Aluna: Jaqueline Battistelli Celestino
Matrícula: 17103990
Turma: Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Com a pandemia, adaptações foram necessárias em diversos âmbitos da sociedade. A educação foi uma das áreas que mais sofreu impacto, uma vez que se trata de um direito social e não poderia sofrer uma interrupção tão demorada pois resultaria em prejuízos que serão colhidos pelo mundo todo pelas próximas gerações. Esse impacto foi ainda mais grave no Brasil, devido a falta de estrutura que as escolas possuem, dificultando ainda mais uma adaptação que demandava de tecnologia e agilidade, além da grande desigualdade entre as escolas públicas e particulares que foi fortalecida durante esse período de pandemia.
A Estrutura da Educação antes da Pandemia
Com a imposição do distanciamento social pela pandemia, a presença das escolas de ensino fundamental e médio em um ambiente virtual de aprendizagem foi imprescindível. Com os jovens longe das escolas, as tecnologias se tornaram uma das principais estratégias para que os alunos não perdessem o vínculo com a educação. Porém, a estrutura das escolas no período anterior a pandemia não coincidiam com essas novas necessidades.
Segundo a pesquisa TIC Educação de 2019, apenas 14% das escolas públicas e 64% das particulares, ambas em áreas urbanas, contavam com um ambiente ou plataforma de aprendizagem à distância. No geral, apenas 28% das instituições de ensino localizadas em áreas urbanas contavam com essa estrutura.
Além desses dados, a pesquisa mostrou que entre as atividades escolares, 93% do total de alunos de escolas urbanas usuários de Internet acessam a rede para pesquisas escolares. No entanto, os índices são preocupantemente mais baixos quando se verifica o uso mais diversificado da tecnologia em atividades de aprendizagem: apenas 24% dos alunos do 2º ano do Ensino Médio afirmaram ter utilizado a rede para fazer provas e simulados e 16% para participar de cursos à distância.
A presença e o acesso às tecnologias no meio educacional, era tanto importante para a continuidade na educação dos alunos, quanto para o suporte às famílias, diálogo entre os educadores, pais e responsáveis. Dessa forma, as adaptações foram necessárias tanto com o foco em conectividade na escola, quanto nos domicílios, de forma a garantir o acesso a internet e à educação.
Ainda na pesquisa TIC Educação, quase 40% dos alunos de escolas públicas responderam não ter um computador, seja de mesa ou portátil, ou tablet, para estudar em casa. Muitas crianças em domicílios de baixa renda só acessam a Internet pelo celular.
Os dados evidenciam que as atividades mediadas pelas tecnologias em sala de aula estavam mais concentradas na transmissão de conteúdo do que na possibilidade de participação dos alunos nas atividades, principalmente por conta das condições de acesso às tecnologias pelos estudantes e pela carência de oportunidades de formação para os educadores.
Com um número muito alto de jovens estudando em casa, medidas para providenciar conectividade e desenvolver capacidades para a aprendizagem online nunca foram tão urgentes e necessárias.
As adaptações e impactos durante a Pandemia
Com essa mudança tão rápida que foi demandada do sistema de educação e a baixa estrutura que as instituições possuiam para lidar com essa situação, não foi possível reverter a problematização referente às tecnologias e acesso à internet desses estudantes, as instituições precisaram fazer o possível e o impossível para dar continuidade aos programas educacionais.
Os professores tiveram que aprender a utilizar outras tecnologias para fornecer os materiais, os pais precisaram participar cada vez mais do dia a dia de ensino das crianças e os alunos tiveram que se acostumar a utilizar os meios tecnológicos para realizar atividades e aprender os conteúdos propostos. Dentro dessas adaptações é possível notar que os professores não tiveram tempo de se capacitar e tiveram que partir para uma nova abordagem muito rápido. Além disso, os pais que tiveram que continuar suas responsabilidades no trabalho, precisavam agora acompanhar e participar totalmente das atividades dos filhos, auxiliando na conexão com as aulas e na realização das atividades. Pode-se observar ainda a dificuldade em fazer crianças e adolescentes ficarem totalmente concentradas nas aulas online, onde não possuíam muitas opções de interação com os colegas e precisavam lidar com todas as distrações dentro de casa.
De acordo com o Banco Mundial, é analisado com base em estatísticas educacionais o fenômeno chamado índice da “pobreza de aprendizagem”. Ele indica o percentual de crianças com 10 anos incapazes de ler e entender um texto simples. A pandemia, segundo o levantamento, aumentaria esse índice para 70% dos alunos no Brasil, que já tinha 50% dos alunos em pobreza de aprendizagem.
Aprendizados e Necessidade de Mudança
Com adaptação de todo o sistema de ensino ao acesso a internet, surgem novos olhares frente a continuidade desses processos implementados. Um deles é a possibilidade de experimentar um ensino híbrido nas instituições que possuem estrutura para tal. Essa ideia tem como objetivo principal os estudantes de Ensino Médio onde pode ser oferecido novos interesses, projetos de vida, itinerários que antes não eram possíveis.
Essa possibilidade seria possível para as instituições em um geral, sem aumentar a desigualdade entre escolas públicas e privadas, se no Brasil o acesso a internet se tornasse um direito social básico, como água e luz, como já está sendo implementado em outros países. Essa medida assegura que todas as instituições pudessem oferecer o mínimo para que os alunos possam ter acesso a tecnologia e ao novo modelo de educação e ter o direito à aprendizagem como qualquer outro estudante.
Há ainda um forte argumento da necessidade de um redesenho do programa nacional de educação, investindo na área de tecnologia para desenhar programas e políticas em união ao Ministério da Educação com os demais órgãos governamentais, como o da infraestrutura, para que possa ser garantido um direito a todos os estudantes.
Por isso, Lúcia defende um redesenho de políticas públicas. “Pode ser uma bolsa internet para baixa renda, compra subsidiada por professores e famílias. É preciso vontade política e o redesenho do programa nacional de educação. Parte do programa do livro didático precisa ser redirecionado para tecnologias educacionais. O MEC precisa de uma área de tecnologia educacional para desenhar programas e políticas sobre acesso e se alinhar a outras áreas do governo, como o Ministério da Ciência e Tecnologia, que cuida da fibra ótica do Brasil. São necessárias ações de infraestrutura, por isso precisa de vários órgãos para garantir o acesso e vontade política”.
Referências:
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