Autor: LUANA JASPER
Disciplina: Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
O ato de consumir é algo comum em nosso cotidiano, fazer compras no mercado, almoçar no restaurante, utilizar internet e energia elétrica, adquirir roupas... Todas essas ações são ações de consumo, e as realizamos todos os dias. Consumir é algo necessário, desde que as famílias deixaram de ser autossuficientes a troca entre bens e mercadorias se mostrou necessária para a sobrevivência. Dessa forma, podemos definir o consumo como o “ato de obter bens ou serviços por meio da compra, sendo necessária uma troca para isso acontecer, essa “troca” acontece através do dinheiro” (LOPES Veridiana, 2022).
O consumo é, portanto, algo natural e vital para a sociedade atual, adquirir alimentos, roupas e bens é indispensável para a sobrevivência. O que chama atenção é que nos últimos anos a quantidade de consumo realizado pelas famílias vem aumentando consideravelmente. Segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS-, só no ano de 2022 o consumo nos lares brasileiros aumentou 3,89% em relação ao ano anterior, mas vem crescendo muito na última década.
Fonte: universo Ateneu
A partir desse aumento no
consumo, o termo “consumismo” vem sendo muito debatido no cenário acadêmico e
nas mídias sociais. O consumismo, segundo definições
do Banco Pan “representa o hábito de comprar por impulso, sem planejamento e de forma
excessiva” (PAN, Milena, 2022). Ou seja, diferente de consumir, que como
discutido anteriormente, é algo vital para o ser humano, o consumismo leva às
pessoas a adquirir bens não por necessidade, mas por desejo.
Em seu livro intitulado de “Vida para consumo- A
transformação das pessoas em mercadoria”, o sociólogo Zygmunt Baumann discute
sobre o assunto, para o autor, o consumo se transformou no propósito da
existência das pessoas, fornecendo ao consumismo papel chave na vida da
sociedade. Consumir deixou de ser um ato de necessidade e passou a envolver
questões como desejo, pertencimento e insaciabilidade.
Diante do consumismo, surge um novo problema: O endividamento das famílias. O ato
de consumir sem pensar e de forma constante, aliado a falta de educação e
planejamento financeiro presente no Brasil, visto que segundo dados da pesquisa
de 2021 realizada pela S&P Ratings, em um ranking que mede níveis de
educação financeira, o Brasil está na 74º posição de um total de 144 países
(YASBEK, Priscila, 2015), faz com que o número de endividados e inadimplentes
cresça no país.
Segundo dados da Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo -CNC-, em
setembro de 2023 cerca de 77,4% das famílias brasileiras possuíam dívidas a
vencer. Contudo, o endividamento em si não é um problema, ele significa que a
aquisição de bens foi feita de forma parcelada, por exemplo, mas os dados de
inadimplência também estão altos. A inadimplência se dá quando o indivíduo não possui
recursos financeiros suficientes para quitar as dívidas que possui, em setembro
de 2023, 18,3% dos consumidores se encontravam nessa situação. Segundo dados do
MAPA
DE INADIMPLENCIA ,o número de inadimplência cresceu em 2022 e
2023, conforme pode ser visto no gráfico abaixo.
Gráfico 1: Evolução no número de inadimplentes no Brasil
Fonte: Serasa
Mas
o que isso tudo tem a ver com a tecnologia?
“A
democratização do acesso à internet e a utilização das redes sociais tendem a
agravar a vulnerabilidade dos consumidores e potencializar as chances de
endividamento” (Revista direito do consumidor)
Segundo a frase
acima, publicada na revista do consumidor, o fato de ter acesso às redes
sociais influencia no aumento do consumo, logo agrava problemas como o
endividamento da população. Mas como,
de fato, a tecnologia e as mídias sociais contribuem para isso?
No
contexto atual é comum vermos notícias como a seguinte: “Em apenas 20 minutos, Larissa Manoela e Maisa vendem R$40
milhões em hidratante labial”
Uma venda dessa magnitude, nessa margem de tempo seria impossível sem as redes
sociais. De forma geral, as redes podem contribuir para o aumento do consumo e
do endividamento das famílias, principalmente, de duas formas: Através do e-commerce
e através do marketing digital.
Quem nunca comprou um bem na internet? Pesquisou sobre um determinado produto no google antes de comprar? Marcou uma consulta médica pelo site? Ou então quem nunca pediu um I-food ou um Uber?
Todos
esses atos fazem parte do e-commerce!
O e-commerce nada mais é do que a prática de usar a internet para vender/ comprar produtos e serviços, dessa forma, todas as transações, incluindo, anúncio, compra, pagamento e encaminhamento do pedido, ocorrem através da internet. Segundo dados da pesquisa E-commerce Trends 2024, 85% dos consumidores realizou pelo menos uma compra online no último mês, enquanto 65% dos usuários pesquisa nas redes sociais sobre o produto antes de adquiri-lo. Dessa forma fica nítido o quanto as redes sociais tem contribuído para a comercialização de bens e serviços. O ato de vender online é uma técnica antiga, mas se expandiu diante da pandemia, durante o Fórum E-commerce Brasil 2023 a maioria dos consumidores afirmou ter começado a comprar online nos últimos 2 a 5 anos.
Por que as pessoas compram e vendem online?
Comprar
online é prático, através do e-commerce é possível comprar produtos de qualquer
lugar, o consumidor pode estar em sua casa e ainda assim adquirir um produto da
China, por exemplo. Dessa forma o
consumidor pode economizar tempo e tem acesso a uma gama muito maior de
produtos, além disso pode obter informações do produto através de comentários
de outros consumidores.
Já
para quem vende existem outras vantagens, dentre elas a redução de custos, pois
não há a necessidade de montar e equipar uma loja física, além disso, através
das redes sociais e dos sites online é possível alcançar um número muito maior
de pessoas visto que não há restrições por localização geográfica, por exemplo.
Outro fator é que a empresa ganha mais escala na medida em que todas as
operações são feitas através de sistemas de internet.
2-Marketing Digital
Segundo informações do Sebrae o Marketing digital “se constitui de atividades realizadas na modalidade on-line com o objetivo de atrair novos negócios, além de criar relacionamentos e desenvolver uma identidade de marca”. Sendo assim, Marketing digital se caracteriza como o ato de fazer propaganda dos produtos através das mídias digitais.
Segundo relatório do G1, ao observar o ano de 2021, os
brasileiros passaram cerca de 5,4 horas por dia olhando para seus celulares.
Além disso, cerca de 85% da população do nosso país está online em 2023, dessa
forma, é nítido que, ao utilizar das redes sociais o vendedor aumenta
expressivamente suas chances de venda, pois aumenta a visibilidade e o alcance
de sua marca.
Além disso existe a possibilidade das publicidades pagas onde o comerciante paga para determinada rede social promover seus produtos. Vamos usar o exemplo do Facebook, que em 2023 foi a rede social mais utilizada no mundo. Segundo o artigo de Álice Vivianny Vieira Pereira Lima, o aplicativo é capaz de captar gostos e interesses de seus usuários, o que lhe permite maior assertividade ao “oferecer” determinado produto. Ao capturar os gostos de cada um o aplicativo direciona para cada usuário aquilo que lhe chama atenção, ou seja, ele leva o produto somente para pessoas que, potencialmente, vão adquiri-lo. Quem nunca conversou com um amigo sobre um produto e ao abrir as redes sociais visualizou ofertas desse produto? Ou seja, existe não só publicidade na internet, mas uma publicidade personalizada para cada usuário, que é capaz de duplicar ou quadruplicar as chances de compra.
Consequências
do marketing digital e o e-commerce
Como
visto ao longo do artigo o consumo se transformou em consumismo e passou a
coordenar a vida das pessoas, nesse cenário, a internet e as redes sociais, tem
grande importância para comerciantes e vendedores uma vez que as mesmas fazem
parte do cotidiano da população.
Antes
do surgimento da internet comprar um lanche, por exemplo, exigia que as pessoas
se deslocassem até a lanchonete ou restaurante em questão, hoje, com o IFood
essa tarefa ficou mais simples, o consumidor tem uma gama enorme de
possibilidades em seu celular e, pode pedir um lanche no conforto de sua casa.
Dada a comodidade que pedir algo em casa traz, há um estímulo muito maior a
comer lanches, nesse caso. Mas esse cenário pode ser expandido aos mais
diversos itens: roupas, eletrodomésticos, maquiagens, itens de farmácia e
supermercado, tudo isso pode ser recebido em domicilio com apenas alguns
cliques.
Diante
do Marketing individualizado presente nas redes sociais as compras e vendas se
potencializam ainda mais, mas muitos já estão começando a expor sua visão
crítica a respeito desse “encantamento” gerado pelas redes. No documentário “O
dilema das redes” é possível compreender o tamanho da influência sofrida pelas
pessoas diariamente, onde as ações, desejos e pensamentos de cada indivíduo são
constituídos por tudo aquilo que o mesmo observa em seu celular, dado o
monitoramento constante feito pelas redes. Uma análise crítica do documentário
mostra o quão expostos os indivíduos estão:
“O usuário permanece guiado e disciplinado pela combinação infalível do algoritmo com o design de interface e com o conteúdo estrategicamente elaborado, fazendo escolhas pautadas menos na consciência e mais na dependência emocional do ambiente virtual” (CENTRO DE CRÍTICA DA MÍDIA, 2020)
Dessa
maneira é nítido o quanto a tecnologia, mais precisamente as facilidades que
ela traz e a influência que exerce sobre a vida dos indivíduos, contribui para
o aumento do consumo e do endividamento das famílias. Dado a exposição
constante às redes o indivíduo é levado a adquirir bens dos quais ele não
necessita, a facilidade de comprar itens sem se deslocar leva à compra. Esse
estímulo para comprar é somado a falta de educação financeira presente causando
assim o endividamento. Diante disso, consumismo e dívidas tornam-se algo comum
no dia a dia.
Referências
ABRAS. Consumo
nos Lares Brasileiros. 2023. Disponível em: https://www.abras.com.br/economia-e-pesquisa/consumo-nos-lares/historico.
Acesso em: 12 out. 2023.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para
consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Companhia das Letras, 2008.
CENTRO DE CRÍTICA DA MÍDIA. Análise crítica do documentário “O
dilema das redes”. 2020. Disponível em:
https://blogfca.pucminas.br/ccm/analise-critica-do-documentario-o-dilema-das-redes/.
Acesso em: 11 out. 2023.
CNC. Endividamento
e inadimplência no Brasil. 2022. Disponível em:
https://static.poder360.com.br/2023/01/cnc-endividamento.pdf. Acesso em: 12
out. 2023.
G1. Brasileiros
são os que passam mais tempo por dia no celular, diz levantamento.
2022. Disponível em:
https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2022/01/12/brasileiros-sao-os-que-passam-mais-tempo-por-dia-no-celular-diz-levantamento.ghtml.
Acesso em: 12 out. 2023.
GONÇAVES, Giuliano. 62% dos consumidores fazem até cinco compras online por
mês, aponta pesquisa. 2023. Elaborado por E-commerce Brasil.
Disponível em:
https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/62-dos-consumidores-fazem-ate-cinco-compras-online-por-mes-aponta-pesquisa.
Acesso em: 12 out. 2023.
LIMA, Álice Vivianny Vieira Pereira JUSBRASIL.
A Evolução do Consumismo e
o Impacto das Redes Sociais em Relação ao Consumo e Superendividamento dos
Jovens. 2018. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-evolucao-do-consumismo-e-o-impacto-das-redes-sociais-em-relacao-ao-consumo-e-superendividamento-dos-jovens/569446624.
Acesso em: 11 out. 2023.
LOPES, Veridiana. Entenda a diferença entre consumo e consumismo. 2022. Elaborado
por Serasa. Disponível em:
https://www.serasa.com.br/limpa-nome-online/blog/diferenca-entre-consumismo-e-consumo/.
Acesso em: 11 out. 2023.
OLIVEIRA Bruno de. E-commerce na prática. O que é Ecommerce? Entenda tudo sobre o
assunto. 2021. Elaborado por E-commerce na prática. Disponível
em: https://ecommercenapratica.com/blog/o-que-e-ecommerce/. Acesso em: 12 out.
2023.
PAN, Milena. O
que é consumismo? Entenda seus efeitos e consequências Comportamento pode levar
a descontrole das finanças e outros problemas. Entenda como evitar.
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https://www.bancopan.com.br/blog/publicacoes/entenda-o-que-e-consumismo-e-como-ele-pode-te-prejudicar.htm#:~:text=Voc%C3%AA%20sabe%20o%20que%20%C3%A9,%2C%20at%C3%A9%20mesmo%2C%20o%20trabalho.
Acesso em: 11 out. 2023.
REVISTA DIRETO DO CONSUMIDOR. Disponível em: https://revistadedireitodoconsumidor.emnuvens.com.br/rdc/article/view/1393. Acesso em: 12 out. 2023.
TECH TUDO. Qual
a rede social mais usada em 2023? A resposta vai te surpreender.
2023. Elaborado por Gisele de Souza. Disponível em:
https://www.techtudo.com.br/listas/2023/07/qual-a-rede-social-mais-usada-em-2023-a-resposta-vai-te-surpreender-edapps.ghtml.
Acesso em: 12 out. 2023.
WEB COMPANY (São Paulo). USO DAS REDES SOCIAIS NO BRASIL: O PODER DAS REDES NO
COTIDIANO DOS BRASILEIROS. 2019. Disponível em:
https://webcompany.com.br/o-poder-das-redes-sociais-no-cotidiano-dos-brasileiros/.
Acesso em: 11 out. 2023.
YASBEK Priscila. Brasil é o 74º em ranking global de
educação financeira. 2015. Elaborado por Revista Exame.
Disponível em:
https://exame.com/invest/minhas-financas/brasil-e-o-74o-em-ranking-global-de-educacao-financeira/.
Acesso em: 11 out. 2023.
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