
As pessoas são diferentes, não há dúvida sobre isso, e no ambiente educacional isso significa que haverá diferentes formas pelas quais os alunos vão absorver o conteúdo apresentado. Mas será que isso realmente influência o aprendizado dos alunos?
O argumento a favor de diferentes estilos de aprendizado diz
que diferentes alunos têm diferentes formas de aprender e que seu aprendizado pode
ser aprimorado ao se adequar a forma de ensino à preferência do aluno. Alguns
alunos são mais visuais, outros mais auditivos, outros precisam tocar algo que
represente o que está sendo ensinado. Partindo desse argumento, isso quer dizer
que os educadores devem se esforçar mais para se adequar ao estilo de
aprendizado de cada aluno?
Revisões literárias (Pashler
et al, 2008; Coffield
et al, 2004; Kavale
et al, 1998) tem consistentemente mostrado que, apesar das preferências
existirem, atender à preferência de cada aluno não leva a um melhor aprendizado
por tal aluno.
Muitos educadores podem argumentar que tem experimentado
melhora no aprendizado de seus alunos ao incorporarem conceitos sobre os
diferentes estilos em seus ensinos. Aqui é possível destacar que diversos
outros fatores podem entrar em jogo para tal melhora do ensino, não se
restringindo somente ao uso de diferentes estilos. Uma habilidade ou
experiência do professor e conhecimento dos alunos pode influenciar quanto do
material será absorvido pelos alunos, ou talvez apenas a maior exposição aos
conteúdos por diferentes pontos de vista funcione como um reforço extra para
que o conteúdo seja efetivamente absorvido.
Muitas vezes se confunde habilidades diferentes dos alunos
com estilo. Essa confusão pode levar a caracterizar um conhecimento ou
interesse prévio do tema como um diferente estilo que favorece o aprendizado de
certos alunos. Algumas outras habilidades também podem ser confundidas com
estilo, por exemplo uma habilidade de um aluno em relembrar bem de detalhes e a
facilidade de outro em enxergar a imagem completa, no longo prazo.
Pode ainda ser muito cedo para dizer que estilos de
aprendizado realmente não existem, mas não há evidências o suficiente para
justificar mudanças no sistema de ensino baseadas na teoria de estilos de
aprendizado. Aqui voltamos à concepção de que cada aluno é diferente e
diferentes abordagens podem auxiliar sim o aprendizado, mas tal aprendizado não
deve ser direcionado pelos possíveis estilos apresentados pelos alunos, pelo
menos não até que haja mais evidencia reforçando a teoria.
Para saber mais: The Myth of Learning Styles por Cedar Riener e Daniel Willingham
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