domingo, 8 de junho de 2025

A Inteligência Artificial Está Mudando o Jeito Como Pensamos, E Nem Percebemos.

Disciplina: EGC5019-09304/10301 (20251) - Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Autora: Luíza Feltrin Gohr Stokler

Matrícula: 22100981


    A inteligência artificial (IA) já deixou de ser um conceito distante e futurista: está presente em nosso cotidiano e em constante evolução. Ela permeia nossos dispositivos e plataformas digitais, transformando a forma como pensamos e percebemos o mundo, muitas vezes sem que notemos a profundidade dessa mudança. Desde assistentes de voz que respondem às nossas perguntas até algoritmos que processam nosso feed de notícias e sugerem o próximo filme, a IA está sempre analisando dados e influenciando nossas escolhas e percepções. 

    Especialistas preveem que, na próxima década, a IA terá um impacto profundo e significativo no pensamento humano. Há otimismo quanto à ampliação da curiosidade, da capacidade de aprendizado, da tomada de decisões e da criatividade. Porém, também existem preocupações sobre o enfraquecimento de traços humanos essenciais, como inteligência social e emocional, empatia, julgamento moral, pensamento profundo e bem-estar mental. A crescente dependência da tecnologia e a delegação de tarefas cognitivas podem agravar a polarização, ampliar desigualdades e reduzir a autonomia humana. 

Fonte:https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2024/07/12/ia-turbina-criatividade-individual-de-escritor-mas-reduz-diversidade-coletiva-de-ideias.ghtml


O Pensamento Terceirizado: Quando a Máquina Responde Antes Mesmo de Perguntarmos

    Você ainda pensa por conta própria?     Pode parecer uma pergunta exagerada, afinal, pensamos o tempo todo. Mas e quando escolhemos um filme na Netflix ou um produto em um site? Quanto dessa decisão é realmente sua e quanto é influenciado por algoritmos?     Ao digitar no Google, ele já completa sua pergunta. No Instagram, sabe o que vai prender sua atenção por vários minutos. A IA não espera que você peça: ela antecipa, sugere, escolhe. Essa eficiência é tentadora, até lembrarmos que o cérebro funciona como um músculo e precisa ser exercitado. Quando tudo é entregue pronto, deixamos de treinar habilidades como comparar, analisar, imaginar e lembrar. Pensar exige esforço, e a IA, em nome da praticidade, tem feito esse esforço por nós.     Esse fenômeno, conhecido como desoneração cognitiva ("cognitive offloading"), refere-se à tendência de delegarmos tarefas mentais a ferramentas externas, o que pode enfraquecer habilidades cognitivas ao longo do tempo. A “IA degenerativa” descreve o impacto silencioso da dependência excessiva de tecnologias que torna as pessoas mentalmente mais passivas. Estudos mostram que o uso frequente de GPS, calculadoras e outras ferramentas digitais tem levado à perda de habilidades básicas: 92% das pessoas que usam aplicativos de navegação não conseguem se orientar sem eles (Universidade de Stanford); 83% dos adultos não lembram números de telefone próximos (Universidade de Oxford); e a maioria depende de calculadoras para operações simples (Universidade de Harvard). A regra é clara: “o que não se usa, se perde”.

    Ferramentas sofisticadas, como o ChatGPT, intensificam essa “preguiça mental” e o chamado “pensamento terceirizado”. Assim como GPS e calculadoras, a IA avançada pode eliminar a necessidade de pensar e criar, sufocando a criatividade, o pensamento crítico e o bem-estar mental. Quando a IA não apenas facilita, mas toma decisões e sugere soluções, o risco é a diminuição da curiosidade e da reflexão crítica, gerando uma reprodução mecânica de informações. 

Veja os dados na notícia da CNN Brasil aqui

Recompensas Imediatas e o Pensamento Raso 

    As redes sociais e suas IAs foram projetadas para nos manter engajados, utilizando recompensas rápidas como likes, vídeos curtos e conteúdos fáceis de consumir. Cada notificação ativa uma dose de dopamina, reforçando o hábito de pensar pouco e consumir rápido. Essa dinâmica prejudica nossa capacidade de foco, leitura profunda e contemplação, o pensamento se torna superficial porque o estímulo é superficial. E quem se beneficia disso? Nem sempre somos nós. 

  O uso excessivo dessas plataformas altera o funcionamento cerebral, especialmente dos neurotransmissores ligados ao bem-estar. Estímulos constantes disparam a produção rápida de dopamina, criando prazer imediato, mas dificultando que o cérebro produza essa molécula em atividades que demandam mais esforço. Isso fomenta o imediatismo e a impulsividade. Além disso, checar redes sociais antes de dormir pode causar insônia, pois a luz e os estímulos inibem a produção de melatonina. 

    Clique aqui para saber sobre os impactos das redes sociais na saúde mental.     Clique aqui para saber jeitos de obter dopamina fora das redes sociais.

    O comodismo da atenção e a erosão do pensamento profundo são desafios sérios. Plataformas maximizam engajamento e coleta de dados usando notificações, rolagem infinita e recompensas variáveis de dopamina, resultando em mais tempo de tela e picos rápidos de prazer. Porém, o custo cognitivo é a transformação dos nossos hábitos mentais, que passam a privilegiar uma “atenção ampla, mas rasa”. Isso torna o foco profundo e o pensamento crítico mais difíceis, criando uma intoxicação de informações, que prejudica a análise crítica. Socialmente, isso pode gerar uma população menos preparada para lidar com questões complexas, mais suscetível ao sensacionalismo e menos inclinada ao conhecimento que exige esforço. 

    Para entender melhor o impacto das redes sociais no nosso comportamento, vale muito a pena assistir ao documentário “O Dilema das Redes” (The Social Dilemma), disponível na Netflix. O filme revela como as plataformas são projetadas para capturar e manipular nossa atenção, explorando mecanismos psicológicos para maximizar o tempo que passamos online. Especialistas e ex-executivos de grandes empresas de tecnologia expõem como a busca por engajamento pode comprometer o bem-estar mental, aumentar a polarização social e reduzir a nossa capacidade de pensar criticamente. 






Cocriação ou Dependência? O Dilema da IA Generativa e a Criatividade humana.

     Ferramentas como o ChatGPT são impressionantes: ampliam ideias, aceleram projetos, ensinam e inspiram. Mas também apresentam riscos de preguiça intelectual. Se tudo pode ser gerado automaticamente, por que escrever, refletir, errar e revisar? A linha entre usar a IA como trampolim e como muleta é tênue. Verdadeira criatividade nasce do esforço, da incerteza e do atrito e não da resposta pronta.
    A IA generativa, capaz de criar textos, imagens, áudios e vídeos, abre um intenso debate sobre seu papel na criatividade humana. Por um lado, é uma poderosa ferramenta de amplificação, possibilitando explorar novos horizontes e aumentando produtividade. Por outro, a subjetividade humana permanece essencial para a expressividade artística genuína. A criatividade humana envolve nuances, emoções e contextos culturais que as máquinas ainda não dominam. A criatividade computacional é limitada pelos dados e algoritmos programados, enfrentando desafios para replicar a intuição e o contexto humanos.

    O uso excessivo da IA pode levar a produções artificiais e homogêneas, perda da capacidade de inovação e confiança excessiva na tecnologia. Conteúdos gerados sem modificações tendem a ser menos originais, e quando usados para treinar outros modelos, podem gerar uma “espiral negativa”. A facilidade da IA em gerar respostas pode “ancorar” o pensamento humano, limitando a diversidade de ideias e dificultando o surgimento de estilos próprios.
Além disso, a capacidade da IA de gerar conteúdo levanta questões complexas sobre autoria e direitos autorais. É essencial distinguir entre o que é “feito pela IA” (máquina protagonista) e “feito com IA” (IA como ferramenta no processo criativo humano).

O lado bom: repensando o pensar com a IA

    
    A IA não é vilã, ela pode ser nossa aliada. Pode nos livrar de tarefas repetitivas, ampliar nosso acesso ao conhecimento e até nos inspirar, mas isso exige consciência. A pergunta que devemos fazer não é “isso é útil?”, mas sim: "estou usando a IA para pensar melhor ou para não precisar pensar?"

    Na educação, a IA traz grandes benefícios ao personalizar o aprendizado para as necessidades de cada aluno, ajudando professores a identificar dificuldades e planejar acompanhamentos mais eficazes. Em vez de proibir ferramentas como o ChatGPT, as escolas devem incorporá-las, ensinando o uso ético, o pensamento crítico e a formulação de boas perguntas, o que fortalece o papel do professor como mediador do conhecimento.

    Para a era da IA, é fundamental que a educação se afaste do foco em memorização e cálculo básico, e passe a priorizar habilidades de ordem superior, como avaliação crítica, criatividade, raciocínio ético e inteligência emocional. Assim, preparamos os alunos para colaborar ativamente com a IA tornando-se pensadores críticos, garantindo sua relevância no futuro.

Saiba como usar a IA ao seu favor clicando aqui

Conclusão: Pensar dá trabalho


    Pensar demanda tempo, atenção, vontade e coragem, especialmente num mundo que valoriza a rapidez e a otimização. Afinal, se o algoritmo pensa por você, quem você está se tornando?     A IA transforma como pensamos, muitas vezes sem que percebamos. Ela amplia nossas capacidades, mas também pode enfraquecer habilidades essenciais, como o raciocínio crítico e a memória, além de influenciar sutilmente nossas opiniões por meio de algoritmos que criam "câmaras de eco".     Para lidar com essa realidade, é fundamental desenvolver autoconsciência sobre como a IA afeta nossa atenção, decisões e emoções.     O futuro é de parceria entre humanos e máquinas, não competição. Para isso, educação focada em alfabetização digital e pensamento crítico é essencial, assim como regulamentação ética da IA que priorize transparência e controle humano. Só assim a IA poderá ser uma ferramenta para nosso crescimento, e não para nossa diminuição.


REFERÊNCIAS


CNN Brasil. (2024, 02 de abril). IA irá mudar como os humanos pensam, especialistas respondem. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/ia-ira-mudar-como-os-humanos-pensam-especialistas-respondem/  
CNN Brasil. (2024, 10 de dezembro). IA degenerativa: o que não te contaram sobre inteligência artificial. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/ia-degenerativa-o-que-nao-te-contaram-sobre-inteligencia-artificial/  

DonSaude. (s.d.). Dopamina: como encontrar felicidade fora das redes sociais? Disponível em: https://donsaude.com.br/dopamina-como-encontrar-felicidade-fora-das-redes-sociais/  

Hessel, A. M. D. G., & de Oliveira Lemes, D. (2023). Criatividade da Inteligência Artificial Generativa. TECCOGS: Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, (28), 119-130

MORAES, Magda. 10 dicas para usar a Inteligência Artificial a seu favor. Unit, 12 set. 2024. Disponível em: https://www.unit.br/blog/inteligencia-artificial-na-educacao-10-dicas-para-usar-a-seu-favor. Acesso em: 8 jun. 2025.

NETFLIX. The Social Dilemma | Official Trailer | Netflix. [Vídeo]. 2020. 2min35s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uaaC57tcci0. Acesso em: 8 jun. 2025.

Unimed Campinas. (s.d.). Qual é o impacto negativo das redes sociais na nossa saúde mental? Disponível em: https://www.unimedcampinas.com.br/blog/saude-emocional/qual-e-o-impacto-negativo-das-redes-sociais-na-nossa-saude-mental 

Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo de escrita: durante a preparação deste trabalho, os autores utilizaram ferramentas de IAG (Exemplos: ChatGPT, Claude, outros) no processo de planejamento, para aperfeiçoamento do texto e melhoria da legibilidade. Após o uso destas ferramentas, os textos foram revisados, editados e o conteúdo está em conformidade com o método científico. O(s) autor(es) assume(m) total responsabilidade pelo conteúdo da publicação.























Nenhum comentário:

Postar um comentário