Pensar em um mundo disruptivo
é essencial para elevar a humanidade a patamares mais evoluídos no acesso aos
bens e serviços, como também a participação na organização desta sociedade.
Esta compreensão permite a busca do equilíbrio para a evolução da humanidade
frente a fluidez e a quantidade das informações, das mudanças, de novas
tecnologias. Esta elevação implica em realizar a autopesquisa sobre o mundo
disruptivo e suas características, especificamente quem e de que modo cada um quer
ser e estar neste mundo conectado.
Para nós, falar de um mundo
disruptivo implica em reconhecer o mundo de maneira descentralizada, fluida,
(des) conexa... ao mesmo tempo em que todos estão conectados a tudo e a todos,
nem todos se conectam as mesmas coisas ao mesmo tempo. Sendo que a velocidade e
a quantidade de informação provocam diferentes entendimentos sobre ser e estar
no mundo. Principalmente, questionar-se sobre a noção de qualidade de vida para
os seres humanos.
Infinitas são as iniciativas
em prol de uma melhor qualidade de vida dos seres humanos, como possibilitar
energia renovável aos vilarejos na África; cavar poço artesiano dando acesso à água
potável as comunidades que vivem em condições extremas de pobreza. Estas ações
só são e foram possíveis a partir do desenvolvimento de novas tecnologias e da
necessidade de descentralizar serviços humanitários para se adequarem as
diferentes realidades no mundo e vidas em comunidade não associadas aos jeitos
de viver dos centros urbanos.
A transformação da realidade
a partir deste entendimento leva-nos a problematizar como a pobreza extrema certamente
será algo que com o passar dos anos deixará de existir. A humanidade, com suas
ferramentas tecnológicas e disruptivas terá a grandeza de transformar a sua
realidade de guerras, fome e pobreza de um passado triste em um futuro de paz, abundância
e qualidade de vida. Isso tudo é um processo contínuo de investimento nas crianças de hoje que devem ser preparadas
para realizarem essa transição.
O Brasil é um país que pode
vim a ser exemplo em diferentes frentes nesse sentido. Nós, como nação, já
temos incutido a generosidade e a partilha no DNA. Esta comunhão é o modo
escolhido pela maior parte da população que vive na miséria, talvez a única
maneira de sobreviver. Para isso, é fundamental colocar uma educação
libertadora em primeiro lugar, como um sonho do novo mundo. Ou seja, levar
educação aos lugares mais extremos deve ser o objetivo principal das mentes
mais providas da atualidade. Por isso, investir nas crianças é crucial, sendo
que, no Brasil 46,5% vivem em famílias pobres.
Podemos pensar em um salto quântico,
levando o conhecimento através de ambientes virtuais de aprendizagem para todas
as periferias brasileiras. É uma excelente maneira para atrair estas crianças
ao mundo do conhecimento infinito com ferramentas que ensinem a cooperação e a criação
de um mundo totalmente disruptivo, aonde a realidade se configure em um
ambiente onde tudo possa ser transformado, desde os espaços urbanos complexos e
sem organização até o próprio Estado, que parece não mais atender as esperanças
da população brasileira, seja através das demandas ou da representatividade dos
políticos em decadência.
Para uma ação disruptiva
desta amplitude, é preciso uma verdadeira estratégia, que possa surgir nos
centros de ensino superiores. É necessário que trabalhem em rede com o
compromisso de levar a abundância de conhecimento as mentes brasileiras. O trabalho
com a robótica na infância, por exemplo, pode ter uma significação para que ela
seja utilizada para servir a fins pacíficos. Atualmente, não
vislumbramos outras funcionalidades para ferramentas somente associadas as
questões bélicas, como os drones e robôs, que foram e são criados para
viabilizar novas guerras.
Os investimentos em
ferramentas que qualifiquem o acesso a bens e serviços de maneira
descentralizada dos meios de produção podem contribuir para a evolução dos
modos de vida da população brasileira. Como a ferramenta blockhain, que poderá ser utilizada para dar mais transparência às licitações
públicas, visando o fim do escarnio com o dinheiro da sociedade, evitando a
lavagem de dinheiro do tráfico e o financiamento de novas guerras forjadas,
possibilitando, essencialmente, o uso do dinheiro publico para ressignificação
da qualidade de vida.
Por exemplo, a impressão 3D que
já constrói casas e alojamentos, podem
ser utilizadas nos planos de contingências para enfrentamento das calamidades
produzidas por desastres naturais, na construção de novas cidades planejadas e
até órgãos para substituir os comprometidos por doenças degenerativas.
Acreditamos que o mundo será
em nuvem. A partir deste entendimento, nenhuma fórmula que vise a cura e o bem
da humanidade poderá ser escondida. Tudo será distribuído para melhorar a
qualidade da vida. As redes de informações, coletivos, ideais, todos
compartilhados elevarão a humanidade a patamares de colaboração, de
coletividade e de realização de trocas igualitárias e específicas a cada
realidade, grupo, pessoas e suas relações.
O objetivo deste texto é
sonhar com um mundo melhor, mas é claro que a necessidade do agora e da
existência são cruciais, pois sem proporcionar as condições adequadas às crianças
de agora, muitas das coisas pensadas podem vim a ser apenas um sonho.
Em termos de estratégia já
existe iniciativas que primam pela descentralização de bens e serviços como a Decentralized Autonomous Organization - DAO,
um sistema automatizado incorruptível, descentralizado, criando linha de código
imutável, imparável, irrefutável.
A DAO prima pela inclusão, dentre outros valores, ao utilizar “contratos inteligentes na
blockchain Ethereum para que qualquer pessoa, em qualquer lugar no mundo pode
ser habilitada a participar”. Dessa forma, é sustentada pela auto-regulação
e não influência de forças externas. Segundo ela, sua formação é constituída de
grupos de indivíduos like-minded. Estes grupos apresentam projetos
e objetivos em mente específicos, sendo formados através de consenso. Sua
descentralidade configura-se no modo até de como é estipulada sua autoridade, a
qual é definida através de apoio voluntário e, em última instância, os efeitos
de rede.
A experiência disponibilizada
pelo DAO é sua configuração através de um software, pois exige dos atores no
mundo físico a realização dos serviços, mas torna disponível os diferentes
atores disponíveis para sua realização. Ou seja, ele não tem a capacidade de
realização das tarefas, fabricação dos produtos, escrever os códigos,
desenvolver os códigos, mas possibilita para a maioria das tarefas os chamados Contractors. Dessa forma, “o DAO é livre
para trabalhar com tantas ou tão poucas Contractors
no mundo real como lhe aprouver”.
O funcionamento do DAO segue
o seguinte fluxo de processos: os atores apresentam propostas de
desenvolvimento de produtos ou serviços. Estas propostas são escritas na planície
e apoiadas por um código de software na forma de um contrato inteligente que
define a relação entre o DAO e o Contratante. São definidas as entregas, as responsabilidades
e os parâmetros operacionais. Sua forma de organização permite ainda a
substituição de um contratante para uma determinada proposta, o que viabiliza a
continuidade dos projetos independente de quem os realiza.
Esta forma de funcionamento
das relações entre contratante, contratados, clientes e suas comunidades
leva-nos a refletir sobre diferentes acontecimento por nós vivenciados no
Brasil. Imaginemos a votação do impeachment realizada pela Câmara dos Deputados,
em que todo o deputado só pudesse votar se a maioria dos seus eleitores
apoiassem a proposta. Isso seria de fato uma verdadeira democracia, poderia ser
feito com o DAO e os cidadãos teriam poder de controlar o seu representante político
de maneira transparente e caso não fosse aprovado ele deixaria de existir, pois
o voto a respeito de temas importantes seria direto através de contratos.
Outro exemplo, relacionados
as licitações, a empresa escolhida deve cumprir dez critérios estipulados pelas
linhas de códigos escritos pela sociedade contratante, como exemplos de critérios:
uma empresa que nunca se corrompeu ou que nunca abandono uma obra pública ou
que possui os preços mais baixos do mercado e bons serviços... Isso tudo poderá
ser escrito por linhas de códigos e o próprio sistema tomará a decisão de forma
decentralizada.
Também podemos falar sobre
como espalhar os ambientes virtuais de aprendizagem nas periferias do Brasil e
do mundo. Podemos definir os critérios e as empresas ou instituições se
cadastram para participar. As melhores ou somente as melhores partes delas
podem contribuir o melhor projeto de maneira colaborativo para implementação de
ambientes AVA por toda a periferia.
Muitas ações são possíveis,
por isso é preciso desconstruir certas práticas que não tem mais dado resultado
para a nossa sociedade. É preciso investir em projetos disruptivos e altamente
descentralizados, formas novas de organizar o mundo, em que a corrupção fique
para o último plano e a ação seja em prol da humanidade.

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