Fonte: Iberdrola
Nos
últimos anos, criar um aplicativo deixou de ser privilégio de especialistas em
linguagens de programação. Plataformas de desenvolvimento visual mais
conhecidas como low-code e no-code têm permitido que qualquer
pessoa, de empreendedores iniciantes a professores universitários, construa
sistemas completos arrastando blocos, conectando fluxos e configurando
interfaces com poucos cliques. A tendência ganhou força global após a pandemia,
quando a demanda por soluções digitais cresceu de forma explosiva e ferramentas
como Bubble (https://bubble.io), Webflow
(https://webflow.com) e FlutterFlow
(https://flutterflow.io)
passaram a fazer parte do cotidiano de startups e instituições de ensino. O que
antes exigia meses de programação hoje pode ser prototipado em horas,
redefinindo o ritmo da inovação digital. Segundo o Gartner
(https://www.gartner.com/en/articles/what-is-low-code-development), o low-code
é uma das tecnologias que mais crescem no mundo, impulsionada pela necessidade
de soluções rápidas, acessíveis e escaláveis.
De forma
simples, low-code é uma abordagem que permite criar softwares por meio de
interfaces visuais e componentes pré-prontos, reduzindo drasticamente a
necessidade de escrever código manualmente. Já o no-code vai além: possibilita
construir aplicações completas sem escrever uma linha de código. A lógica
lembra montar estruturas com peças de Lego, as partes já existem, basta
conectá-las para formar algo funcional e complexo. Hoje, plataformas como Glide
(https://www.glideapps.com),
Adalo (https://www.adalo.com)
e Framer (https://www.framer.com)
permitem desenvolver apps móveis, sites profissionais ou sistemas internos de
maneira intuitiva. Paralelamente, ferramentas de automação como n8n (https://n8n.io), Make.com (https://make.com) e Zapier (https://zapier.com) possibilitam
integrar serviços, enviar mensagens automáticas, construir rotinas inteligentes
e articular fluxos complexos sem necessidade de conhecimento em back-end. O
low-code, portanto, não é apenas um atalho: ele se tornou uma ponte entre
pessoas e tecnologia, ampliando radicalmente quem pode criar soluções digitais.
A explosão
dessa tendência está diretamente ligada a uma combinação rara de fatores. O
primeiro é a escassez global de programadores, um problema amplamente
documentado por relatórios da McKinsey e do LinkedIn Workforce Report, que
estimam um déficit de mais de 85 milhões de profissionais de tecnologia até
2030. O segundo fator é a digitalização acelerada pós-pandemia, que obrigou
empresas e instituições educacionais a migrarem rapidamente para o ambiente
online. Nesse processo, as tradicionais equipes de desenvolvimento, caras e
lentas, tornaram-se inviáveis para muitos projetos urgentes. Soma-se a isso a
crescente cultura do faça você mesmo digital, impulsionada por tutoriais e
comunidades no YouTube, TikTok e Discord, que democratizaram o aprendizado de
ferramentas visuais. Outro elemento central é a popularização dos microaplicativos
e das integrações automáticas pequenos sistemas que se comunicam e resolvem
problemas específicos com rapidez. Por fim, a chegada da Inteligência
Artificial como copiloto de criação, com ferramentas como GitHub Copilot,
ChatGPT, Gemini e Replit Agents, facilitou ainda mais o processo: hoje é
possível pedir à IA para gerar telas, escrever lógica, conectar APIs e até
criar aplicativos completos orientados por prompts. A convergência entre IA e
low-code acelerou a adoção dessas plataformas e expandiu seu potencial,
transformando-as em centros de criação quase autônomos.
Apesar de
ser visto por muitos como algo básico ou limitado, o low-code já provou ser
capaz de gerar soluções complexas. Startups inteiras foram construídas em Bubble
e receberam investimentos milionários. Produtos de alto nível visual, como
landings e dashboards corporativos, são desenvolvidos diariamente em Webflow.
Aplicativos robustos, com autenticação, banco de dados e lógica de negócio
sofisticada, estão surgindo em FlutterFlow, que inclusive permite exportar o
código em Dart. Na esfera corporativa, empresas utilizam Airtable, Notion e
ferramentas de automação visual para montar CRMs internos, sistemas de gestão e
fluxos operacionais sem depender de desenvolvedores tradicionais. O resultado é
um ecossistema no qual a velocidade importa mais do que a complexidade da
tecnologia usada nos bastidores.
No campo
educacional, o impacto é ainda mais profundo. Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVAs) estão incorporando ferramentas low-code para permitir que
professores criem atividades, trilhas interativas e espaços personalizados sem
intermediários técnicos. Estudantes, por sua vez, passaram a usar low-code como
forma de aprendizagem ativa: em vez de apenas consumir teoria, eles produzem
aplicativos, protótipos e soluções reais, reforçando o protagonismo do aluno no
processo de aprendizagem em rede. Esse movimento transforma o papel do
educador, que deixa de ser apenas transmissor de conteúdo e passa a atuar como
designer de experiências digitais. Além disso, comunidades online de Webflow,
Glide, Bubble e n8n funcionam como verdadeiros AVAs descentralizados, onde
milhares de usuários aprendem colaborativamente, compartilham projetos e
resolvem problemas em rede uma extensão natural das teorias de educação
conectivista.
A união
entre low-code e Inteligência Artificial está abrindo um novo capítulo. O
código está deixando de ser o centro do desenvolvimento e dando lugar à lógica,
ao design e à capacidade humana de formular boas instruções. Agentes
inteligentes já conseguem criar fluxos inteiros de automação, testar
funcionalidades, gerar bancos de dados, montar dashboards e revisar integrações
automaticamente. O futuro aponta para ferramentas capazes de transformar ideias
em produtos com mínimo esforço técnico. Isso redefine não apenas a forma como
softwares são desenvolvidos, mas também quem participa desse processo. Startups
podem validar MVPs em dias; escolas podem construir ambientes educacionais
completos sem depender de equipes especializadas; criadores independentes podem
lançar produtos digitais financeiros, educacionais e comerciais com custos
próximos de zero.
Embora
ofereça benefícios evidentes, o low-code também traz desafios: riscos de
dependência de plataformas fechadas, grandes limitações arquiteturais, questões
de segurança e a falsa sensação de simplicidade absoluta quando, na prática,
projetos medianos ainda exigem lógica, organização e entendimento tecnológico.
Contudo, esses riscos não diminuem o impacto transformador da tendência. Pelo
contrário, reforçam a necessidade de uma educação digital que prepare alunos e
profissionais para entender tanto as vantagens quanto os limites dessas
ferramentas.
Se antes
programar era uma habilidade restrita a especialistas, o low-code e a IA
transformaram o cenário, democratizando a criação tecnológica e abrindo espaço
para uma nova geração de construtores digitais. Mais do que uma inovação
técnica, trata-se de uma mudança cultural profunda, que está remodelando
startups, processos educativos e a própria forma como nos relacionamos com a
tecnologia. Programar visualmente é, cada vez mais, uma competência essencial e seu domínio representa um passo importante
para o futuro da inovação e do aprendizado em rede.
GARTNER. What
is Low-Code Development? Disponível em:
https://www.gartner.com/en/articles/what-is-low-code-development. Acesso em: 17
nov. 2025.
MCKINSEY
& Company. The future of work: Tech talent gap. Disponível em: https://www.mckinsey.com.
Acesso em: 17 nov. 2025.
BUBBLE. Plataforma
oficial. Disponível em: https://bubble.io.
Acesso em: 17 nov. 2025.
WEBFLOW. Website
Builder. Disponível em: https://webflow.com.
Acesso em: 17 nov. 2025.
FLUTTERFLOW.
Mobile Builder. Disponível em: https://flutterflow.io. Acesso em: 17 nov. 2025.
IIBERDROLA https://www.iberdrola.com/quem-somos/nosso-modelo-inovacao/low-code
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