segunda-feira, 29 de outubro de 2018

A dualidade da Tecnologia Mobile: Uma reflexão sobre seus impactos na saúde e educação.


A dualidade da Tecnologia Mobile:

Uma reflexão sobre seus impactos na saúde e educação.

A reflexão sobre a dualidade da tecnologia nos dias atuais inicia ao perguntarmos “até que ponto a tecnologia está nos ajudando ou atrapalhando?”.
É certo que a tecnologia já mudou como a gente faz muitas coisas na vida, como a gente produz, consome e interage. A chamada “Revolução Tecnológica”, ou “Revolução Digital”, vem transformando os hábitos e comportamentos da sociedade, principalmente das crianças e jovens. O contato com smartphones, tablets e outros recursos tecnológicos está começando cada vez mais cedo, surgindo uma nova geração chamada de “nativos digitais” (SOPHIA, 2018) – crianças que já nascem conectadas.
Junto com elas, nascem as preocupações. Segundo o neurocientista Fernando Louzada para o Fantástico em 2015, o uso da tecnologia traz diversos benefícios para nossas vidas, como a união de pessoas distantes e a rapidez e qualidade nos processos, mas também podem comprometer a capacidade de interação social afastando pessoas próximas e torná-las menos tolerantes com esperas de pouco tempo.
É notável que boa parte das nossas tarefas diárias pode ser resolvida através da internet e de aplicativos mobile, permitindo que quase tudo seja feito de qualquer lugar, a qualquer momento, na palma de sua mão. Entretanto, jovens sentem-se pressionados a ficarem o dia inteiro conectados, a fim de se manterem informados e atentos às redes sociais, acreditando que dessa forma não serão excluídos de nada (AFFONSO, 2014).
            De acordo com a psicóloga Dora Goes para o portal R7 de notícias (2015), o uso abusivo dos celulares pode se transformar em transtorno psicológico, chamado nomofobia, ou o medo de ficar sem o celular (“no mobile phobia” em inglês). Segundo ela, o excesso está relacionado aos prejuízos que o uso acarreta na vida. O uso excessivo pode antecipar o surgimento de enfermidades como ansiedade, depressão, problemas oculares, dores na coluna, sedentarismo, entre outros (COLÉGIO BIS, 2018).
           
Confira o vídeo abaixo sobre alguns impactos da tecnologia na sociedade:


            Crianças e jovens estudantes sofrem dos impactos da tecnologia, afetando sua produtividade escolar. Segundo Martins (2014), manter a atenção e o interesse dos alunos se tornou um desafio maior ainda, por terem em mãos dispositivos que os dispersam facilmente diante de uma metodologia de ensino tradicional que não usa tecnologia. De acordo com Larry Rosen, professor da Universidade Estadual da Califórnia, em entrevista à BBC Brasil (2013) a capacidade média de concentração dos estudantes participantes de sua pesquisa foi de apenas 3 minutos, o que acaba afetando o seu desempenho escolar. Ainda segundo Larry (2013), esse “problema tende a se acentuar à medida que nos tornamos cada vez mais inseparáveis de tablets e smartphones - e as consequências podem ser ruins para nossa capacidade de ler, aprender e executar tarefas”.
            Segundo artigo da Universia Brasil (2013), a tecnologia acabou por provocar comportamentos de irritação, falta de paciência, erros de escrita e perda do hábito de interação social nos estudantes, se tornando um obstáculo na hora de estudar e em suas vidas pessoais.
Assim, de acordo com o psiquiatra Hewdy Lobo para o portal Terra (2015), “uma vez que se estabelece uma doença relacionada com o uso da internet, é necessário que se busque ajuda com profissional especializado, que poderá fazer o diagnóstico adequado e planejar a melhor intervenção para o caso”.
Por outro lado, devido à crescente demanda de pessoas por tratamentos e preocupações com a saúde, seja física ou mental, empresas vêm investindo positivamente em aplicativos e games para problemas sociais, deixando de lado apenas o entretenimento e alienação.
Por serem dispositivos de fácil acesso e que estão sempre acompanhando o ser humano, os smartphones acabam por oferecer auxílio em terapias, já que os aplicativos permitem o acompanhamento real dos pacientes, automonitoramento e a autointervenção ao registrar suas emoções, pensamentos e sintomas (KRISTENSEN, 2018).
A psicóloga Milene Rosenthal para a plataforma Átomo (2018) relata que as ferramentas tecnológicas acabam sendo essenciais para quem sobre de transtornos mentais por serem tão acessíveis e ajudarem a criar mais um meio de comunicação, já que elas desejam e precisam de alguém que as ouça e as compreenda.
Apesar disso, mesmo que ajude, psicólogos lembram que o tratamento online não substitui os tratamentos clínicos. Dependendo do grau da doença é recomendado que o paciente se consulte presencialmente.
            Como foi visto, crianças e jovens que estão em fase escolar já conhecem desde cedo o mundo com a tecnologia presente em seu dia a dia. Portanto, para confrontar os impactos da nomofobia, se torna necessário que o processo de ensino-aprendizagem também siga esse hábito para ter maior relação com a realidade dos estudantes. Ao utilizar tecnologias digitais as aulas se tornam mais atraentes e melhoram, assim, a qualidade e o desempenho nos estudos (SIMULARE, 2017), além de tornar as atividades mais dinâmicas e as experiências mais diferenciadas, conectando os estudantes com o mundo (SOPHIA, 2018).

Veja no vídeo abaixo como a tecnologia evoluiu no âmbito da educação:


            Segundo pesquisa da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais publicada no site Sophia (2018), aproximadamente 70% dos jovens brasileiros utilizam a internet para auxiliar em seus estudos. O portal Hypescience (2015) divulgou que aplicativos voltados à educação melhoraram não só o vocabulário de crianças, mas também o desempenho de jovens em suas notas finais, além de tornar mais interessante e terem mais envolvimento nas aulas que utilizavam dispositivos em sua didática, como tablets e smartphones.
            Os dispositivos móveis podem servir como assistentes virtuais, leitores de tela, conversores de mídia, meio de comunicação, transmissão de dados, informações, documentos e conhecimentos, uma plataforma de gestão de projetos e aprendizagem à distância (AFFONSO, 2014).
            Desde 2013, a Unesco incentiva o uso de dispositivos celulares em sala de aula. De acordo com o site de notícias IG (2013), a Unesco publicou um manual para governos dando 13 motivos e 10 dicas de como aproveitar a tecnologia móvel para garantir melhores resultados na escola. Entre alguns motivos estão: (1) otimização do tempo em sala de aula, (2) aprendizado em qualquer hora e lugar, (2) aproximação do aprendizado formal e informal, (3) facilitar o aprendizado personalizado, (4) melhora da comunicação e (5) aprendizagem contínua.
            Confira 5 aplicativos que auxiliam em transtornos mentais e na educação:
1. Querida Ansiedade
O “Querida Ansiedade” permite que o usuário escreva o que está sentindo, além de oferecer meditações e exercícios de respiração. A psicóloga que criou o aplicativo disponibiliza vídeos em que responde a perguntas frequentes sobre ansiedade.
2. Socratic
Utiliza inteligência artificial para auxiliar no aprendizado de diversos assuntos como ciências, biologia, química, história, inglês, entre outros. Além disso, auxilia na realização de lições de casa. Foi avaliado pelo Google como o melhor de sua plataforma, sendo um aplicativo bem concebido e extremamente útil.
3. Elevate
Aplicativo para quem deseja treinar habilidades relacionadas à memória, expressão, concentração. Permite ainda escanear textos e fazer cálculos.
4. Cíngulo
O aplicativo usa técnicas de autoterapia para melhorar a autoestima dos usuários (Baixa autoestima e falta de amor próprio provocam ansiedade). É através dessa técnica que o aplicativo oferece textos, vídeos e áudios que ajudam na reflexão sobre o autoconhecimento. Além dos textos e vídeos, há ferramentas de meditação, psicoterapia e autoajuda
5. Deprexis
Foi aprovado ainda esse ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É um aplicativo que ajuda a combater a depressão. Ele funciona de forma interativa, avaliando o usuário e mostrando o que ele sente durante toda a semana por 90 dias. Também são sugeridas soluções baseadas em terapia cognitivo-comportamental.
O objetivo maior é dar auxílio contra a depressão diagnosticada por um médico, e não substituir as consultas, pois é necessário incluir o número do registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) do médico, e ainda, pagar uma taxa de R$ 990 por três meses de uso.

            Mas afinal, qual a resposta da pergunta inicial?
            Segundo artigo do Colégio Bis publicado no portal do Estadão (2018), alertam para a utilização com responsabilidade: “a tecnologia e a internet não devem ser vistas como as vilãs – são excelentes ferramentas quando utilizadas com equilíbrio”. Em entrevista para a Época Negócios (2018), Vivienne Ming afirma que a solução para os problemas está no uso que se faz da tecnologia, “é apenas uma ferramenta”.
            Ana Luiza Ferrer, uma das desenvolvedoras do aplicativo Be Okay, voltado para tratar a ansiedade concorda em entrevista para o portal Átomo (2018):

Eu não acho que a tecnologia ajude nem atrapalhe. Ela é simplesmente uma ferramenta, nosso uso é que determina o impacto que ela tem em nós. É comum ouvirmos falar que as redes sociais geram ansiedade e depressão, mas elas podem fazer muito bem também. [...] É muito difícil equilibrar o impacto da internet na vida pessoal. Até coisas que aparentemente eram positivas podem ser fontes de negatividade dependendo do contexto ou do seu momento mental”.
               
                Portanto, ao que afirmam diversos especialistas, a resposta está no controle que temos sobre a tecnologia, sem excessos.

Referências Bibliográficas:

NUNES, Brunella. Games, apps e terapeutas on-line entram na luta contra a depressão: Como boas doses de tecnologia podem estar a nosso favor e até mesmo nos leve a encontrar meios que curem o mal do século 21. 2018. Disponível em: <https://atomo.cc/games-apps-e-terapeutas-on-line-entram-na-luta-contra-a-depress%C3%A3o-37c2bfe3c979>.

GLOBO, Agência. Tecnologias podem tratar transtornos mentais sem assistência humana. 2018. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/07/tecnologias-podem-tratar-transtornos-mentais-sem-assistencia-humana.html>.
ROMANZOTI, Natasha. Tecnologia na escola: ajuda ou atrapalha? 2015. Disponível em: <https://hypescience.com/tecnologia-na-escola-ajuda-ou-atrapalha/>.
MARCELO. Avanços tecnológicos: como eles impactam positivamente a educação. 2017. Disponível em: <https://simulare.com.br/blog/avancos-tecnologicos-impacto-positivo-educacao/>.
SOPHIA. Conheça os impactos da tecnologia no ensino. 2018. Disponível em: <https://www.sophia.com.br/blog/gestao-escolar/conheca-os-impactos-da-tecnologia-no-ensino>. 

PORVIR. Unesco recomenda o uso de celulares como ferramenta de aprendizado. 2013. Disponível em: <https://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-03-03/unesco-recomenda-o-uso-de-celulares-como-ferramenta-de-aprendizado.html>.

AFFONSO, Dolores. O lado positivo e o negativo da tecnologia: em qual você está? 2014. Disponível em: <http://www.a12.com/jovensdemaria/artigos/comportamento/o-lado-positivo-e-o-negativo-da-tecnologia-em-qual-voce-esta>.

BIS, Colégio. Uso em excesso da tecnologia. 2018. Disponível em: <https://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-dos-colegios-bis/uso-em-excesso-da-tecnologia/>. 

PENHA, Anselmo. Dados a favor da saúde: como a tecnologia pode ajudar a salvar vidas. 2018. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/04/dados-favor-da-saude-como-tecnologia-pode-ajudar-salvar-vidas.html>. 

FANTÁSTICO. Escolas debatem se usar tecnologia em sala ajuda ou atrapalha alunos. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/08/escolas-debatem-se-usar-tecnologia-em-sala-ajuda-ou-atrapalha-alunos.html>. 

SOUZA, Brenno. Nomofobia: uso excessivo de celular pode levar à ansiedade, tremor e até depressão. 2015. Disponível em: <https://noticias.r7.com/saude/nomofobia-uso-excessivo-de-celular-pode-levar-a-ansiedade-tremor-e-ate-depressao-19072015>. 

MARTINS, Carlos Wizard. Uso de tecnologia na sala de aula ajuda a prender a atenção dos alunos. 2014. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2014/05/11/uso-de-tecnologia-na-sala-de-aula-ajuda-a-prender-a-atencao-dos-alunos.htm>. 

IDOETA, Paula Adamo. Concentração perdida com uso de tecnologia 'pode ser recuperada'. 2013. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/11/131122_entrevista_rosen_concentracao_pai>. 

BRASIL, Universia. 4 lados negativos da tecnologia para estudantes. 2013. Disponível em: <http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2013/06/10/1029419/4-lados-negativos-da-tecnologia-estudantes.html>. 

CAVALCANTI, Tatiana. Internet vicia! Excesso pode causar doenças e depressão. 2015. Disponível em: <https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/uso-excessivo-da-internet-pode-causar-doencas-como-depressao,0689cd0f280c3ec5d3d4d954174c7e4696ieRCRD.html>. 

GLOBO, Agência. Tecnologias podem tratar transtornos mentais sem assistência humana. 2018. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/07/tecnologias-podem-tratar-transtornos-mentais-sem-assistencia-humana.html>. 

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