segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Programação visual: por que o low-code está dominando startups e ambientes educacionais

 

              Fonte: Iberdrola


Nos últimos anos, criar um aplicativo deixou de ser privilégio de especialistas em linguagens de programação. Plataformas de desenvolvimento visual mais conhecidas como low-code e no-code têm permitido que qualquer pessoa, de empreendedores iniciantes a professores universitários, construa sistemas completos arrastando blocos, conectando fluxos e configurando interfaces com poucos cliques. A tendência ganhou força global após a pandemia, quando a demanda por soluções digitais cresceu de forma explosiva e ferramentas como Bubble (https://bubble.io), Webflow (https://webflow.com) e FlutterFlow (https://flutterflow.io) passaram a fazer parte do cotidiano de startups e instituições de ensino. O que antes exigia meses de programação hoje pode ser prototipado em horas, redefinindo o ritmo da inovação digital. Segundo o Gartner (https://www.gartner.com/en/articles/what-is-low-code-development), o low-code é uma das tecnologias que mais crescem no mundo, impulsionada pela necessidade de soluções rápidas, acessíveis e escaláveis.

De forma simples, low-code é uma abordagem que permite criar softwares por meio de interfaces visuais e componentes pré-prontos, reduzindo drasticamente a necessidade de escrever código manualmente. Já o no-code vai além: possibilita construir aplicações completas sem escrever uma linha de código. A lógica lembra montar estruturas com peças de Lego, as partes já existem, basta conectá-las para formar algo funcional e complexo. Hoje, plataformas como Glide (https://www.glideapps.com), Adalo (https://www.adalo.com) e Framer (https://www.framer.com) permitem desenvolver apps móveis, sites profissionais ou sistemas internos de maneira intuitiva. Paralelamente, ferramentas de automação como n8n (https://n8n.io), Make.com (https://make.com) e Zapier (https://zapier.com) possibilitam integrar serviços, enviar mensagens automáticas, construir rotinas inteligentes e articular fluxos complexos sem necessidade de conhecimento em back-end. O low-code, portanto, não é apenas um atalho: ele se tornou uma ponte entre pessoas e tecnologia, ampliando radicalmente quem pode criar soluções digitais.

A explosão dessa tendência está diretamente ligada a uma combinação rara de fatores. O primeiro é a escassez global de programadores, um problema amplamente documentado por relatórios da McKinsey e do LinkedIn Workforce Report, que estimam um déficit de mais de 85 milhões de profissionais de tecnologia até 2030. O segundo fator é a digitalização acelerada pós-pandemia, que obrigou empresas e instituições educacionais a migrarem rapidamente para o ambiente online. Nesse processo, as tradicionais equipes de desenvolvimento, caras e lentas, tornaram-se inviáveis para muitos projetos urgentes. Soma-se a isso a crescente cultura do faça você mesmo digital, impulsionada por tutoriais e comunidades no YouTube, TikTok e Discord, que democratizaram o aprendizado de ferramentas visuais. Outro elemento central é a popularização dos microaplicativos e das integrações automáticas pequenos sistemas que se comunicam e resolvem problemas específicos com rapidez. Por fim, a chegada da Inteligência Artificial como copiloto de criação, com ferramentas como GitHub Copilot, ChatGPT, Gemini e Replit Agents, facilitou ainda mais o processo: hoje é possível pedir à IA para gerar telas, escrever lógica, conectar APIs e até criar aplicativos completos orientados por prompts. A convergência entre IA e low-code acelerou a adoção dessas plataformas e expandiu seu potencial, transformando-as em centros de criação quase autônomos.

Apesar de ser visto por muitos como algo básico ou limitado, o low-code já provou ser capaz de gerar soluções complexas. Startups inteiras foram construídas em Bubble e receberam investimentos milionários. Produtos de alto nível visual, como landings e dashboards corporativos, são desenvolvidos diariamente em Webflow. Aplicativos robustos, com autenticação, banco de dados e lógica de negócio sofisticada, estão surgindo em FlutterFlow, que inclusive permite exportar o código em Dart. Na esfera corporativa, empresas utilizam Airtable, Notion e ferramentas de automação visual para montar CRMs internos, sistemas de gestão e fluxos operacionais sem depender de desenvolvedores tradicionais. O resultado é um ecossistema no qual a velocidade importa mais do que a complexidade da tecnologia usada nos bastidores.

No campo educacional, o impacto é ainda mais profundo. Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) estão incorporando ferramentas low-code para permitir que professores criem atividades, trilhas interativas e espaços personalizados sem intermediários técnicos. Estudantes, por sua vez, passaram a usar low-code como forma de aprendizagem ativa: em vez de apenas consumir teoria, eles produzem aplicativos, protótipos e soluções reais, reforçando o protagonismo do aluno no processo de aprendizagem em rede. Esse movimento transforma o papel do educador, que deixa de ser apenas transmissor de conteúdo e passa a atuar como designer de experiências digitais. Além disso, comunidades online de Webflow, Glide, Bubble e n8n funcionam como verdadeiros AVAs descentralizados, onde milhares de usuários aprendem colaborativamente, compartilham projetos e resolvem problemas em rede uma extensão natural das teorias de educação conectivista.

A união entre low-code e Inteligência Artificial está abrindo um novo capítulo. O código está deixando de ser o centro do desenvolvimento e dando lugar à lógica, ao design e à capacidade humana de formular boas instruções. Agentes inteligentes já conseguem criar fluxos inteiros de automação, testar funcionalidades, gerar bancos de dados, montar dashboards e revisar integrações automaticamente. O futuro aponta para ferramentas capazes de transformar ideias em produtos com mínimo esforço técnico. Isso redefine não apenas a forma como softwares são desenvolvidos, mas também quem participa desse processo. Startups podem validar MVPs em dias; escolas podem construir ambientes educacionais completos sem depender de equipes especializadas; criadores independentes podem lançar produtos digitais financeiros, educacionais e comerciais com custos próximos de zero.

Embora ofereça benefícios evidentes, o low-code também traz desafios: riscos de dependência de plataformas fechadas, grandes limitações arquiteturais, questões de segurança e a falsa sensação de simplicidade absoluta quando, na prática, projetos medianos ainda exigem lógica, organização e entendimento tecnológico. Contudo, esses riscos não diminuem o impacto transformador da tendência. Pelo contrário, reforçam a necessidade de uma educação digital que prepare alunos e profissionais para entender tanto as vantagens quanto os limites dessas ferramentas.

Se antes programar era uma habilidade restrita a especialistas, o low-code e a IA transformaram o cenário, democratizando a criação tecnológica e abrindo espaço para uma nova geração de construtores digitais. Mais do que uma inovação técnica, trata-se de uma mudança cultural profunda, que está remodelando startups, processos educativos e a própria forma como nos relacionamos com a tecnologia. Programar visualmente é, cada vez mais, uma competência essencial  e seu domínio representa um passo importante para o futuro da inovação e do aprendizado em rede.

 



GARTNER. What is Low-Code Development? Disponível em: https://www.gartner.com/en/articles/what-is-low-code-development. Acesso em: 17 nov. 2025.

MCKINSEY & Company. The future of work: Tech talent gap. Disponível em: https://www.mckinsey.com. Acesso em: 17 nov. 2025.

BUBBLE. Plataforma oficial. Disponível em: https://bubble.io. Acesso em: 17 nov. 2025.

WEBFLOW. Website Builder. Disponível em: https://webflow.com. Acesso em: 17 nov. 2025.

FLUTTERFLOW. Mobile Builder. Disponível em: https://flutterflow.io. Acesso em: 17 nov. 2025.

IIBERDROLA https://www.iberdrola.com/quem-somos/nosso-modelo-inovacao/low-code

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