A dualidade da Tecnologia Mobile:
Uma reflexão sobre seus impactos na saúde e educação.
A reflexão sobre a dualidade da tecnologia nos dias atuais
inicia ao perguntarmos “até que ponto a tecnologia está nos ajudando ou
atrapalhando?”.
É certo que a tecnologia já mudou como a gente faz muitas
coisas na vida, como a gente produz, consome e interage. A chamada “Revolução
Tecnológica”, ou “Revolução Digital”, vem transformando os hábitos e
comportamentos da sociedade, principalmente das crianças e jovens. O contato
com smartphones, tablets e outros recursos tecnológicos está começando cada vez
mais cedo, surgindo uma nova geração chamada de “nativos digitais” (SOPHIA,
2018) – crianças que já nascem conectadas.
Junto com elas, nascem as preocupações. Segundo o neurocientista
Fernando Louzada para o Fantástico em 2015, o uso da tecnologia traz diversos
benefícios para nossas vidas, como a união de pessoas distantes e a rapidez e
qualidade nos processos, mas também podem comprometer a capacidade de interação
social afastando pessoas próximas e torná-las menos tolerantes com esperas de
pouco tempo.
É notável que boa parte das nossas tarefas diárias pode ser
resolvida através da internet e de aplicativos mobile, permitindo que quase tudo seja feito de qualquer lugar, a qualquer momento, na palma de sua mão. Entretanto, jovens sentem-se pressionados
a ficarem o dia inteiro conectados, a fim de se manterem informados e atentos
às redes sociais, acreditando que dessa forma não serão excluídos de nada (AFFONSO,
2014).
De
acordo com a psicóloga Dora Goes para o portal R7 de notícias (2015), o uso
abusivo dos celulares pode se transformar em transtorno psicológico, chamado
nomofobia, ou o medo de ficar sem o celular (“no mobile phobia” em inglês).
Segundo ela, o excesso está relacionado aos prejuízos que o uso acarreta na
vida. O uso excessivo pode antecipar o surgimento de enfermidades como
ansiedade, depressão, problemas oculares, dores na coluna, sedentarismo, entre
outros (COLÉGIO BIS, 2018).
Confira o vídeo abaixo sobre alguns
impactos da tecnologia na sociedade:
Crianças
e jovens estudantes sofrem dos impactos da tecnologia, afetando sua
produtividade escolar. Segundo Martins (2014), manter a atenção e o interesse
dos alunos se tornou um desafio maior ainda, por terem em mãos dispositivos que
os dispersam facilmente diante de uma metodologia de ensino tradicional que não
usa tecnologia. De acordo com Larry Rosen, professor da Universidade Estadual
da Califórnia, em entrevista à BBC Brasil (2013) a capacidade média de
concentração dos estudantes participantes de sua pesquisa foi de apenas 3
minutos, o que acaba afetando o seu desempenho escolar. Ainda segundo Larry
(2013), esse “problema tende a se acentuar à medida que nos tornamos cada vez
mais inseparáveis de tablets e smartphones - e as consequências podem ser ruins
para nossa capacidade de ler, aprender e executar tarefas”.
Segundo
artigo da Universia Brasil (2013), a tecnologia acabou por provocar
comportamentos de irritação, falta de paciência, erros de escrita e perda do
hábito de interação social nos estudantes, se tornando um obstáculo na hora de
estudar e em suas vidas pessoais.
Assim, de
acordo com o psiquiatra Hewdy Lobo para o portal Terra (2015), “uma vez
que se estabelece uma doença relacionada com o uso da internet, é necessário
que se busque ajuda com profissional especializado, que poderá fazer o
diagnóstico adequado e planejar a melhor intervenção para o caso”.
Por outro lado, devido à crescente
demanda de pessoas por tratamentos e preocupações com a saúde, seja física ou
mental, empresas vêm investindo positivamente em aplicativos e games para
problemas sociais, deixando de lado apenas o entretenimento e alienação.
Por serem dispositivos de fácil acesso e que estão sempre
acompanhando o ser humano, os smartphones acabam por oferecer auxílio em
terapias, já que os aplicativos permitem o acompanhamento real dos pacientes,
automonitoramento e a autointervenção ao registrar suas emoções, pensamentos e
sintomas (KRISTENSEN, 2018).
A psicóloga Milene
Rosenthal para a plataforma Átomo (2018) relata que as ferramentas tecnológicas
acabam sendo essenciais para quem sobre de transtornos mentais por serem tão
acessíveis e ajudarem a criar mais um meio de comunicação, já que elas desejam
e precisam de alguém que as ouça e as compreenda.
Apesar disso,
mesmo que ajude, psicólogos lembram que o tratamento online não substitui os
tratamentos clínicos. Dependendo do grau da doença é recomendado que o paciente
se consulte presencialmente.
Como
foi visto, crianças e jovens que estão em fase escolar já conhecem desde cedo o
mundo com a tecnologia presente em seu dia a dia. Portanto, para confrontar os
impactos da nomofobia, se torna necessário que o processo de
ensino-aprendizagem também siga esse hábito para ter maior relação com a
realidade dos estudantes. Ao utilizar tecnologias digitais as aulas se tornam
mais atraentes e melhoram, assim, a qualidade e o desempenho nos estudos
(SIMULARE, 2017), além de tornar as atividades mais dinâmicas e as experiências
mais diferenciadas, conectando os estudantes com o mundo (SOPHIA, 2018).
Veja no vídeo abaixo como a tecnologia
evoluiu no âmbito da educação:
Segundo
pesquisa da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais publicada no site
Sophia (2018), aproximadamente 70% dos jovens brasileiros utilizam a internet
para auxiliar em seus estudos. O portal Hypescience (2015) divulgou que
aplicativos voltados à educação melhoraram não só o vocabulário de crianças,
mas também o desempenho de jovens em suas notas finais, além de tornar mais
interessante e terem mais envolvimento nas aulas que utilizavam dispositivos em
sua didática, como tablets e smartphones.
Os
dispositivos móveis podem servir como assistentes virtuais, leitores de tela,
conversores de mídia, meio de comunicação, transmissão de dados, informações,
documentos e conhecimentos, uma plataforma de gestão de projetos e aprendizagem
à distância (AFFONSO, 2014).
Desde
2013, a Unesco incentiva o uso de dispositivos celulares em sala de aula. De
acordo com o site de notícias IG (2013), a Unesco publicou um manual para
governos dando 13 motivos e 10 dicas de como aproveitar a tecnologia móvel para
garantir melhores resultados na escola. Entre alguns motivos estão: (1) otimização
do tempo em sala de aula, (2) aprendizado em qualquer hora e lugar, (2) aproximação
do aprendizado formal e informal, (3) facilitar o aprendizado personalizado, (4)
melhora da comunicação e (5) aprendizagem contínua.
Confira
5 aplicativos que auxiliam em transtornos mentais e na educação:
1. Querida Ansiedade
O “Querida Ansiedade” permite
que o usuário escreva o que está sentindo, além de oferecer meditações e
exercícios de respiração. A psicóloga que criou o aplicativo disponibiliza
vídeos em que responde a perguntas frequentes sobre ansiedade.
2.
Socratic
Utiliza inteligência
artificial para auxiliar no aprendizado de diversos assuntos como ciências,
biologia, química, história, inglês, entre outros. Além disso, auxilia na
realização de lições de casa. Foi avaliado pelo Google como o melhor de sua
plataforma, sendo um aplicativo bem concebido e extremamente útil.
3. Elevate
Aplicativo para quem
deseja treinar habilidades relacionadas à memória, expressão, concentração.
Permite ainda escanear textos e fazer cálculos.
4. Cíngulo
O aplicativo usa técnicas de autoterapia para melhorar a autoestima
dos usuários (Baixa autoestima e falta de
amor próprio provocam ansiedade).
É através dessa técnica que o aplicativo oferece textos, vídeos e áudios que
ajudam na reflexão sobre o autoconhecimento. Além
dos textos e vídeos, há ferramentas de meditação, psicoterapia e autoajuda.
5. Deprexis
Foi aprovado ainda esse
ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É um aplicativo que
ajuda a combater a depressão. Ele funciona de forma interativa, avaliando o
usuário e mostrando o que ele sente durante toda a semana por 90 dias. Também
são sugeridas soluções baseadas em terapia cognitivo-comportamental.
O objetivo maior é dar
auxílio contra a depressão diagnosticada por um médico, e não substituir as
consultas, pois é necessário incluir o número do registro no Conselho Regional
de Medicina (CRM) do médico, e ainda, pagar uma taxa de R$ 990 por três meses
de uso.
Mas
afinal, qual a resposta da pergunta inicial?
Segundo
artigo do Colégio Bis publicado no portal do Estadão (2018), alertam para a
utilização com responsabilidade: “a tecnologia e a
internet não devem ser vistas como as vilãs – são excelentes ferramentas quando
utilizadas com equilíbrio”. Em entrevista para a Época Negócios (2018),
Vivienne Ming afirma que a solução para os problemas está no uso que se faz da
tecnologia, “é apenas uma ferramenta”.
Ana
Luiza Ferrer, uma das desenvolvedoras do aplicativo Be Okay, voltado para
tratar a ansiedade concorda em entrevista para o portal Átomo (2018):
“Eu não acho que a tecnologia ajude nem atrapalhe.
Ela é simplesmente uma ferramenta, nosso uso é que determina o impacto que ela
tem em nós. É comum ouvirmos falar que as redes sociais geram ansiedade e
depressão, mas elas podem fazer muito bem também. [...] É muito difícil equilibrar o impacto
da internet na vida pessoal. Até coisas que aparentemente eram positivas podem
ser fontes de negatividade dependendo do contexto ou do seu momento mental”.
Portanto,
ao que afirmam diversos especialistas, a resposta está no controle que temos
sobre a tecnologia, sem excessos.
Referências
Bibliográficas:
GLOBO, Agência. Tecnologias podem tratar transtornos mentais sem assistência humana. 2018. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/07/tecnologias-podem-tratar-transtornos-mentais-sem-assistencia-humana.html>.
ROMANZOTI,
Natasha. Tecnologia na escola: ajuda ou
atrapalha? 2015. Disponível em: <https://hypescience.com/tecnologia-na-escola-ajuda-ou-atrapalha/>.
MARCELO. Avanços tecnológicos: como eles impactam positivamente a educação. 2017. Disponível
em:
<https://simulare.com.br/blog/avancos-tecnologicos-impacto-positivo-educacao/>.
SOPHIA. Conheça os impactos da tecnologia no ensino. 2018. Disponível
em:
<https://www.sophia.com.br/blog/gestao-escolar/conheca-os-impactos-da-tecnologia-no-ensino>.
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<https://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-03-03/unesco-recomenda-o-uso-de-celulares-como-ferramenta-de-aprendizado.html>.
AFFONSO, Dolores. O lado positivo e o negativo da tecnologia: em qual você está? 2014. Disponível
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<http://www.a12.com/jovensdemaria/artigos/comportamento/o-lado-positivo-e-o-negativo-da-tecnologia-em-qual-voce-esta>.
BIS, Colégio. Uso em excesso da tecnologia. 2018. Disponível em:
<https://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-dos-colegios-bis/uso-em-excesso-da-tecnologia/>.
PENHA, Anselmo. Dados a favor da saúde: como a tecnologia pode ajudar a salvar vidas. 2018.
Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/04/dados-favor-da-saude-como-tecnologia-pode-ajudar-salvar-vidas.html>.
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SOUZA, Brenno. Nomofobia: uso excessivo de celular pode levar à ansiedade, tremor e até
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IDOETA, Paula Adamo. Concentração perdida com uso de tecnologia 'pode ser recuperada'. 2013. Disponível
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em:
<http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2013/06/10/1029419/4-lados-negativos-da-tecnologia-estudantes.html>.
CAVALCANTI, Tatiana. Internet vicia! Excesso pode causar doenças e depressão. 2015. Disponível
em:
<https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/uso-excessivo-da-internet-pode-causar-doencas-como-depressao,0689cd0f280c3ec5d3d4d954174c7e4696ieRCRD.html>.
GLOBO, Agência. Tecnologias podem tratar transtornos mentais sem assistência humana. 2018. Disponível
em: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/07/tecnologias-podem-tratar-transtornos-mentais-sem-assistencia-humana.html>.
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