quarta-feira, 10 de julho de 2024

Neoliberalismo e o Ciclo de Consumo: Como as Empresas Criam Necessidades Falsas

Neoliberalismo e o Ciclo de Consumo: Como as Empresas Criam Necessidades Falsas


Matéria: EGC5019 - 09304/10301 - Redes Sociais e Virtuais
Nome: Eduardo Felipe Silveira do Nascimento (18101174)

O neoliberalismo foi formulado por Friedrich Hayek em 1947 e baseia-se no princípio de que o mercado deve servir como a principal estrutura para a organização da sociedade, livre de intervenções estatais. Isso significa que o consumidor se torna um agente central na dinâmica econômica. Outro aspecto desse pensamento é a defesa do Estado mínimo, em oposição ao Keynesianismo e sua teoria de bem-estar social. Essa política aumenta os fluxos de capitais, mercadorias e informações, ao mesmo tempo que reduz a capacidade de intervenção e controle do Estado.

O neoliberalismo começou a ser amplamente adotado por diversos países a partir da década de 1980 e continua a influenciar os sistemas econômicos atuais. Com o consumo se tornando a principal força motriz da sociedade, o marketing passou por intensos estudos e atualizações, desenvolvendo formas extremamente persuasivas de fomentar o consumo de produtos. A evolução da tecnologia e a introdução das redes sociais fizeram com que as propagandas se tornassem onipresentes no nosso cotidiano. Além disso, com o auxílio da inteligência artificial, é possível criar campanhas de marketing personalizadas para diferentes grupos de pessoas.

Dentro desse contexto, a busca incessante por lucro e crescimento econômico cada vez maior a cada ano tem levado à priorização da criação de necessidades de consumo nas campanhas de marketing. Esta introdução aborda como essas estratégias estão intrinsecamente ligadas ao neoliberalismo e seu impacto na sociedade contemporânea.

Dentre as principais estratégias usadas pelas agências de publicidade para criarem essa necessidade de consumo são:

  1. Marketing de Escassez: As agências criam um senso de urgência nos consumidores ao lançar edições limitadas ou produtos com disponibilidade temporária. Isso incentiva a compra rápida antes que os produtos acabem.
  2. Inovação Incremental: Pequenas melhorias ou alterações nos produtos são promovidas como grandes avanços, induzindo os consumidores a acreditarem que precisam da última versão. Isso é especialmente comum em tecnologia e eletrônicos.
  3. Obsolescência Programada: Produtos são deliberadamente projetados para terem uma vida útil limitada, levando os consumidores a substituí-los frequentemente.
  4. Publicidade Persuasiva: A publicidade contínua e onipresente reforça a ideia de que a aquisição de novos produtos é sinônimo de sucesso, felicidade e status social.
  5. Criação de Modas e Tendências: A criação artificial de modas e tendências torna os produtos antigos socialmente obsoletos, mesmo que ainda estejam em bom estado de funcionamento.
  6. Personalização e Segmentação de Mercado: Com o uso de big data e inteligência artificial, as campanhas de marketing são personalizadas para diferentes grupos de consumidores, aumentando a relevância e a eficácia das mensagens publicitárias.
  7. Experiência do Usuário e Engajamento: Foco em melhorar a experiência do usuário e aumentar o engajamento através de interfaces intuitivas e interativas, fazendo com que os consumidores se sintam mais conectados e propensos a consumir.


Os resultados desse consumo desenfreado nós podemos ver na degradação do meio ambiente, no aumento do acúmulo de lixo sólido, no adoecimento da sociedade e na saturação do mercado. Abaixo podemos ver detalhadamente os malefícios e consequências da sociedade de consumo.

  1. Impacto Ambiental: O consumo rápido e contínuo de produtos, especialmente eletrônicos, leva a uma produção massiva de resíduos eletrônicos. Esses resíduos são difíceis de reciclar e muitas vezes acabam em aterros sanitários ou são enviados para países em desenvolvimento, onde o descarte inadequado causa sérios problemas ambientais e de saúde pública.
    Cada novo lançamento de smartphones, tablets, laptops e outros gadgets leva ao descarte dos modelos anteriores, mesmo que ainda estejam funcionais. Segundo a Global E-waste Monitor 2020, o mundo gerou 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2019, e apenas 17,4% desse total foi reciclado adequadamente. Esse volume está projetado para crescer para 74,7 milhões de toneladas até 2030.
  2. Pressão Financeira: A constante pressão para adquirir os últimos lançamentos de produtos coloca uma carga financeira significativa sobre os consumidores. Muitos recorrem ao crédito e ao financiamento para manter-se atualizados com as tendências, o que pode levar ao endividamento e à instabilidade financeira.
  3. Saturação do Mercado: O mercado fica inundado com produtos que oferecem poucas diferenças reais entre si, o que pode levar a uma diminuição do interesse e da satisfação dos consumidores. Essa saturação pode resultar em uma economia menos dinâmica e inovadora, onde os produtos são frequentemente reciclados com pequenas modificações.
    Marcas de smartphones lançam novos modelos anualmente, mas muitas vezes as mudanças são mínimas, como pequenas melhorias na câmera ou um ligeiro aumento na capacidade de armazenamento. Isso pode resultar em uma percepção de que não vale a pena investir em novos modelos, diminuindo o entusiasmo do consumidor e levando a um possível declínio nas vendas.
  4. Desgaste Psicológico: A constante necessidade de estar atualizado com os últimos produtos pode levar a um desgaste psicológico significativo. A ansiedade de não possuir o modelo mais recente ou de não estar em conformidade com as tendências pode afetar negativamente a saúde mental dos consumidores.
    FOMO (Fear of Missing Out) O medo de perder algo importante ou de ficar para trás pode impulsionar comportamentos de compra compulsiva. Essa ansiedade pode ser exacerbada por práticas de marketing que enfatizam a escassez e a exclusividade, como lançamentos limitados e ofertas por tempo limitado.




Em conclusão, o neoliberalismo, com sua ênfase no crescimento econômico e no lucro a qualquer custo, tem promovido um ciclo de consumo insustentável. As estratégias de marketing que criam necessidades falsas contribuem para a obsolescência programada, a saturação do mercado e uma série de impactos negativos tanto para os consumidores quanto para o meio ambiente. A mudança para um modelo de consumo mais consciente e sustentável é essencial para enfrentar esses desafios e criar um futuro mais equilibrado.

REFERÊNCIAS:

Luiz Carlos Parejo. Neoliberalismo - Entenda a Doutrina Econômica Capitalista. Disponívem em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/neoliberalismo-entenda-a-doutrina-economica-capitalista.htm>. Acesso em: 10/07/2024
Edison Souza. Como o Consumo Desenfreado Afeta a Sustentabilidade Ambiental e o que Podemos Fazer a Respeito. Disponível em: <https://cestosdelixoelixeiras.com.br/blog-lixeiras/a-relacao-entre-consumismo-exagerado-e-meio-ambiente>. Acesso em: 10/07/2024
da Silva, Edevaldo; Maia de Oliveira, Habyhabanne; da Silva, Patrícia Maria. Consumismo, obsolescência programada e a qualidade de vida da sociedade moderna. Educação ambiental em ação, Revistaea, volume XXII, número 87, 09/2018.

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