Muitos dos acontecimentos e práticas políticas ocorridas nos últimos anos estão obtendo apoio do desenvolvimento de novas tecnologias. A apropriação de tecnologias de informações pelos movimentos sociais tem favorecido o surgimento de novas formas de protestos.
O resultado da utilização da internet pela sociedade pode ser destacado como fundamental, já que se tornou um meio essencial de comunicação e informação. Por meio dos novos canais fornecidos pela internet, os movimentos sociais conseguem se organizar e trazer questões e discussões que interessam determinado tipo de público, que tem interesses em comum. Assim, a internet se torna uma ferramenta muito importante que auxilia na criação de espaços interativos próprios e que conduzam a novas formas de reflexão.
Em Redes de indignação e esperança, Manuel Castells, apresenta relatos atentos ao contexto específico das lutas, ressaltando a importância de compreender os movimentos sociais em seu processo de formação, dinâmica, valores e perspectivas de transformação social. Sempre destacando o papel da comunicação no processo de compartilhamento de significados e troca de informações. Nos dias de hoje, tais manifestações baseiam-se em redes dinâmicas autônomas, propiciadas sobretudo pela internet e as redes sociais. Esses instrumentos criaram um “espaço de autonomia” para a troca de informações e para a partilha de sentimentos coletivos de indignação e esperança, possibilitando um novo modelo de participação cidadã.
Movimentos sociais conectados espalharam-se primeiro no mundo árabe, e foram confrontados com violência, conhecida como “Primavera Árabe”, foi uma onda de protestos e revoluções ocorridas no Oriente Médio e norte do continente africano em que a população foi às ruas para derrubar ditadores ou reivindicar melhores condições sociais de vida. Na Espanha, onde o movimento ficou conhecido como “15 M”, que se tratou de protestos que reivindicam uma mudança na política e na sociedade espanhola, pois os manifestantes consideram que os partidos políticos não os representam nem tomavam medidas que os beneficiavam. E nos Estados Unidos, em que o movimento ficou conhecido como “Occupy Wall Street”, as manifestações inspiraram-se nos movimentos árabes pela democracia, e protestavam contra a desigualdade econômica e social, a ganância, a corrupção e a indevida influência das empresas, sobretudo do setor financeiro, no governo dos Estado Unidos. Esse último movimento repercutiu no Brasil, formando manifestações no Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Diante disso, há uma reflexão a respeito dos movimentos que ocorreram percebendo que esses movimentos dependem de aspectos emocionais. Dessa forma, Castells ressalta a importância de emoções como raiva, entusiasmo e medo, relacionadas respectivamente a busca por justiça, engajamento e superação num sentimento em comum. Aponta ainda, outras características, como a espontaneidade, o poder das imagens, autorreflexão, horizontalidade de suas redes, percebendo que tais movimentos produziram, internamente, seus próprios antídotos contra a disseminação dos valores sociais e costumes que combatiam. Outra característica dos novos movimentos sociais é que são locais e globais ao mesmo tempo.
As imagens e notícias veiculadas no “ciberespaço” se espalham com uma velocidade surpreendente. Nessa nova interação, os movimentos expressam uma profunda consciência da interligação de questões e problemas da humanidade tornando tudo visível e de conhecimento de todos membros dessa “comunidade”. Desse modo é possível perceber o quão importante se tornou essa ferramenta que é a internet, e como tem possibilitado diversos avanços num modo geral, seja na educação, no trabalho, meio de notícia e também de movimento sociais.
Referências
CASTELLS, Manuel. Redes de Indignação e Esperança: Movimentos Sociais na Era da Internet. São Paulo: Zahar, 2013.
PEREIRA, Marcus Abílio. Internet e mobilização política: os movimentos sociais na era digital. Rio de Janeiro, 2011.




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