sábado, 3 de novembro de 2018

A DISPARIDADE DO COMPROMETIMENTO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS: O impacto na formação profissional dos formandos

A DISPARIDADE DO COMPROMETIMENTO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS: O impacto na formação profissional dos formandos

Autora Bárbara Adrien de Albuquerque Chagas 

     Introdução:

Refletindo sobre a vida acadêmica, especificamente a minha cuja posso afirmar com total propriedade, pude constatar uma série de inconstâncias no aprendizado ao longo da trajetória Universitária. Inconstâncias estas que dizem respeito ao mau desempenho dos alunos em almejar boas notas, manter médias altas e absorver conhecimento, uma vez entendendo que a faculdade é um ambiente formador de futuros profissionais que perpetuam um legado. Por muitas vezes,  pensei que isto se dava apenas pela falta de interesse dos estudantes de apreciar uma carreira promissora por "n" motivos, mas o fato corresponde parcialmente com a verdade. O cenário Educacional do nosso país indica grande deficiência na área do ensino, um tanto menos nas instituições privadas logicamente, mas em grande maioria no ensino público, um cenário questionado e revoltante no senso comum. Este artigo tem por objetivo avaliar teórica e informalmente o quanto a participação dos educadores e a organização de suas disciplinas influenciam na construção  do conhecimento de um profissional. 
   Para discutir o assunto de maneira objetiva porém minuciosa, tomei a liberdade de subdividir o tema em três tópicos importantes para o esclarecimento deste ponto de vista, sendo eles A TRAJETÓRIA DE ESTUDOS DO ALUNO DESDE O ENSINO BÁSICO, O ÍNDICE DE APROVAÇÃO DOS PROFESSORES ASSOCIADO AO SEU PADRÃO DE EXIGÊNCIA COMO EDUCADOR e por fim, O RESULTADO DA UNIÃO DESTES FATORES ANTERIORMENTE CITADOS.



1- A TRAJETÓRIA DE ESTUDOS DO ALUNO DESDE O ENSINO BÁSICO
     Provavelmente, você leitor, teve a impressão de que minha área de formação é a pedagogia. Se cogitou esta possibilidade, estás errado. Sou formanda do curso de Ciências Econômicas na Universidade Federal de Santa Catarina. Iniciei minha formação na Universidade Federal de Rio Grande, pertencendo a uma família militar e me mudando constantemente de um Estado para outro. As mudanças iniciaram-se em minha gestação, e seguiram ao longo de toda minha infância, o que por sua vez fez com que eu trocasse de instituições de ensino diversas vezes. Grande parte da vida estudei em colégios particulares, pois até o ensino médio, acreditava que a "compra do aprendizado" faria diferença na minha carreira enquanto estudante. Logicamente, eu não estava tão correta quanto previ.   
      O ensino privado tem muitas vantagens, as escolas são obrigadas a seguir religiosamente as ementas do MEC para que possam oferecer mais qualidade e cumpram  com suas obrigações legislativas também. MAS, tratando-se de uma criança que conheceu mais de uma metodologia de ensino, um dos diretores da instituição observou que eu sofria com a suposta defasagem entre as ementas, muita das vezes me destacando negativamente entre os demais alunos da classe. Esta dificuldade em acompanhar o ritmo do conhecimento proposto, transformou meu pai em meu professor nas horas vagas, devolvendo a minha capacidade de aprender e tirar boas notas. Com o tempo, me tornei uma das três melhores alunas de matemática e inglês da escola, sendo convidada pelos professores do ensino médio a resolver exercícios em suas respectivas aulas.
         É fato que as escolas recebem um padrão de conteúdo para transmitir aos alunos de cada série, porém compreende-se que a orientação e a ordem em que são lecionadas é baseado no critério dos ministradores das disciplinas.
   No link a seguir, encontra-se um artigo que analisa e salienta estas questões com cautela, detalhando a situação das escolas brasileiras: https://blog.qedu.org.br/blog/2015/08/27/diferencas-regionais-tambem-aumentam-desigualdade-na-educacao-diz-pesquisa/
    O último ano do ensino médio cursei em colégio publico. Devido a ausência de muitos professores, uma greve de quase dois meses e insuficiência de conteúdo para as avaliações, me tornei uma estudante de fato. Buscava conhecimento para aprender os conteúdos, pois sabia que não haveria respaldo quando as aulas retornassem. Sem contar que, logo chegaria o tao temido EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO, e eu me encontrava avida para ingressar em uma universidade federal. Ora, passei em quatro áreas de interesse nos dois anos que prestei o exame, e optei pelo curso que concluirei em breve. Quando ingressei, segui os mesmos passos do último ano de ensino médio que cursei, estudando os materiais com antecedência, todos os dias. Passaram-se dois semestres, e observando os níveis de exigência TOTALMENTE distintos dos educadores, comecei a encarar a faculdade com menos seriedade. Obviamente, meu desinteresse não era cem por cento responsabilidade dos professores sem muito comprometimento com a disciplina, mas com certeza, colaborou.
     O fato é que, agora, no fim do curso, me deparei com a necessidade de me adaptar com a disparidade entre as metodologias dos professores, dando prioridade a umas e nem tanto a outras, levando em consideração o famoso "estude pra passar".
       À partir deste cenário, questionei alguns professores a respeito de suas profissões, na esperança de talvez fazer parte de uma minoria que não se ilude com a formação acadêmica ao ingressar no mercado de trabalho. Para minha surpresa, a grande maioria dos professores economistas me alertaram que o exercício propriamente dito de um economista vêm ao longo de muitos anos após sua conclusão de curso na universidade, o que nos leva ao próximo tópico de discussão : O que leva um  recém formado a ter tantas inseguranças ao exercer sua profissão, mesmo tornando-se um estudante autodidata ao longo do curso ?

  2- O ÍNDICE DE APROVAÇÃO DOS PROFESSORES ASSOCIADO AO SEU PADRÃO DE EXIGÊNCIA COMO EDUCADOR
      Ao ingressar na universidade, acreditamos na ideia de que sairemos com uma bagagem suficiente para nos tornar mais atraentes para o mercado de trabalho. O que ninguém nos alerta, pelo menos não antes de ingressarmos em qualquer curso, é que 90%  da responsabilidade do aprendizado do aluno, antes uma preocupação mutuamente compartilhada com o professor, passa a ser só nossa. Não contamos com o reduzido período de um semestre para assimilar um conteúdo que um profissional levou anos para obter o domínio. O professor passa ser um canal de informações resumidas e úteis para que, a partir disso possamos desenvolver sozinhos nosso conhecimento.
    Em uma das aulas ministradas pelo professor desta disciplina, Ambiente Virtuais de Aprendizagem, pude conhecer uma metodologia de ensino denominada aula invertida, onde o aluno
tem a oportunidade de aprender um conteúdo disponibilizado virtualmente, e em um encontro presencial com o educador, seriam sanadas possíveis dúvidas ou compartilhado o aprendizado. É uma metodologia bastante interessante e atual, e muitos professores, mesmo indiretamente, utilizam deste artifício para construir seu material didático. Seria muito mais fácil se, os alunos que ingressam em uma universidade presencial, já admitissem que ao longo do curso deveriam adotar esta metodologia para absorver o conhecimento necessário deste o primeiro semestre. Infelizmente, encaramos a surpresa desta descoberta sozinhos, e às vezes, sem ao menos saber o nome da mesma.
     Pesquisando sobre o tema "educação nas universidades", pude perceber que em todo lugar do Brasil há uma deficiência em formar profissionais competentes, justo pelo mau costume e por não termos aprendido a estudar da maneira correta. O problema se agrava quando encaramos uma disciplina onde o educador não se importa com o seu desempenho, e nos avalia apenas para cumprir com os "pré-acordos" da faculdade.
       O fato de os profissionais não estarem preparados para atuação no mercado de trabalho também se destacam em outras áreas de formação, incluindo uma das únicas que tem acompanhamento ao longo de todo o período de graduação, como a MEDICINA:



     Honestamente, penso que a mau formação dos profissionais é um combo de falha na comunicação  entre educador e estudante desde o ensino básico, onde os padrões de alunos e professores seriam corrigidos em sua grande maioria.
       Na tentativa de compreender melhor o ponto de vista analisado, apliquei um singela pesquisa em alguns alunos em variadas situações: Graduado e atuando no mercado de trabalho, Graduado, mestre e cursando doutorado, Graduando prestes a se formar e Graduado, mestre, doutor e professor. Não colocarei aqui todas as respostas, mas abaixo aponto um exemplo de um dos meus professores da universidade que estudo atualmente, que por acaso salienta as mesmas deficiências mencionadas neste artigo: 

   "Meu desempenho na escola seria média 8. Estudei durante toda minha formação fundamental em um colégio público do interior, ou seja, sabia que minha educação seria precária e que teria de estudar em um cursinho pré vestibular para sanar as falhas na formação. Já na graduação, também senti que haviam falhas, então busquei outra graduação para corrigir estas deficiências. No mestrado e doutorado sempre senti que estava em boa formação. Meus professores do ensino básico e médio não contribuíram muito, mas, como segui na área acadêmica como professor, sinto que os professores da graduação, mestrado e doutorado foram fundamentais para mim. Talvez se eu trabalhasse como economista, e não professor, eu teria muitas dificuldades." -
Anônimo.
        
     Esta avaliação, em forma de artigo, coincidiu com a troca do cenário eleitoral, onde uma das promessas é um maior investimento na educação. Todos nós esperaremos ansiosos por estas reformas que certamente servirão como um incentivo positivo aos professores, e refletidamente nos alunos, sim?! http://www.scielo.br/pdf/%0D/ensaio/v13n47/v13n47a02.pdf
     

     3- O RESULTADO DA UNIÃO DESTES FATORES ANTERIORMENTE CITADOS

    Para conclusão e encerramento deste trabalho, comentaremos sobre a "receita de bolo" que poderia evitar esta bagunça no ambiente educacional. Não sei qual será o alcance deste artigo, mas sinceramente desejo que sirva para abertura da mente de ao menos um jovem universitário. Em nosso país existe a cultura de que para ser bem sucedido necessitamos de uma faculdade no currículo. E sim, precisamos mesmo. Mas o meu conselho é que você não deixe a peteca cair. Se este artigo serviu para alguma coisa, então creio que agora sabes o quão importante é não deixar a peteca cair. Na universidade, muitos educadores estarão comprometidos com a tua formação, outros nem tanto. Com esta percepção, já podes atentar para as duas dicas de ouro: Primeiro, faça bons amigos. Não os que facilitam a cola na hora da prova, mas sim os que tenham a mesma visão que você. Acredite em mim, ninguém se forma sozinho. Faz parte da boa formação acadêmica ter momentos de compartilhamento inteligente com os demais colegas. E por último, um conselho dado por meu pai que jamais esquecerei, seja rato de biblioteca. Mesmo que o papel esteja cada dia mais próximo da extinção, utilize deste espaço para expandir seus horizontes e ir o mais longe que conseguir, todos os dias.
     Professores, grande é admiração que sinto por todos. Como educadora voluntária em comunidades de baixa renda, sinto muito orgulho em receber prontamente o retorno dos meus alunos após as aulas. Creio que este sentimento também está vivo nos senhores, mas muitas são as circunstâncias que o adormece, diga-se de passagem. Meu alerta é apenas para que todos nós possamos colocar a consciência na tomada e perceber que os estudantes perpetuam o nome de vocês para sempre. Façam valer este tempo precioso.
      Em suma, gostaria de dizer que a educação é obviamente uma via de mão dupla. Se ambos trabalharem avidamente em suas ocupações, unindo seus objetivos, tenho certeza de que salvaremos muitas vidas, a qualidade do país irá aumentar, os profissionais recém formados somarão muito além do esperado e os educares descansarão suas cabeças no travesseiro com a sensação de dever cumprido.


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