segunda-feira, 2 de junho de 2025

O Impacto da Inteligência Artificial da Educação Superior: Desafios e Oportunidades

O Impacto da Inteligência Artificial da Educação Superior: Desafios e Oportunidades

 

Disciplina: Ambientes Virtuais de Aprendizagem e Redes Sociais e Virtuais

Autor: Augusto Jönck Koerich

Matrícula: 19206130

 

A inteligência artificial (IA) tem transformado diversos setores da sociedade, incluindo a educação superior. Compreender como a IA está afetando o ensino educacional, considerando seus desafios e as novas perspectivas, é essencial para adaptar-se às mudanças e aproveitar as oportunidades.

Assim, o relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) 2013 “Alfabetização midiática e informacional: currículo para formação de professores” afirma que “os professores alfabetizados em conhecimentos e habilidades midiáticas e informacionais terão capacidades aprimoradas de empoderar os alunos em relação a aprender a aprender, a aprender de maneira autônoma e buscar a educação continuada” [1].

Enfatiza-se, ainda, que ao educarem os alunos para se alfabetizarem em mídia e informação, os professores estariam exercendo, em primeiro lugar, o papel de defensores de uma cidadania bem-informada e racional; e, em segundo lugar, estariam respondendo a mudanças em seu papel de educadores, “uma vez que o ensino desloca seu foco central da figura do professor para a figura do aprendiz” [2].

Essa necessária ruptura epistemológica se dá principalmente porque a educação convencional tem enfrentado dificuldades devido às transformações da própria sociedade. Moran afirma que “a escola padronizada, que ensina e avalia a todos de forma igual e exige resultados previsíveis, ignora que a sociedade do conhecimento é baseada em competências cognitivas, pessoais e sociais, que não se adquirem da forma convencional” [3].

A inteligência artificial deve ser vista como uma ferramenta que facilite o trabalho dos professores na construção de um Ensino Superior voltado para a formação de pessoas qualificadas e cidadãos responsáveis em um processo de aprendizagem permanente, explicitando mudanças inovadoras na Educação Superior.

Acerca da definição da Inteligência Artificial, esta se trata de uma “área da ciência da computação que tem o objetivo de desenvolver sistemas que possam realizar tarefas que geralmente requerem inteligência humana, como a capacidade de aprender, raciocinar e resolver problemas” [4].




Os impactos da inteligência artificial não podem ser ignorados e a preparação para uma mudança profunda de atitude pedagógica e de comportamento docente é urgente. É necessário combinar o processo de ensino-aprendizagem com as novas tecnologias, resultando em inovação do sistema educacional. A esperança é de que a interação do ensino habitual com sistemas de inteligência artificial culmine em resultados positivos e superiores aos conseguidos apenas pelo método de ensino tradicional.

Se por um lado os professores devem estar familiarizados com as tecnologias de comunicação e de informação em uso na sociedade e o papel que lhes atribuem no ensino, por outro lado devem estar preparados para lidar com os seus impactos. É imprescindível que os professores desenvolvam competências específicas para maximizar o uso da inteligência artificial no ambiente educacional.

Os professores devem possuir a capacidade de: utilizar ferramentas de inteligência artificial de forma ética e responsável; compreender os princípios éticos relacionados à IA, como a privacidade de dados, a equidade e a transparência algorítmica; desenvolver a competência para interpretar e analisar os dados gerados por sistemas inteligentes; e promover interações eficazes entre os alunos e as tecnologias inteligentes [5].

De maneira similar ao que acontece com o modelo de sala de aula invertida [6], “quando o professor deixa de ser o centro do processo de aprendizagem e coloca o aluno como protagonista utilizando o recurso da Inteligência Artificial, a aprendizagem pode levar menos tempo, o que permite que o tempo seja aproveitado na realização de atividades essencialmente humanas” [7]. Ressalta-se, contudo, que a mera adoção da Inteligência Artificial não garante o desenvolvimento de um protagonismo por parte do estudante, mas, caso ele seja estimulado, é uma possibilidade.

Há quem argumente, por exemplo, a dependência excessiva da Inteligência Artificial na educação pode levar à perda da interação humana e à falta de desenvolvimento de habilidades sociais essenciais nos alunos. Acreditam que a presença de professores humanos desempenha um papel crucial no ensino não apenas pelo compartilhamento de conhecimento, mas também pelo estímulo à comunicação, colaboração e resolução de conflitos entre os alunos. A interação face a face com professores e colegas é vista como fundamental para o desenvolvimento de habilidades interpessoais, empatia e capacidade de trabalho em equipe, aspectos que são considerados essenciais na formação de indivíduos completos e preparados para a vida em sociedade.

Outros críticos também argumentam que as tecnologias artificiais, em breve, substituirão os professores humanos. Essa preocupação gira em torno da ideia de que, à medida

que a IA avança e se torna mais sofisticada, ela poderia assumir um papel cada vez mais proeminente no ensino, tornando os professores humanos obsoletos. Isso levanta questões sobre o impacto na qualidade da educação, uma vez que os professores desempenham um papel fundamental no estímulo ao pensamento crítico, na orientação individualizada e na compreensão das necessidades emocionais dos alunos.

Acreditam que substituição completa dos professores humanos pela IA também levanta preocupações sobre o desemprego na área educacional e a perda de empregos em larga escala. Portanto, enquanto a IA pode ser uma ferramenta valiosa para melhorar a educação, a questão de até que ponto ela deve substituir os professores humanos permanece um tópico de debate relevante.

Assim, para que se obtenha êxito na aplicação da inteligência artificial na educação de ensino, os educadores devem desenvolver novas habilidades que vão além das competências tecnológicas. Devem cultivas habilidades como a criatividade, a capacidade de adaptação e o pensamento crítico. O cultivo dessas habilidades é fundamental para os educadores estarem preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades proporcionadas pela IA no contexto educacional.

Conforme defende José Morán, o importante é que as escolas repensem os seus espaços tão quadrados para espaços mais abertos. Os modelos produzidos por Inteligência Artificial têm potencial para representarem um grande meio de comunicação de conhecimento, porque apresentam uma capacidade dinâmica de modelagem cognitiva, facilitando as decisões educacionais à medida que o estudante utiliza o sistema. Nessa perspectiva, o processo de aprendizagem pode ser concebido como o mapeamento do conhecimento do tema a ser ensinado para a estrutura de conhecimento do estudante.

 

REFERÊNCIAS

 

[1] [2] WILSON, C.; GRIZZLE, A.; TUAZON, R.; AKYEMPONG, K.; CHEUNG, C. Alfabetização midiática e informacional: currículo para formação de professores.  Brasília: UNESCO, 2013. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000220418. Acesso em: 29 mai. 2025.

 

[3] MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. Coleção Mídias Contemporâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens, v.2, p. 15-33, 2015. Disponível em: https://moran.eca.usp.br/wp-content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf. Acesso em: 29 mai. 2025

 

[4] [7] CARDOSO, F. S.; PEREIRA, N. da S.; BRAGGION, R. C.; CHAVES, P.; ANDRIOLI , M. O uso da Inteligência Artificial na Educação e seus benefícios: uma revisão exploratória e bibliográfica. Revista Ciência em Evidência, v. 4, p. e023002, 2023. DOI: 10.47734/rce.v4iFC.2332. Disponível em: https://ojs.ifsp.edu.br/cienciaevidencia/article/view/2332. Acesso em: 28 maio. 2025.

 

[5] DUQUE, R. de C. S.; TURRA, M.; DOS SANTOS, A. A.; SOARES, L. G.; PASCON, D. M.; BERNARDINA, L. D.; PERES, H. H. C.; BARROS, M. W. B.; DO NASCIMENTO, I. J. B. M. F.; GOMES, D. J. R. de A.; SIMÕES, G. S.; DE OLIVEIRA, E. A. R. Formação de professores e a Inteligência Artificial: desafios e perspectivas. Contribuciones a las Ciencias Sociales, v. 16, n. 7, p. 6864–6878, 2023. DOI: 10.55905/revconv.16n.7-158. Disponível em: https://ojs.revistacontribuciones.com/ojs/index.php/clcs/article/view/1306. Acesso em: 29 maio. 2025.

 

[6] FREIRE. P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Disponível em: https://nepegeo.paginas.ufsc.br/files/2018/11/Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf. Acesso em: 29 mai. 2025.

 

 

  

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