quarta-feira, 18 de agosto de 2021

REDES SOCIAIS E OS CUIDADOS COM DADOS PESSOAIS NA INTERNET

              Os desenvolvimentos na área de tecnologia da informação e comunicação (TIC) transformaram a relação entre os indivíduos em diversos cenários. Tais transformações têm conduzido nosso acesso às informações e recursos que utilizamos cotidianamente em nossa vida social. Redes sociais, aplicativos e ambientes virtuais de comunicação em geral criaram novas formas de acessar e difundir informações. Essas informações, obtidas através dos meios eletrônicos, são armazenadas e registradas em bancos de dados virtuais. Tal característica facilita que esses dados/informações sejam extraídos e analisados a qualquer momento. Assim, as TICs podem possibilitar o acesso a uma grande quantidade de dados sobre os usuários e seus comportamentos sociais (OLIVEIRA, 2008; VALADARES, 2010).

O presente artigo tem por objetivo explicar brevemente como são desenvolvidos os bancos de dados em redes sociais e quais os perigos que estes representam aos usuários. Começaremos comentando sobre a popularização das redes sociais virtuais e em seguida como os usuários geram dados ao sistema. Por fim, discutiremos alguns casos de compartilhamento de dados pessoais na rede.

Pesquisas sobre comunicações virtuais tem aumentado significativamente nas últimas décadas, principalmente em como o uso da internet tem transformado nossa vida social. Nos últimos anos, as pesquisas tem focado principalmente em redes sociais virtuais, como por exemplo: Twitter, Facebook e Tiktok. E as pesquisas demostram que cada vez mais há mudanças nas formas em que os usuários utilizam a internet para criar e gerenciar conteúdos online. (ALLEGRETTI, 2012; CARDOSO e LAMY, 2011).

Antigamente, o mais comum era ver grandes empresas produzindo conteúdos midiáticos, mas graças as diversas plataformas de streaming e compartilhamento de vídeos, a mídia individual tem crescido drasticamente. Lenhart e Madden (2005), realizaram em 2005 uma pesquisa na qual apontava que metade dos adolescentes que usavam a Internet já criavam conteúdos e compartilhavam fotos e vídeos online.

Segundo Boyd (2008), os usuários de redes sociais tendem a transpassar suas identidades por meio de seus perfis nas redes sociais, escrevendo suas particularidades para a sua comunidade, tornando-se desta forma inseridos em uma comunidade em rede. Este processo de expressão, permite que os usuários tenham interações com seus amigos através de redes sociais que acabam por proporcionar um espaço para desenvolver suas respectivas identidades e status social. Tais atividades acabam gerando uma série de dados sobre o usuário, os quais ficam retidos no banco de dados da rede social e podem servir para diversos tipos de aplicações. Redes sociais como o Facebook e o Twitter, por exemplo, surgiram especificamente para a criação de conteúdo e interação social, sendo assim possuem bases mais completas sobre seus usuários e consequentemente sobre seus comportamentos e atividades virtuais.

Entretanto, estas bases geram riscos aos usuários através da venda e/ou vazamento de dados particulares. Em 2018 os jornais The guardian, The New York Times e The Observer of London expuseram o maior escândalo, até o presente momento, sobre este tema. A notícia denunciava que dados de mais de 50 milhões de usuários da rede social Facebook haviam sido utilizados, sem consentimento, para a realização de propagandas políticas para as eleições presidenciais de 2016 nos EUA (CONFESSORE e ROSENBERG, 2018). Ainda no mesmo ano o jornal The New York Times noticiou que a mesma empresa cedeu não apenas dados básicos a Amazon, Microsoft e Yahoo, mas também acesso a mensagens trocadas pelos usuários a empresas como Spotify e Netflix (Dance et al., 2018).

Fonte: The New York Times (2018).

No ano de 2021, aproximadamente 223 milhões de brasileiros tiveram seus dados vazados por hackers, o número supera a população brasileira atual pois continha dados de pessoas já falecidas. Dentre os dados vazados destacam-se: nome, data de nascimento, escolaridade, CNPJ, CPF, imposto de renda, endereços e até mesmo fotos (G1, 2021).

No Brasil, organizações públicas e privadas estão  sujeitas a lei geral de proteção de dados pessoais (LGPD), a qual busca padronizar normas e práticas, para promover a proteção aos dados pessoais de todo cidadão que esteja no Brasil (BRASIL, 2018). Contudo, vale ressaltar que mesmo após a implementação da LGPD, os usuários de redes sociais e consequentemente da internet ainda estão diariamente correndo o risco de terem seus dados pessoais vazados. Por conta disso, é essencial se manter prevenido e consciente dos riscos corridos na internet.


Acadêmico: Taylon Brutus Steffens Silva

Matrícula: 17200755

Disciplina: Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Professor: Márcio Vieira de Souza


Referências

ALLEGRETTI, Sonia Maria Macedo et al. Aprendizagem nas redes sociais virtuais: o potencial da conectividade em dois cenários. Revista Cet, v. 1, n. 02, 2012.

BRASIL. “LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018”. Lei Geral de Proteção de Dados. 2018. Disponível em: http://bit.ly/2YgUqMZ

BOYD, Danah. Facebook's Privacy Trainwreck. Convergence: The International Journal of Research into New Media Technologies, [S.L.], v. 14, n. 1, p. 13-20, fev. 2008. SAGE Publications. http://dx.doi.org/10.1177/1354856507084416.

CARDOSO, Gustavo; LAMY, Cláudia. "Redes sociais: comunicação e mudança”. JANUS.NET e-journal of International Relations, Vol. 2, N.º 1, 2011. Disponível em: <observare.ual.pt/janus.net/pt_vol2_n1_art6> Acesso em 03 de ago. de 2021.

CONFESSORE, Nicholas; ROSENBERG, Matthew. Cambridge Analytica and Facebook: The Scandal and the Fallout So Far. The New York Times. New York, p. 1-1. 04 abr. 2018. Disponível em: https://www.nytimes.com/2018/04/04/us/politics/cambridge-analytica-scandal-fallout.html. Acesso em: 13 ago. 2021.

DANCE, Gabriel J. X.; LAFORGIA, Michael; CONFESSORE, Nicholas. As Facebook Raised a Privacy Wall, It Carved an Opening for Tech Giants. The New York Times. New York, p. 1-1. 18 dez. 2018. Disponível em: https://www.nytimes.com/2018/12/18/technology/facebook-privacy.html. Acesso em: 14 ago. 2021.

G1. Megavazamento de dados de 223 milhões de brasileiros: o que se sabe e o que falta saber. G1. 28 jan. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2021/01/28/vazamento-de-dados-de-223-milhoes-de-brasileiros-o-que-se-sabe-e-o-que-falta-saber.ghtml. Acesso em: 14 ago. 2021. 

LENHART, Amanda; MADDEN, Mary. Teen content creators and consumers. Washington, DC: Pew Internet & American Life Project, 2005.

OLIVEIRA, Antonio Francisco Maia. Sociedade da Informação, transformação e inclusão social: a questão da produção de conteúdos. Rdbci: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, [S.L.], v. 5, n. 2, p. 115, 13 fev. 2008. Universidade Estadual de Campinas. http://dx.doi.org/10.20396/rdbci.v5i2.2015.

VALADARES, Marcus Guilherme Pinto de Faria. PARTICIPAÇÃO NAS REDES SOCIOTÉCNICAS: POTÊNCIA E CONTROLE. Mediação, Belo Horizonte, v. 11, n. 10, p. 59-69, 30 jun. 2010.


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