É
inquestionável que os avanços tecnológicos vieram mudar nossas vidas. As redes
sociais estão sendo usadas como um poderoso meio de facilitar o relacionamento
entre as pessoas.
Estudos
revelam que há um aumento na sensação de bem-estar, satisfação e felicidade
entre as pessoas que utilizam com muita frequência aplicativos e redes sociais
como o Facebook e o WhatsApp, como o objetivo de manter contato com família e
amigos (já existentes e novatos de toda ordem).
Colegas,
amigos, parentes, antes afastados – por razões quaisquer- passaram a estreitar
laços, reinventar novos começos... Pais, e até avós, cujos filhos saíram de
casa para estudar ou trabalhar em outras cidades ou países, não sentem de
maneira tão intensa e incisiva o peso da separação e conseguem acompanhar e
vivenciar o dia-a-dia dos seus amados e vice-versa.
É
justamente permitir comunicação instantânea, encurtamento das distâncias, a
participação no cotidiano das pessoas, enfim o alívio das saudades e a avidez
por informações o apontamento das principais e maiores vantagens das redes de
comunicação social em massa.
Mas
não é só isso.
Cada
vez mais crianças, jovens, adultos de todas as idades sentem aumentar o sentimento
de pertencimento ao aderirem e sentirem-se aceitos por grupos, nos quais se
sentem afinados.
Muita
coisa boa funcionando como agente de transformação social.
É preciso
destacar que muitas iniciativas de cunho social, carinhosamente apelidadas de
“correntes do bem” ou “redes do bem”, conseguem, em curto espaço de tempo,
atingir diversos públicos, angariando fundos, ajuda solidária, registros em
fotos e vídeos de eventos ou exposições que despertam interesse por determinado
campo do conhecimento são, igualmente, exemplo de outras possibilidades do bom
aproveitamento das redes sociais como instrumento de transformação e renovação.
Contudo,
é mister que a ingenuidade não obstaculize a nossa visão sobre os agentes
transformadores.
Engana-se
quem supõe que as mídias de comunicação social são um lugar utilizado somente
para trocas afetivas e simpática ente as pessoas.
As
chamadas fake news são um fenômeno
extremamente destacado recentemente, ainda que há muito façam parte da história
humana. A divulgação em jornais de baixa credibilidade sempre existiu dentro da
mídia, no entanto a facilidade de acesso que o usuário comum de internet tem de
influenciar, a privacidade e sutileza ao qual a noticia é apresentada tem
deixado especialistas e jornalistas em alerta no mundo todo.
O que
ocorre é cada vez mais a politização das notícias, este viés político, muitas
vezes creditado como fato alternativo é uma das ferramentas que mais têm sido
utilizadas por militantes para motivar e encorajar o extremismo no mundo. Há
pessoas que se comprazem em compartilhar ocorrências marcadas por sofrimento,
cenas chocantes ou inconvenientes, da mesma forma que existem aquelas que só
desejam espalhar a discórdia e incentivar a violência.
No
mundo digital, infelizmente, há espaço para insultos, grosserias, troca de
acusações, ameaças, incentivos à comportamentos antissociais, bullying, crimes
entre outros aspectos negativos.
Como
toda essa “liberdade” e acessibilidade, etc, tudo isso é muito novo, é natural
que haja, mesmo entre as pessoas pacatas e de bem, os que ainda não se
aperceberam da responsabilidade e da gravidade que algumas “noticias” podem
gerar na vida de outras pessoas.
Combater
notícias falsas e comentários maldosos têm sido uma tarefa extenuante para a
maioria das democracias, vide a quantidade e relativa privacidade que a
divulgação.
A
facilidade ao qual temos acesso à notícias é um novo paradigma, já que podemos
ser bombardeados com acontecimentos com velocidade em virtualmente qualquer
espaço conectado com a rede mundial de computadores. O modelo de negócio dos
jornais tem sofrido para se adaptar ao novo modelo, sendo que a coluna do
jornal muitas vezes deve estar presente ao seu público, o que nos dias de hoje
implica principalmente em redes sociais, o que em si não é rentável, já o custo
para fazer um jornalismo de qualidade é relativamente caro, e a divulgação em
redes sociais não resulta em verba em sua maioria, sendo requisitado em sua
maioria uma capa com título tentador para atrair o leitor em clicar em sua
reportagem. O transeunte que apenas ler o título não terá todos os fatos,
interpretando do jeito que venha a calhar a informação. Aos demais resta a
opção de assinar o conteúdo, o ler através dos comentários na reportagem e ser
influenciado pelo viés imparcial da visão de uma outra pessoa, já que internet
os comentários mais polêmicos e menos pertinentes são os mais curtidos e
portanto, os mais visualizados pelos usuários. A assinatura do conteúdo é a
opção mais utilizada pelos jornais para se adaptar aos novos tempos, o porém é
que a internet de certa forma “mima” os que gozam de certa gratuidade no acesso
em serviços, a cobrança quando não é ignorada, ela é até mal vista, taxando os
veículos de informação como “mercenários” contribuindo para o descrédito das
mesmas e a diáspora de internautas para fontes de informação mal-intencionadas,
com algum viés ideológico.
De
fato, as notícias e os jornalistas, gozam de uma interação anormal para a
classe com os seus leitores, o que em si provoca o viés que acompanhamos em
alguns casos.
Antes
de haver o acesso praticamente democrático à internet atual, discussões sobre
fatos não haveriam conclusão sem haver um especialista ou a checagem em
enciclopédias ou outras fontes de informação. Trazer a informação à mesa custa
caro, e na era da informação não há como usarmos de desculpa.
A
maioria da população conhece as fontes confiáveis, mas dispõe de um certo
descrédito, a lógica no argumento pode aparecer em outros lugares, aprendemos e
adaptamos aos novos argumentos que sustentem a nossa opinião até chegar ao
impasse e confronto ideológico puro e simples. Para cada fato, sempre haverá
mais de uma interpretação, ouvir o maior número de lados contribui para
amenizar os efeitos negativos que as Fake
News exercem, porém este também é extremamente desmotivante para o usuário
simples e comum, que não tem interesse em se “decepcionar” com a sua visão, se
mostrar errado é desestimulante para qualquer indivíduo, e na internet, que
goza de certa liberdade e privacidade, jamais haverá uma discussão estimulante
sem este risco. Enxergue as discussões como uma partida de futebol, os dois
participantes podem interagir até certo ponto, colocando o que puder no jogo para
desmobilizar o adversário, ao ponto de exaustão, a torcida não muda de time por
que seu time está perdendo, ela pode até criticar os jogadores que estão
defendendo o seu time, mas não irá trocar a camisa no meio de jogo, e no caso
pior, à exaustão dos argumentos e paciência dos lados, um dos times tem a opção
de pegar a bola e sair do jogo. Quem perde e quem vence não importa, a
exposição dos argumentos e enfrentamento o rival é apenas o que importa.
Neste
ambiente, as Fake News são parte dos
argumentos, transvestidos de fatos, a desmascaragem das mesmas pelo outro lado
serve para descreditar a oposição das ideias, e não descreditar as Fake News e seus veículos em si.
Apesar
de ainda não ser perigosa para a grande maioria informada e educada para estar
“vacinada”, o futuro aguarda ainda mais problemas; Os deepfakes, são vídeos fakes, em que algoritmos se utilizam de
vídeos e áudios passados para criar um novo vídeos produzido, que não é real,
mas que é repassado como real. Ainda em estágio inicial, o software ainda
apresenta certas limitações, que definitivamente irão ser corrigidas no futuro,
e passam ainda mais credibilidade e menos opções para checar a veracidade da
informação.
A
verdade é que não há uma receita de bolo simples de como combater o que está
vindo, mas sabemos como agem e por qual motivo o fazem, estar atento é essencial,
a comodidade da internet e de nossas convicções não podem ser barreiras para a
informação, o trabalho e o cinismo com relação a averiguação da realidade deve
ser presente.
O
ensino nas escolas visando o combate às Fake
News já existe, primordialmente nas Escandinávia, onde crianças já são
expostas à notícias enviesadas e são encorajadas a interpretá-las com
desconfiança.
Atribuir
às Fake News à apenas um lado da
posição política não contribui para combate-la, apenas encoraja às pessoas a se
manter e sua bolha, se antendo alheia
aos fatos reais, taxando-os de “verdadeiras fake News” em contraposto ao que
está exposto.
O
risco à democracia é real, a exposição ao ridículo na política não é novo, os
boatos que surgem sempre estiveram lado a lado com os candidatos. Taxar o
adversário e as demais táticas Schopenharianas são antigas, o que é novo é a
“bolha” ao qual a pessoa pode se encontrar e jamais sair ao se adentrar e
consumir de forma continua este conteúdo maléfico.
É
necessário chegar-se à um acordo multilateral sobre o que deveria ser
aceitável, difamação sempre fez parte, o extremismo e desinformação ao qual
algumas pessoas se encontram é novo. O problema é definir qual deveria ser o
limite, o direito investigação deve sobrepor privacidade de alguns indivíduos? O
que poderia adentrar em censura e proteção da população?
Nada
disto é fácil, reconhecer o problema é meio caminho andado, mas qual deveria
ser a posição do governo por conta disto? Afinal, boatos em si não são um
crime, apesar de se encaixarem em difamação, a vida pública acarreta no risco
de exposição à crítica alheia, sendo ela bem-intencionada ou não, como a
liberdade de expressão poderia se aplicar neste caso? Deveria ser defendida a
vítima ou a população?
Novamente,
um povo bem informado e consciente dificilmente é levado por Fake News, a esperança é que as novas
gerações já estejam “vacinadas” à esta nova mídia jornalística. É fato que
quanto mais inserida dentro da internet, mais a pessoa está à mercê e protegida
de informações falsas, ao qual ela é exposta constantemente e dentro de um
ambiente extremamente calunioso em sua parte, já que não há uma
responsabilidade com a própria credibilidade, privacidade é a palavra-chave.
Este
campo é adaptável, onde novas ondas de ataque e exposição de dados pessoais
provenientes de hackers ou de mídias sociais, com interesses corporativos são
uma realidade “Black mirror” que causa medo no
usuário comum, cuja ignorância, o despreparo, a imprudência, levam a navegação
por mares revoltos e incertos, fadados ao naufrágio e ao desastre iminente.
As
pessoas têm direito às próprias opiniões, porém não aos próprios fatos, para
isso, elas devem ter direto aos fatos sem opiniões de outros.
Como tudo
isso é muito novo, é natural que haja, mesmo entre as pessoas sérias e bem-intencionadas,
os que ainda não se aperceberam da responsabilidade de quem acessa as redes
sociais, deixando-se levar por sentimentos menos nobres ou contribuindo para
tornar mais pesado o ambiente político e social em que estão inseridas.
Por essa
razão, urge a necessidade de nos educarmos a fim de que a participação no
universo virtual seja voltada para o respeito e a aceitação das opiniões
diferentes, sempre com uma visão crítica, atenta e vigilante.
Há ainda
outra faceta nas redes sociais que merece ser lembrada: o excesso de exposição,
que muitas vezes esconde um desejo exagerado de se exibir, de se vangloriar de
seus dotes, seus feitos ou, até mesmo, de transparecer um estilo de vida que
não confere com a realidade. Como pessoas comuns, seria desejável que
ponderássemos sempre no valor da verdade e nos perigos da vaidade e o excesso
de exposição ao fazermos uso dessas mídias. Usualmente de
celebridades, usam as redes como ferramenta de trabalho.
Contudo,
o exagero, entre célebres e comuns, nos leva a questionar onde começam as
liberdades, será que o direito à privacidade é também o direito a ser
esquecido?
O direito
à privacidade é um princípio constitucional e está intrinsecamente
ligado com o direito da personalidade da pessoa humana, e a violação deste
princípio implica na interferência direta das relações pessoais e de
intimidade, desvirtuando a própria maneira de pensar e agir, causando inibição
à criatividade e obstrução a comunicação com a sociedade.
Devido ao avanço tecnológico, as pessoas tendem a se habituar
com as facilidades das trocas de informações, das notícias, das compras online
e das redes sociais, fornecendo assim informações pessoais através de redes que
interligam os bancos de dados, relativizando o direito à privacidade e outros
inerentes a ele.
Os
perigos das redes sociais, estão mudando a forma de pensar e agir das pessoas,
isso é inegável.
Nossa
forma de pensar nas redes sociais mudou, nos tornou muito mais autocentrados e
egoístas. Nenhuma mudança é simples, acompanhamos e ficamos mesmerizados com as
possibilidades que muitas vezes não prestamos atenção na implicação que um
mundo mais conectado pode trazer.
De
fato, parece meio contraditório afirmar que o que nos faz fazer parte de uma
rede de sociabilidade com possibilidades semi infinitas de conexões humanas
possa nos fazer mais isolados de uma parte mais ampla da sociedade, e de fato,
a internet quebra barreiras. Hoje podemos ter acesso às notícias e emoções do
resto do mundo, trazendo pathos para
a nossa consciência, nos levando a agir de forma mais humana aos males que
afligem outras partes do mundo, nos unindo.
No
entanto, essa conectividade ampla permite também escolher com quem interagir,
de forma que podemos selecionar apenas aqueles elementos que nos tragam
felicidade, que alimentem nosso ego de forma positiva.
Discutir
e discordar é essencial para a evolução dos pensamentos, que são agentes,
instrumento de educação e transformação social e política.
A
construção do pensamento crítico e reflexivo passa por vários percalços, e
expô-los à falseabilidade de forma constante nos faz mais completos e discernir
o que é crença a ser desmentida e realidade a ser exposta.
O movimento
atual é o contrário, no entanto.
Cada
vez mais temos a tendência de nos isolar nos grupos de “fatos alternativos”,
focando não em agregar mais informações de fontes ao qual discorda do nosso
pensamento.
Aprovação
dos nossos sentimentos fica escancarada, fica difícil aceitar novos argumentos
quando há uma mídia e pessoas que validem as nossas opiniões, sem julgamento de
valor, apenas usando uma lógica maleável para nos convencer de que o outro lado
está contra nós.
Sair
das redes sociais não é uma opção para grande parte da população, uma pessoa
sana não a consideraria, sabendo da sua condição como elemento da sociedade.
O
social é uma necessidade humana, e ninguém tem a intenção de se afastar apenas
para ter uma perspectiva imparcial da realidade, nem todos somos tão
benevolentes e científicos a este ponto. Evoluímos para economizar tempo de
raciocínio em tarefas secundárias para as urgentes, e opinião não é um ofício
para a maioria.
Assim,
todo o pensamento novo é inovador, transformador... motivador.
De fato,
o modismo vem e passa, alardeia e some, confunde e desaparece… É comum surgir
uma ou outra “novidade” que pretende revolucionar o mundo, como se a roda fosse
descoberta a cada momento!
As
informações são veiculadas a mancheias e surgem de inúmeros lugares e de
replicadores, sem que se saiba ao certo a fonte original. Muito menos se
consegue verificar a originalidade ou fidelidade da informação: verdadeira ou
falsa?
Um
princípio básico do jornalismo é que a fonte deve ser inúmeras vezes checada,
conferida, inspecionada, sondada, constatada, antes de a matéria ser publicada, para se ter
certeza de sua origem e autenticidade, legitimidade, lidimidade, pertinência e até
mesmo necessidade.
Hoje, com
muita propriedade, se fala tudo sobre qualquer coisa, sem nenhum compromisso
com o conteúdo, fatos e pessoas. Interessa mais o furo, ser o
primeiro a disseminar a novidade. A pressa em compartilhar, postar, divulgar é
impressionante e lamentável.
Fala-se o
que não se deve, espalha-se o que não se poderia. Notícias falsas, informações
incompletas, dados manipulados, meias-verdades, polêmicas, tendenciosidades,
extremismos, formação de opiniões…
O que
parece novo, não é tão novo assim. Isso porque falsas notícias, inverdades
sempre existiram. É que agora, com o poder de impulsão pelas redes sociais,
tudo parece ser instantâneo, em tempo real, e a acessibilidade às informações
está cada vez mais fácil na sociedade pós-moderna da informação, da ciência e
da tecnologia em que estamos imersos.
O cuidado
com o trato das fake news não é de agora. A prudência, a
equidade, a correção, a dignidade, a honradez, a integralidade, a lealdade, a
imparcialidade, a consciência, a seriedade, a probidade, a lisura, a lhaneza, a
retidão, a sinceridade, a respeitabilidade e a honradez já nos apontam como nos
comportar diante de tais situações.
Contexto
Histórico
O advento das redes sociais já foi tema de
livros, filmes e debates, pelo seu papel transgressor de comportamentos, e de
protagonista das ações sociais em situações de crise ou de instabilidade
institucional. Esse recurso tecnológico introduziu um novo modelo de
intervenção social, de profundo significado para a organização social e
política de países, democráticos ou não, embora para os primeiros essa
manifestação se processe sem culpas e sem punições. O propósito desse artigo é
discutir a tempestividade dessa ferramenta, e sua apropriação pelos atores
sociais, adquirindo recursos tradicionais de análise como arcabouço intelectual
para seu suporte, e de profundo impacto para as transformações que presenciamos
na sociedade contemporânea.
Nos primórdios de 1970 surgiu a Internet, na
época apenas uma rede de relacionamentos acadêmicos destinada a compartilhar
trabalhos científicos entre Universidades e Centros de Pesquisa (ARPANET). Era
ainda um recurso incipiente, com pouca interatividade, similar aos atuais
correios eletrônicos (ou e-mails). A tecnologia que lhe servia de suporte ainda
não possuía as interfaces gráficas desenvolvidas, e que surgiram apenas em
1984, com o Macintosh, que viria a se tornar o símbolo da Apple, empresa
notabilizada por Steve Jobs e sua equipe como modelo de criatividade produtiva.
A família Apple se desenvolveu e o Macintosh® se transformou
simplesmente em “Mac”, dando origem a uma família de equipamentos, conhecidos
como iMac® (“i” de interativo, inovador, interligado), e com um sistema
operacional robusto e consistente, que inspirou outro jovem, Bill Gates, a
criar a empresa que seria líder do mercado incipiente de computadores pessoais,
a Microsoft®, base para a implementação de tecnologias impensáveis nas décadas
que os antecederam. Esses equipamentos custavam uma pequena fortuna em seus
primórdios e, com a evolução tecnológica e o crescimento acelerado da demanda,
acabaram por se tornar indispensáveis a todos os indivíduos, símbolo de sucesso
e de status social.
No entanto, durante as quase quatro primeiras décadas, a computação
eletrônica, hoje simplesmente conhecida como Informática, e transformada pelas
Ciências da Computação em área específica de conhecimento, tinha sua
infraestrutura suportada por máquinas de grandes proporções e de altíssimo
custo, além de exigir conhecimentos técnicos complexos para sua utilização e
para o desenvolvimento de programas e aplicações, exclusivamente de uso
científico, industrial e comercial. Eram, então, impensáveis as atuais
facilidades tecnológicas. O advento do
computador de uso pessoal (PC – Personal Computer) ocorreu a partir da década
de 1970, mas sua evolução inicial foi lenta e seus recursos limitados, em sua
origem. Porém, o surgimento do mercado potencial de usuários injetou-lhe
enormes investimentos, que transformaram sua evolução em uma curva exponencial,
com resultados surpreendentes, principalmente para os usuários, que não podiam
prescindir de um técnico especializado para construir suas próprias aplicações.
Surgiram as “Suítes” de aplicativos, como o Lótus 123®, o Quattro®, o Microsoft
Office® e tantos outros que viriam em suas pegadas. Para que essas ferramentas
se desenvolvessem e compartilhassem recursos entre usuários remotos, outra
tecnologia foi produzida com a mesma rapidez e eficiência: as redes locais,
inicialmente, as remotas, em seu encalço e, finalmente, a Internet.
Diversas tecnologias complementaram a “caixa de ferramentas” do usuário
contemporâneo, e uma delas foi o advento dos correios eletrônicos (e-mails). As
primeiras experiências de redes remotas exigiam um provedor de comunicações
(ISP – Internet Service Provider) e sua velocidade de tráfego de dados
dificultava seu uso. Alguns desses provedores se transformaram em Portais de
Informação, como o AOL®, UOL®, TERRA®, IG®, dentre tantos outros. Os conceitos
de Portal de Negócios e de Portal de Informações surgiram na década de 1990,
transformando a Internet em um mercado de transações comerciais e de divulgação
de notícias. Como negócio, as trocas de mensagens comerciais viriam e se
denominar EDI – Electronic Data Interchange, baseada em um conjunto de
protocolos (regras de uso e de sintaxe), que transformaram a vida das pessoas e
das empresas. Esse novo modelo de negócio viria a ser conhecido como Comércio
Eletrônico (e-Commerce), e compreendia duas modalidades básicas: B2B (Business
to Business – “transações comerciais entre empresas”) e B2C (Business to
Consumer – “transações de vendas ao consumidor final”).
O universo da Informática é tão grande nos dias atuais que se torna
difícil, senão impossível, resumi-lo em um texto, e esse não é nosso objetivo
No entanto, esses conceitos elementares são necessários para apresentar a
questão da evolução tecnológica que permitiu o surgimento das redes sociais.
Elas apareceram no contexto da Informática na virada do século, logo depois de
uma transformação que viria a impactar todo parque tecnológico instalado de
computadores, sejam eles domésticos (pessoais) ou empresariais: o evento ficou
conhecido como “o bug do milênio”, espécie de praga que viria a inviabilizar,
se ocorresse, o uso desses equipamentos.
É difícil explicar, para quem hoje faz uso da Informática, como e por
que essa situação aconteceu; mas, propondo uma síntese, diríamos que as
limitações tecnológicas e o elevado custo dos computadores em sua origem,
aliados à falta de perspectiva histórica e de antevisão da demanda por esses
equipamentos levou os especialistas (programadores e analistas de sistemas) a elaborar
uma simplificação prática que, hoje, seria tida como “incompetência” ou
“irresponsabilidade”: todas as datas utilizadas (ou armazenadas) em arquivos e
sistemas de informação tiveram o “século” suprimido de seu formato (DDMMAA), e
eram novamente inseridas em relatórios, como uma constante (19AA). Isso
significava que, na mudança de século (3º milênio), todos os relatórios seriam
impressos “voltando” 100 anos na exibição de datas: “21/12/2001” seria mostrado
como “21/12/1901”, por exemplo. Esse erro conceitual foi utilizado, inclusive,
no desenvolvimento dos sistemas operacionais dos mainframes, e dos pequenos
componentes, conhecidos como BIOS, que nada mais eram que minúsculos programas
para iniciar o PC (personal computer). O custo das mudanças foi enorme (bilhões
de dólares) para as empresas e para os países, mas provocou a mais dramática
transformação do uso da Tecnologia da Informação: uma nova geração de máquinas
e de programas foi implementada em tempo recorde em todo o mundo, quase que
simultaneamente, graças aos enormes investimentos para superar essa falha
técnica exemplar, apenas justificada pela incapacidade de se prever que tais
sistemas sobreviveriam por décadas e chegariam ao ano 2.000 ainda ativos. O Novo Milênio trouxe novos conceitos, novas
tecnologias e uma redução de custos sem precedentes para os equipamentos de
Informática. Se os investimentos no final do século passado se dirigiam à
tecnologia de per se, criando as grandes estruturas de bancos de dados, os
conceitos de orientação a objetos, e os pacotes empresariais conhecidos como
ERP – Enterprise Resource Planning, MRP – Manufactoring Resource Planning,
dentre outros, no Novo Milênio a preocupação voltou-se para o Relacionamento
entre Organizações em seu processo negocial. Surgiram novos conceitos nesta
linha de raciocínio, como o CRM – Customer Relationship Management, o CPFR –
Collaborative Planning Forecasting and Replenishment, e os Portais de Negócio.
Este último substituiria as tecnologias tradicionais de troca eletrônica de mensagens
por novos modelos interativos para o estabelecimento de parcerias comerciais e
negociação interativa. Essa nova modalidade atenderia, principalmente, uma
cadeia de relacionamentos conhecida como Supply Chain Management, ou
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, que contemplava desde os fornecedores
de matérias-primas até o consumidor final, passando pelas indústrias de
transformação, pelos canais de distribuição e, finalmente, pelos pontos de
venda. Era uma revolução no processo de produzir e comercializar bens de
consumo. A contrapartida nos
relacionamentos sociais e no uso da computação pessoal viria através das redes
sociais. A primeira e mais conhecida rede social foi o Orkut®, seguida pelo
Facebook®, que viria a se tornar a maior rede de relacionamentos do mundo,
penetrando, inclusive, em países da antiga “Cortina de Ferro” (China e Rússia)
e nos países muçulmanos (Paquistão, Líbano, Argélia, Egito), todos com a
tradição de extremas restrições dogmáticas aos seus cidadãos. No princípio, foi
necessário um extenso aprendizado, tanto por parte dos desenvolvedores, quanto
dos usuários desses novos recursos. A interface gráfica carecia de praticidade
e as regras de utilização não inibiam abusos, que quase inviabilizaram o
desenvolvimento desse mundo novo que se prenunciava.
Esse aprendizado ainda continua, e novas funcionalidades e novas regras
são implementadas continuamente, com o objetivo de respeitar leis e costumes
dos países, bem como assegurar a privacidade e o respeito aos usuários em sua
rede de relacionamentos. Conflitos precisam ser administrados para coibir os
abusos, e até sistemas de punições foram estabelecidos para permitir que
pessoas se relacionassem em segurança e com comportamentos aceitáveis pelos
membros dessas novas comunidades. Hoje, pode-se dizer que essas redes estão
maduras e funcionam a contento, permitindo que pessoas de todas as
nacionalidades, falando os mais diferentes idiomas, professando diferentes
crenças e tendo variados costumes e tradições possam se comunicar. As redes
sociais são a Torre de Babel dos tempos atuais, onde cada um fala o seu idioma,
só que com capacidade de comunicação e de compreensão. A tradução entre idiomas
é simples, embora ainda careça de confiabilidade semântica. Não apenas as redes sociais surgiram no mundo
atual. Desde a década de 1950, transformações sociais ocorrem, subvertendo
costumes e compelindo pessoas a mudar suas regras e combater preconceitos. Não
foi a Informática que iniciou essas mudanças, mas outra tecnologia: a
televisão. Depois da Segunda Guerra Mundial, e em função dos investimentos em
pesquisa científica e produção de armamentos, novos recursos tecnológicos
surgiram para suprir as demandas por supremacia militar. Dentre eles, o que
mais impactou as relações sociais foi a televisão. Fruto do desenvolvimento de
equipamentos de comunicação durante a guerra, a televisão surgiu no início da
década de 1950, tendo evoluído constantemente desde então, tanto com relação a
seus recursos tecnológicos (transmissão via satélite, integração com a
Internet, TV´s de LED e de plasma, redução de custo de componentes, etc.),
quanto à sua utilização midiática (recursos de design, programação,
interatividade, competitividade pelo comando de audiência, versatilidade de
temas, etc.).
Referências:
Referências:
https://www.researchgate.net/publication/318000128_Evolution_of_Social_Media_Marketing
Autor: Gabriel Pereira Haas (15101361)
Autor: Gabriel Pereira Haas (15101361)
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