que recebem e a falta de normas claras para a publicidade digital. O debate é intenso: enquanto o CONAR defende a autorregulação, alegando ser mais ágil para lidar com a dinâmica das redes sociais, senadores e especialistas clamam por uma regulação mais rígida, ou até mesmo a proibição total da publicidade de apostas. Eles questionam a capacidade do CONAR de fiscalizar um mercado tão vasto e com um "lobby poderoso".

    A lei já estabelece que as casas de apostas devem implementar mecanismos de jogo responsável, como ferramentas de autoexclusão e limites de gastos, conforme a Portaria SPA/MF nº 1.231/2024 do Ministério da Fazenda. No entanto, a eficácia dessas medidas depende da conscientização do público e da fiscalização rigorosa.

A Importância do Letramento Digital e da Conscientização

    Diante desse cenário, a educação e o letramento digital tornam-se ferramentas essenciais. Não basta proibir; é preciso capacitar os usuários das redes sociais a identificar publicidade disfarçada, a questionar promessas de ganhos fáceis e a entender os riscos por trás de cada "arrasta pra cima".

Iniciativas já começam a surgir:

  • A cidade de São Luís, no Maranhão, aprovou um programa de combate à ludopatia, que prevê campanhas de conscientização e ações de prevenção ao endividamento, além de controle de tempo e valor gastos nas plataformas.
  • O Procon-SP lançou a campanha "#ApostadorÉConsumidor" para informar sobre os direitos e riscos nas apostas online, reforçando a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor.
  • A Defensoria Pública do Rio de Janeiro tem promovido debates sobre o impacto das apostas online no orçamento familiar, visando a educação financeira.
  • O Ministério da Educação (MEC), através de iniciativas como o programa "Pé-de-Meia", busca oferecer orientações sobre como investir e diferenciar investimentos de jogos de azar, com a participação de nomes como Nath Finanças.

    Essas ações são cruciais para que a população, especialmente os mais jovens, possa desenvolver um olhar crítico sobre o conteúdo que consome online. É fundamental que as escolas incluam a educação financeira e o letramento midiático em seus currículos, preparando os adolescentes para discernir entre oportunidades reais e armadilhas digitais.

Seu Feed Pode Virar Um Cassino, Mas Você Não Precisa Ser Mais Uma Aposta

    O avanço das plataformas de apostas e do marketing deinfluência nas redes sociais é inegável. Mas a chave para navegar nesseambiente sem cair em armadilhas está na informação e na conscientização.

    Se você se sente tentado por essas promessas ou conhecealguém que esteja enfrentando problemas com o vício em jogos, procure ajuda. Existem redes de apoio e profissionais de saúde mental que podem oferecer suporte. O seu feed é um espaço de conexão e informação, não um lugar para arriscar sua saúde mental e financeira.

    Lembre-se: não há atalhos para o sucesso financeiro duradouro. O que parece "dinheiro fácil" pode se tornar uma dívida complexa e um problema de difícil solução. Esteja atento, questione e proteja-se nesse vasto e por vezes perigoso universo digital.


Referências

AGÊNCIA BRASIL. Vereadores de São Luís aprovam programa de combate ao vício em jogo. 2025. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2025-06/vicio-em-jogo-maranhao-aprova-programa-de-combate-ludopatia. Acesso em: 12 jun. 2025.

BICHARA E MOTTA. Influenciadores digitais e a publicidade de apostas no Brasil. Disponível em: https://www.bicharaemotta.com.br/influenciadores-digitais-e-a-publicidade-de-apostas-no-brasil/. Acesso em: 12 jun. 2025.

CNN BRASIL. Influenciadores brasileiros promovem cassinos online como o "Jogo do Tigrinho", mesmo com proibição no país. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/influenciadores-brasileiros-promovem-cassinos-online-como-o-jogo-do-tigrinho-mesmo-com-proibicao-no-pais/. Acesso em: 12 jun. 2025.

CONAR. Anexo "X" - Publicidade de Apostas.Disponível em: http://www.conar.org.br/pdf/conar-regras-apostas-folder-web.pdf. Acesso em: 12 jun. 2025.

CONJUR. Crimes que influenciadores podem responder por divulgar jogos de azar. 2024. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2024-jun-27/crimes-que-influenciadores-podem-responder-por-divulgar-jogos-de-azar/. Acesso em: 12 jun. 2025.

DEFENSORIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO. DPRJ debate impacto de apostas esportivas no orçamento familiar. 2024. Disponível em: https://defensoria.rj.def.br/noticia/detalhes/30110-DPRJ-debate-impacto-de-apostas-esportivasno-orcamento-familiar. Acesso em: 12 jun. 2025.

GOV.BR. Estudo do Ibict expõe práticas ilegais e impactos nocivos de plataformas de apostas online. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/ibict/pt-br/central-de-conteudos/noticias/2025/maio/estudo-do-ibict-expoe-praticas-ilegais-e-impactos-nocivos-de-plataformas-de-apostas-online. Acesso em: 12 jun. 2025.

GOV.BR. Pé-de-Meia: alunos recebem orientações sobre como investir. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/2025/fevereiro/pe-de-meia-alunos-recebem-orientacoes-sobre-como-investir. Acesso em: 12 jun. 2025.

IDP ONLINE. Influenciadores e propagandas de bets: riscos e responsabilidades. Disponível em: https://pos.idp.edu.br/idp-learning/blog/direito-processual-civil/influenciadores-e-propagandas-de-bets/. Acesso em: 12 jun. 2025.

LEX LEGAL. CPI das apostas reacende debate sobre influenciadores e a regulamentação da publicidade digital no Brasil. 2024. Disponível em: https://lexlegal.com.br/cpi-das-apostas-reacende-debate-sobre-influenciadores-e-a-regulamentacao-da-publicidade-digital-no-brasil/. Acesso em: 12 jun. 2025.

LUME UFRGS. Influenciadores digitais e a responsabilização penal: uma análise da divulgação de jogos de azar nas redes sociais. 2023. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/284684. Acesso em: 12 jun. 2025.

MIGALHAS. Legalidade das bets e responsabilidade penal dos 'digital influencers'. 2024. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/428919/legalidade-das-bets-e-responsabilidade-penal-dos-digital-influencers. Acesso em: 12 jun. 2025.

MÍDIA.MARKET. Publicidade no mercado de apostas: como está a ascensão?. Disponível em: https://midia.market/conteudos/consumo/publicidade-no-mercado-de-apostas/. Acesso em: 12 jun. 2025.

O DIÁRIO ONLINE. Procon-SP lança campanha sobre direitos e riscos nas apostas online. 2024. Disponível em: https://www.odiarioonline.com.br/procon-sp-lanca-campanha-sobre-direitos-e-riscos-nas-apostas-online/. Acesso em: 12 jun. 2025.

SENADO FEDERAL. Conar defende autorregulação para propaganda de Bets, mas senadores discordam. 2025. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2025/05/08/conar-defende-autorregulacao-para-propaganda-de-bets-mas-senadores-discordam. Acesso em: 12 jun. 2025.

SENADO FEDERAL. Ludopatia: vício em jogos de azar atinge 3 milhões de pessoas. 2025. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/tv/programas/cidadania-1/2025/04/ludopatia-vicio-em-jogos-de-azar-atinge-3-milhoes-de-pessoas. Acesso em: 12 jun. 2025.

UNIFOR. Bets e saúde mental: entenda o impacto do vício em apostas online na qualidade de vida dos brasileiros. Disponível em: https://unifor.br/web/saude/bets-e-saude-mental-entenda-o-impacto-do-vicio-em-apostas-online-na-qualidade-de-vida-dos-brasileiros. Acesso em: 12 jun. 2025.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF). Brasileiros sentem o impacto social e econômico do vício nas bets. 2024. Disponível em: https://www.uff.br/04-09-2024/brasileiros-sentem-o-impacto-social-e-economico-do-vicio-nas-bets/. Acesso em: 12 jun. 2025.