“Nossa, como você está magra! estás linda assim!” “engordou hein.. não estais fazendo dieta?” “Cadê o tanquinho? corpo bonito é corpo sarado!”
Provavelmente você já deve ter escutado alguma frase desse teor em sua vida, ou, já deve ter passado pela sua cabeça, que você precisava mudar algo no seu corpo. Essa pressão estética afeta não só a saúde física, mas também a saúde mental das pessoas. Existe pressão estética para homens também, mas como vivemos em uma sociedade machista, o peso que recai nas mulheres é muito maior.
Primeiro vamos entender brevemente de onde vem a pressão estética e o conceito da beleza.
Ao olhar para a história, é possível verificar que o conceito é mutável, subjetivo e depende do contexto histórico, social e cultural em que está inserido. Cada época e lugar foram estabelecendo critérios para definir o que é considerado belo. Nos dias atuais, por exemplo, a moda se tornou um dos grandes referenciais do que é ser belo, as supermodelos ditaram os padrões de beleza. Altas, magras, com curvas na medida certa e um visual saudável. Por muitos anos, este era o único referencial.
Na Grécia Antiga, o modelo de beleza ideal deveria combinar harmonia e equilíbrio, valorizando as medidas proporcionais. Já na era do Renascimento, o modelo de beleza eram mulheres mais cheinhas, de ancas largas e seios grandes. Ou seja, o “padrão” foi sendo transformado.
Dentro da sociedade, existe um padrão estético que determina quais são as características físicas consideradas bonitas (exemplo: cor de pele, tipo de cabelo, formato de corpo, traços do rosto, etc) e existe também, um padrão de feminilidade que é imposto para as mulheres desde quando nascem. De acordo com esse padrão, mulheres deveriam seguir certos comportamentos, como, usar determinadas roupas, passar maquiagem, fazer as unhas, tirar seus pelos, e inúmeros outros. Esses dois padrões se interseccionam porque na lógica da sociedade machista, “uma mulher ideal” é aquela que corresponde tanto a um padrão estético, quanto a um padrão de feminilidade.
Mas por onde esses “padrões” são sustentados?
Bom, são propagados por inúmeros meios, como por exemplo, revistas, filmes, novelas, e principalmente pelas redes sociais.
Uma das redes sociais mais usadas do mundo atualmente é o Instagram, com 69 milhões de usuários em 2019, segundo relatório digital divulgado pela DataReportal. Segundo a Royal Society for Public Health (RSPH) é também uma das plataformas que mais influenciam o sentimento de solidão e crises de auto estima. Com esse aumento da exposição das redes sociais, o dilema ganhou dimensões maiores e atingiu públicos cada vez mais jovens.
As redes sociais tornaram-se uma grande rede de compartilhamentos de rotina e estilo de vida. A ideia dos ‘stories’ ser os bastidores e realidade de cada um, passa a ser tóxico, pois nos ‘stories’ o que as pessoas veem são na maior parte, pessoas e influencers com filtros, harmonizações faciais e até cirurgias plásticas.. isso vai causando uma distorção de realidade. A ideia dos ‘stories’ começou com o intuito de divertir e entreter, mas acabou tomando rumos muito além. Como exemplo disso, temos os efeitos para ‘stories’, se analisarmos, a maior parte dos efeitos mexem diretamente com a aparência das pessoas, aumentando a boca, afinando o rosto e o nariz e transformando completamente a aparência do usuário, esta fonte de inspiração de beleza ‘falsa’, reflete diretamente na imagem formada pelo indivíduo sobre si. O que para muitos pode ser visto como uma brincadeira de mudar a aparência é apontado pelos especialistas como uma armadilha psicológica. A utopia do corpo perfeito fica cada vez mais inalcançável e isso faz com que aumente a busca por intervenções estéticas.
No Brasil, uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostra que nos últimos dez anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos estéticos feitos por adolescentes entre 13 e 18 anos, tendo a maioria procurado pela curiosidade despertada através das redes sociais e pessoas famosas que engajam tão naturalmente cada procedimento realizado. Um levantamento da sociedade brasileira de cirurgia plástica apontou que o Brasil lidera o ranking mundial de cirurgias plásticas em jovens.
Toda essa pressão por um ideal de “corpo perfeito” oferece um terreno fértil que é a publicidade indiscriminada de procedimentos estéticos. Há tempos a indústria da beleza lucra com a exaltação de corpos irreais, e as redes sociais se transformaram em grandes propagadoras na procura por procedimentos estéticos.
Desde anos atrás, a mídia já implantava, através, principalmente, das capas de revistas, um ‘padrão de beleza’ na sociedade. Com o passar do tempo, as redes sociais passaram a ocupar esse papel, por meio da exaltação de corpos perfeitos, que despertam o desejo de se encaixar em um padrão imposto e irreal.
Estamos vivendo uma fase em que as pessoas por trás das redes sociais são cruéis. Sem embasamento e muitas vezes sem o direito, essas pessoas espalham notícias falsas e criticam livremente a aparência de outras pessoas. Isso desencadeia uma série de transtornos e reforça problemas sociais.
Como forma de exemplo, temos essa publicação no Twitter:
Fonte: Twitter (2018) autor não identificado
Fonte: Twitter (2018) autor não identificado
>> Quando fazemos comentários e críticas aos corpos de alguém, estamos sustentando esses padrões estéticos. E a consequência desses modelos/padrões afetam o emocional das pessoas. Muitas mulheres sofrem com depressão, ansiedade, com transtornos alimentares, passam por intervenções cirúrgicas e possuem problemas de autoestima, e muitos desses fatores são reforçados pelas redes sociais.
Vivemos em uma sociedade onde transtornos alimentares são muitas vezes incentivados…
Quando estaremos livres para sermos quem realmente somos?
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Acadêmica: Tatiane Meyer Machado
Matrícula: 17100960
Disciplina: Redes Sociais e Virtuais
Professor: Márcio Vieira de Souza
Referências
DataReportal (2019). Redes sociais mais usadas do mundo. Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2021-brazil
Del Priore, M. (2009). Corpo a corpo com a mulher. Pequena história das transformações do corpo feminino no Brasil (2a ed.). São Paulo: SENAC. Disponível em: https://scholar.google.com/scholar_lookup?title=+Corpo+a+corpo+com+a+mulher.+Pequena+hist%C3%B3ria+das+transforma%C3%A7%C3%B5es+do+corpo+feminino+no+Brasil&author=Del+Priore+M.&publication_year=2009 Acesso em 18 ago. 2021.
PIRES, artigo: O conceito de belo em geral na estética de Hegel: Conceito ideia e verdade. Disponível em: https://ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/revistametanoia/7_GUILHERME.pdf Acesso em: 18 ago. 2021.
Rev. Psicol. Saúde vol.10 no.3 Campo Grande set./dez. 2018 Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2018000300008 Acesso em: 18 ago. 2021.
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