segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Emoções, Motivação e Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Autoria: Amanda Ramos Silveira
Aluna do Curso de Administração
Disciplina de Ambientes Virtuais de Aprendizagem











     A pandemia de coronavírus forçou um novo ritmo, ordem e forma para a humanidade, os impactos disso foram e estão sendo sentidos em diversas áreas do nosso cotidiano, sendo uma das grandes impactadas a educação.

    O ensino tradicional utilizado em boa parte das instituições de ensino, aquele presencial, com um professor na frente da sala, alunos com seus cadernos e canetas em mãos foram substituídos abruptamente por um modelo conhecido como EAD, ensino a distância.

    Essa mudança foi rápida e infelizmente (para muitos) sem tempo de planejamento e construção de uma didática apropriada, levando professores, alunos, tutores e pais numa busca incessante pela adaptação, além de melhoria nos processos de ensino-aprendizagem.


EMOÇÕES E SUA INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO

Fonte: autoria própria


     É notório que o estudo das emoções está crescendo nas diversas áreas do conhecimento científico, configurando-se como uma área de estudo importante para entender o processo de desenvolvimento humano.

    Podemos definir emoção como "uma condição complexa que surge em resposta a determinadas experiências de caráter afetivo"

    Daniel Goleman, psicólogo, jornalista, pesquisador e autor renomado, conhecido por seu best-seller Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser, afirma que "emoções são, em essência, impulsos para lidar com a vida que a evolução nos infundiu", elas são um sinalizador interno que algo importante está acontecendo, são mecanismos mentais utilizados para basear e dar respostas apropriadas aos acontecimentos que passamos.

    Conforme apontado por Roselina Nunes de Almeida, em artigo para a Conferência Internacional Saberes para uma cidadania planetária realizada no Ceará em 2016, diversos teóricos da área da Psicologia, Pedagogia e Sociologia, já buscam estabelecer um diálogo entre emoções e o processo de ensino-aprendizagem, como:

"Casassus (2009) que faz referência à intrínseca relação entre a emoção e aprendizagem, Libaneo (1994) que trata do trabalho docente, Morin (2011) que reflete que a educação contemporânea precisa integrar a afetividade e a emoção no processo de aprendizagem; Santos (2000) faz referência à Educação Emocional nas Escolas; Goleman (1995) que torna relevante o papel das 3 emoções no processo de ensino e aprendizagem; Ausubel (1978) trata da Aprendizagem Significativa e Cosenza (2011) explica como o cérebro aprende."

    Pensar a educação apenas com foco no desenvolvimento cognitivo do estudante tem se mostrado insatisfatório, a sociedade para funcionar bem requer competências que vão além do racional, como afetividade, solidariedade, iniciativa, inteligência emocional e outras.

    Mas, para além da inclusão e desenvolvimento dessas competências socio-emocionais no currículo educacional, reforçamos que o próprio cuidado com as emoções, é fundamental para o desenvolvimento real da aprendizagem, aqui, ressalta-se, novamente que as emoções influenciam e muito os processos educacionais.

    Em nosso cérebro a interação entre os processos cognitivos e os emocionais têm papel importante, o cérebro responde a estímulos, que podem ser positivos ou negativos, essa estimulação e interação entre racional e emocional tem o poder de favorecer a aprendizagem ou prejudica-la.

    Assista esta vídeo de apenas 3 minutos para assimilar melhor a influência das emoções na aprendizagem, é rápido e pode facilitar seu entendimento para os próximos tópicos deste artigo.

  Como você pôde compreender até aqui, as emoções têm relação direta com a educação, isso acontece porque a parte do cérebro responsável pelas emoções (amígdala) também atua de maneira ativa nas áreas da cognição, memória, atenção e raciocínio, todas envolvidas nos processos de ensino-aprendizagem.

    Aqui vale uma ressalta, o bom gerenciamento das emoções com o objetivo de proporcionar um processo de ensino-aprendizagem benéfico e prazeroso, vale tanto para os professores, como para os alunos.


O QUE É MOTIVAÇÃO E QUAL SUA IMPORTÂNCIA?

Fonte: autoria própria.


    A motivação é um elemento que incide no êxito acadêmico e bem-estar dos alunos. Através da definição compartilhada na imagem acima a motivação é o ato ou efeito de motivar, para a Psicologia, são as razões que fazem com que alguém aja, é o processo que dá origem a uma ação (motiva ação).

    As motivações podem ser internas ou externas e existem vários razões que podem motivar alguém, mas, é fato que saber utilizar a motivação pode ser de grande valia no processo de ensino-aprendizagem.

    Este aprendizado é válido tanto para o ensino-aprendizagem de crianças, mas, se torna ainda mais crucial quando estamos falando de jovens e adultos.

    Existe uma área de estudo que foca no processo de aprendizagem de adultos, essa área é conhecida como Andragogia e defende um ensino baseado na motivação e no autoconhecimento como combustível. No infográfico abaixo você encontra algumas características fundamentais deste modelo e suas diferenças para com a pedagogia.


    A motivação depende do aluno, é verdade, mas, o professor pode atuar como um incentivador do aprendizado, pesquisadores sugerem ações simples para aumentar a motivação, fazendo com o que aluno encontre razões para aprender (motivos para a ação de aprender), criando interesse pelo conteúdo, de maneira que o aluno interaja mais. Alguns exemplos de atitudes para motivar são:

  • Mostrar a relevância e importância do conteúdo para sua vida, o que ativa a motivação intrínseca dos mesmos.
  • Usar como exemplos problemas e situações vividas no cotidiano, trazendo o conteúdo para mais próximo do aluno.
  • Utilização de mídias sociais que aguça a curiosidade dos alunos e aumenta participação nas aulas.
  • Feedback com orientações claras para resolver os erros e atingir o objetivo da atividade.
  • Permitir e estimular contribuições dos alunos nas atividades e conteúdos da disciplina.
  • Indicar os benefícios, habilidades e competências que determinado conhecimento vai gerar.
  • Torne o aprendizado social, estimule o compartilhamento de informações.
  • Utilizar a gamificação, trazendo elementos de competição saudável para o processo de ensino-aprendizagem.
  • A implementação de ações educativas que tenham como finalidade o crescimento pessoal do aluno e o domínio da tarefa em ambiente de cooperação.*
  • Preparação de atividades de aprendizagem com um nível apropriado de complexidade, agradáveis e desafiantes para os alunos.*


AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

    Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) são espaços de encontro, lugares virtuais onde existe produção de conhecimento, através de encontros síncronos e assíncronos, sendo parte da educação online, uma abordagem didático-pedagógica, com características próprias, conforme fundamentado na imagem retirada do artigo "Educação em tempos de pandemia: desafios e possibilidades" e compartilhada abaixo.

    Quando falamos de AVA e educação online ou educação em rede, conforme abordado pelo Professor Márcio Vieira de Souza é importante deixar claro que não se trata de simplesmente transpor a metodologia tradicional utilizada em sala de aula presencial, centrada na pedagogia da transmissão, logo, para ser considerada uma real educação online, é necessário que os princípios elencados na imagem acima se façam presentes.

    Uma verdadeira educação em rede vai muito além de incluir tecnologia nesta equação da educação, trata-se de um modelo de aprendizagem onde o aluno passa a ter um papel mais ativo, um processo de ensino-aprendizagem colaborativo que supera as fronteiras tradicionais da sala de aula.

AVA, Motivação e Emoções

    A óptica necessária de ser dada aos AVAs, de modo que atenda os fundamentos da educação em rede é justamente a compreensão de que esse espaço virtual vai muito além do aparato tecnológico e gerenciamento dos conteúdos educacionais que ali são compartilhados.    

    A riqueza de um AVA está na junção da tecnologia com os sujeitos participantes e suas interações nesta plataforma.

    E é justamente nessas interações entre professor, tutor, aluno e meio que os tópicos abordados ao longo deste artigo devem ser considerados para proporcionar um processo mais benéfico, produtivo e sadio de ensino-aprendizagem.

    Como falado ao longo do texto, não adianta apenas levar a aula presencial para o AVA, é válido e de grande valia aproveitar o potencial  das  tecnologias em  rede  e buscar práticas e metodologias  que favoreçam  a  colaboração,  a  autonomia,  a  criatividade  e  a autoria de professores e estudantes.

    Nós somos seres sociais, com a pandemia e a cessão das tradicionais aulas presenciais onde costumávos compartilhar conhecimentos e dividir momentos com outros colegas e professores uma parte dessa interação social se perdeu.

    Entretanto, é possível, através dos conhecimentos acima compartilhados, bem como o estudo mais profundo das referências abaixo, assim como outros estudos, utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem de maneira mais interativa, permitindo sanar, pelo menos em parte, nosso desejo de conviver em sociedade e compartilhar com nossos pares.

    Através dos avanços das tecnologias, bem como do treinamento e capacitação de professores, tutores e alunos, acredito e torço para que cada vez mais tenhamos AVAs que ultrapassem o ensino focado na simples transmissão de conhecimento.

    Com processos de ensino-aprendizagem ricos em interação, colaboração, que levem em conta a importância e saibam utilizar as emoções e a motivação para gerar cada vezes mais aprendizagem significativa.

    Espero que você tenha aproveitado a leitura deste artigo, vou adorar saber o que você pensa sobre isso e conversar mais sobre o assunto. Fique a vontade para deixar um comentário aqui embaixo.


REFERÊNCIAS:

ADMINISTRADORES. 6 componentes da emoção e a inteligência emocional. Disponível em: <https://administradores.com.br/artigos/6-componentes-da-emocao-e-a-inteligencia-emocional>. Acesso em 15 ago. 2021.

BETA EDUCAÇÃO. Como motivar o adulto a aprender algo novo?. Disponível em: <https://betaeducacao.com.br/como-motivar-o-adulto-a-aprender-algo-novo/>. Acesso em 16 ago. 2021

CUNHA, Sandra. Estratégias Pedagógicas: Motivação e Educação. Disponível em: <newroutes.com.br/blog/estrategias-pedagogicas-motivacao-na-educacao/>. Acesso em 16 ago. 2021.

FUNDACRED. Aulas virtuais duante a pandemia da covid-19: bom ou ruim?. Disponível em: <https://www.fundacred.org.br/site/2021/03/22/aulas-virtuais-durante-a-pandemia-da-covid-19-bom-ou-ruim/>. Acesso em 15 ago. 2021.

LONGHI, Magalí. "Mapeamento de aspectos afetivos em um ambiente virtual de aprendizagem." (2011). Disponível em: <http://www.acervo.paulofreire.org/bitstream/handle/7891/2683/FPF_PTPF_17_0035.pdf?sequence=2&isAllowed=y.>. Acesso em 15 ago. 2021.

LOURENÇO, Abílio Afonso; DE PAIVA, Maria Olímpia Almeida. A motivação escolar e o processo de aprendizagem. Ciências & Cognição, v. 15, n. 2, 2010.

NUNES DE ALMEIDA, Roselina. AS CONTRIBUIÇÕES DAS EMOÇÕES NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM. Conferência Internacional Saberes para uma cidadania planetária. UECE, 2016. Disponível em: <http://uece.br/eventos/spcp/anais/trabalhos_completos/247-38145-28032016-203404.pdf>. Acesso em 15 ago. 2021.

SOUZA, Elmara Pereira de. Educação em tempos de pandemia: desafios e possibilidades. Cadernos de Ciências Sociais Aplicadas, v. 17, n. 30, p. 110-118, 2020. Disponível em: <https://periodicos2.uesb.br/index.php/ccsa/article/view/7127/5030>. Acesso em 16 ago. 2021.

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