O Impacto da Inteligência
Artificial da Educação Superior: Desafios e Oportunidades
Disciplina: Ambientes Virtuais de Aprendizagem
e Redes Sociais e Virtuais
Autor:
Augusto Jönck
Koerich
Matrícula:
19206130
A inteligência artificial (IA) tem transformado
diversos setores da sociedade, incluindo a educação superior. Compreender como
a IA está afetando o ensino educacional, considerando seus desafios e as novas
perspectivas, é essencial para adaptar-se às mudanças e aproveitar as oportunidades.
Assim, o relatório da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) 2013 “Alfabetização midiática e
informacional: currículo para formação de professores” afirma que “os
professores alfabetizados em conhecimentos e habilidades midiáticas e
informacionais terão capacidades aprimoradas de empoderar os alunos em relação a
aprender a aprender, a aprender de maneira autônoma e buscar a educação
continuada” [1].
Enfatiza-se, ainda, que ao educarem os alunos para se
alfabetizarem em mídia e informação, os professores estariam exercendo, em
primeiro lugar, o papel de defensores de uma cidadania bem-informada e
racional; e, em segundo lugar, estariam respondendo a mudanças em seu papel de
educadores, “uma vez que o ensino desloca seu foco central da figura do
professor para a figura do aprendiz” [2].
Essa necessária ruptura epistemológica se dá
principalmente porque a educação convencional tem enfrentado dificuldades
devido às transformações da própria sociedade. Moran afirma que “a escola
padronizada, que ensina e avalia a todos de forma igual e exige resultados
previsíveis, ignora que a sociedade do conhecimento é baseada em competências
cognitivas, pessoais e sociais, que não se adquirem da forma convencional” [3].
A inteligência artificial deve ser vista como uma
ferramenta que facilite o trabalho dos professores na construção de um Ensino
Superior voltado para a formação de pessoas qualificadas e cidadãos
responsáveis em um processo de aprendizagem permanente, explicitando mudanças
inovadoras na Educação Superior.
Acerca da definição da Inteligência Artificial, esta
se trata de uma “área da ciência da computação que tem o objetivo de
desenvolver sistemas que possam realizar tarefas que geralmente requerem
inteligência humana, como a capacidade de aprender, raciocinar e resolver
problemas” [4].
Os impactos da inteligência artificial não podem ser
ignorados e a preparação para uma mudança profunda de atitude pedagógica e de
comportamento docente é urgente. É necessário combinar o processo de
ensino-aprendizagem com as novas tecnologias, resultando em inovação do sistema
educacional. A esperança é de que a interação do ensino habitual com sistemas
de inteligência artificial culmine em resultados positivos e superiores aos conseguidos
apenas pelo método de ensino tradicional.
Se por um lado os professores devem estar
familiarizados com as tecnologias de comunicação e de informação em uso na
sociedade e o papel que lhes atribuem no ensino, por outro lado devem estar
preparados para lidar com os seus impactos. É imprescindível que os professores
desenvolvam competências específicas para maximizar o uso da inteligência
artificial no ambiente educacional.
Os professores devem possuir a capacidade de: utilizar
ferramentas de inteligência artificial de forma ética e responsável;
compreender os princípios éticos relacionados à IA, como a privacidade de
dados, a equidade e a transparência algorítmica; desenvolver a competência para
interpretar e analisar os dados gerados por sistemas inteligentes; e promover interações
eficazes entre os alunos e as tecnologias inteligentes [5].
De maneira similar ao que acontece com o modelo de
sala de aula invertida [6], “quando o professor deixa de ser o
centro do processo de aprendizagem e coloca o aluno como protagonista utilizando
o recurso da Inteligência Artificial, a aprendizagem pode levar menos tempo, o
que permite que o tempo seja aproveitado na realização de atividades
essencialmente humanas” [7]. Ressalta-se, contudo, que a mera
adoção da Inteligência Artificial não garante o desenvolvimento de um
protagonismo por parte do estudante, mas, caso ele seja estimulado, é uma
possibilidade.
Há quem argumente, por exemplo, a dependência excessiva
da Inteligência Artificial na educação pode levar à perda da interação humana e
à falta de desenvolvimento de habilidades sociais essenciais nos alunos.
Acreditam que a presença de professores humanos desempenha um papel crucial no
ensino não apenas pelo compartilhamento de conhecimento, mas também pelo
estímulo à comunicação, colaboração e resolução de conflitos entre os alunos. A
interação face a face com professores e colegas é vista como fundamental para o
desenvolvimento de habilidades interpessoais, empatia e capacidade de trabalho
em equipe, aspectos que são considerados essenciais na formação de indivíduos completos
e preparados para a vida em sociedade.
Outros críticos também argumentam que as tecnologias
artificiais, em breve, substituirão os professores humanos. Essa preocupação
gira em torno da ideia de que, à medida
que
a IA avança e se torna mais sofisticada, ela poderia assumir um papel cada vez
mais proeminente no ensino, tornando os professores humanos obsoletos. Isso
levanta questões sobre o impacto na qualidade da educação, uma vez que os
professores desempenham um papel fundamental no estímulo ao pensamento crítico,
na orientação individualizada e na compreensão das necessidades emocionais dos
alunos.
Acreditam que substituição completa dos professores
humanos pela IA também levanta preocupações sobre o desemprego na área educacional
e a perda de empregos em larga escala. Portanto, enquanto a IA pode ser uma ferramenta
valiosa para melhorar a educação, a questão de até que ponto ela deve
substituir os professores humanos permanece um tópico de debate relevante.
Assim, para que se obtenha êxito na aplicação da
inteligência artificial na educação de ensino, os educadores devem desenvolver
novas habilidades que vão além das competências tecnológicas. Devem cultivas
habilidades como a criatividade, a capacidade de adaptação e o pensamento
crítico. O cultivo dessas habilidades é fundamental para os educadores estarem preparados
para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades proporcionadas pela IA
no contexto educacional.
Conforme defende José Morán, o importante é que as escolas
repensem os seus espaços tão quadrados para espaços mais abertos. Os modelos
produzidos por Inteligência Artificial têm potencial para representarem um
grande meio de comunicação de conhecimento, porque apresentam uma capacidade dinâmica
de modelagem cognitiva, facilitando as decisões educacionais à medida que o estudante
utiliza o sistema. Nessa perspectiva, o processo de aprendizagem pode ser
concebido como o mapeamento do conhecimento do tema a ser ensinado para a
estrutura de conhecimento do estudante.
REFERÊNCIAS
[1]
[2] WILSON, C.; GRIZZLE, A.; TUAZON, R.; AKYEMPONG, K.; CHEUNG, C. Alfabetização
midiática e informacional: currículo para formação de professores. Brasília: UNESCO, 2013. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000220418.
Acesso em: 29 mai. 2025.
[3]
MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. Coleção Mídias Contemporâneas.
Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens,
v.2, p. 15-33, 2015. Disponível em: https://moran.eca.usp.br/wp-content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf.
Acesso em: 29 mai. 2025
[4]
[7] CARDOSO, F. S.; PEREIRA, N. da S.; BRAGGION, R. C.; CHAVES, P.; ANDRIOLI ,
M. O uso da Inteligência Artificial na Educação e seus benefícios: uma revisão
exploratória e bibliográfica. Revista Ciência em Evidência, v. 4, p.
e023002, 2023. DOI: 10.47734/rce.v4iFC.2332. Disponível em:
https://ojs.ifsp.edu.br/cienciaevidencia/article/view/2332. Acesso em: 28 maio.
2025.
[5]
DUQUE, R. de C. S.; TURRA, M.; DOS SANTOS, A. A.; SOARES, L. G.; PASCON, D. M.;
BERNARDINA, L. D.; PERES, H. H. C.; BARROS, M. W. B.; DO NASCIMENTO, I. J. B.
M. F.; GOMES, D. J. R. de A.; SIMÕES, G. S.; DE OLIVEIRA, E. A. R. Formação de
professores e a Inteligência Artificial: desafios e perspectivas. Contribuciones
a las Ciencias Sociales, v. 16, n. 7, p. 6864–6878, 2023. DOI:
10.55905/revconv.16n.7-158. Disponível em:
https://ojs.revistacontribuciones.com/ojs/index.php/clcs/article/view/1306.
Acesso em: 29 maio. 2025.
[6]
FREIRE. P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996. Disponível em: https://nepegeo.paginas.ufsc.br/files/2018/11/Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf.
Acesso em: 29 mai. 2025.
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