sábado, 13 de julho de 2024

A Plataformização do Jornalismo e as Redes Sociais: Análise das Estratégias de Conteúdo

sábado, 13 de julho de 2024

A Plataformização do Jornalismo e as Redes Sociais: Análise das Estratégias de Conteúdo 

Autor: João Tomaz Neto.
Matricula: 22250139.
Disciplina: Redes sociais e virtuais.

1. INTRODUÇÃO 

A transformação digital impôs ao jornalismo uma reconfiguração de suas práticas e formatos, especialmente pela atuação nas redes sociais. A plataformização do jornalismo consiste na adaptação dos veículos jornalísticos às plataformas digitais, o que inclui redes sociais como TikTok e Twitter. Essas plataformas possuem características distintas e desafiam os veículos a adaptarem suas linguagens e formatos para atender às demandas de um público cada vez mais conectado e em busca de conteúdos dinâmicos e interativos. Este artigo busca entender como veículos jornalísticos como O Liberal e o portal Roma News estão utilizando o TikTok, bem como como o jornal Folha de S. Paulo está se adaptando ao Twitter.


2. DESENVOLVIMENTO

2.1. A Adaptação ao TikTok

O TikTok, quinta rede social mais utilizada no Brasil, é conhecida principalmente pelos vídeos curtos de entretenimento e pelo público jovem. A presença de veículos jornalísticos nessa plataforma indica uma tentativa de alcançar uma nova audiência e manter-se relevante em um cenário midiático em constante evolução. 

A linguagem do TikTok, mais leve e dinâmica, contrasta com o estilo tradicionalmente sério dos jornais. Essa discrepância representa um desafio adicional para os veículos jornalísticos, que precisam adaptar suas narrativas para engajar um público que consome conteúdo de maneira rápida e fragmentada. A produção de vídeos curtos, muitas vezes acompanhados de música e efeitos visuais, requer uma compreensão profunda das tendências da plataforma e das expectativas dos usuários.

De acordo com Ferreira et al. (2022), tanto O Liberal quanto o portal Roma News reciclam conteúdos de outras redes sociais e produzem pouco conteúdo original direcionado especificamente para o TikTok. Essa abordagem pode ser vista como uma estratégia inicial de inserção na plataforma, aproveitando conteúdos já produzidos para manter uma presença digital sem desviar muitos recursos das produções principais.

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2.2. As Narrativas no Twitter (X)

O Twitter, atualmente X, por sua vez, oferece uma estrutura única para a criação e circulação de narrativas jornalísticas através de threads, ou sequências de tweets. Mendes (2022) destaca que essa funcionalidade tem sido explorada por veículos de mídia de referência como uma maneira de organizar e aprofundar a cobertura de eventos e temas específicos. A pesquisa realizada sobre o uso de threads pelo jornal Folha de S. Paulo revelou uma diversidade de estratégias narrativas, categorizadas em seis usos principais: reorganização cronológica de fatos, aprofundamento de temas, comentários ao vivo de eventos, explicações detalhadas, séries temáticas e engajamento com o público.

A análise de 85 threads da Folha de S. Paulo demonstrou que as threads são utilizadas de maneira eficaz para atrair leitores e proporcionar uma cobertura mais detalhada e interativa do que seria possível em outros formatos, como o jornal impresso ou o site do veículo. Mateus Camillo, Editor de Interação e Redes Sociais da Folha de S. Paulo, destacou em entrevista que as threads permitem uma flexibilidade narrativa que é altamente valorizada pelo público do Twitter, facilitando a disseminação de informações de forma clara e estruturada.


PDF) Siga o fio: Threads no Twitter como ferramenta jornalística da Folha


2.3. Desafios Éticos na Era Digital

A influência das redes sociais no jornalismo contemporâneo traz à tona uma série de desafios éticos. A velocidade da transmissão de informações nas redes sociais muitas vezes compromete a verificação e validação dos conteúdos, o que pode impactar negativamente a credibilidade das narrativas jornalísticas. Mendes (2022) discute como a exigência de verificação e validação do material, procedimentos tradicionais do jornalismo, continua sendo crucial na era digital para garantir a precisão das informações.

Outro desafio ético significativo é a proteção da privacidade dos indivíduos. A difusão de material nas redes sociais pode potencialmente prejudicar a esfera privada dos cidadãos, especialmente em casos que envolvem vulnerabilidade, dor ou a presença de menores de idade. A maioria dos códigos jornalísticos enfatiza a importância de ponderar essas questões sensíveis, garantindo que a busca pela notícia não resulte em danos adicionais às pessoas envolvidas.

Ética na era digital


3. Conclusão

A adaptação dos veículos jornalísticos às plataformas digitais como TikTok e Twitter revela um cenário de transição e experimentação contínua. Enquanto O Liberal e Roma News enfrentam desafios na criação de conteúdos originais para o TikTok, a Folha de S. Paulo demonstra um uso eficaz das threads no Twitter, contribuindo para novas formas de narrativas jornalísticas. No entanto, a rapidez e o imediatismo das redes sociais impõem desafios éticos que exigem atenção constante dos profissionais da área. A necessidade de verificação rigorosa e a proteção da privacidade dos indivíduos são aspectos fundamentais que devem ser mantidos no cerne da prática jornalística, mesmo em um ambiente digital em constante evolução.

Referências

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Edição revista e atualizada. Lisboa: Edições 70, 2016.

FERREIRA, M., SILVA, J., & SANTOS, R. A plataformização do jornalismo: o caso de O Liberal e Roma News no TikTok. Revista de Comunicação Digital, 2022.

MENDES, A. A influência dos média sociais no campo do jornalismo: uma perspectiva ética. Jornalismo e Sociedade, 2022.

MOTTA, L. G. Análise Crítica da Narrativa. São Paulo: Editora Comunicação, 2013.

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