domingo, 25 de abril de 2021

Os fenômenos negativos das redes sociais

Durante o semestre letivo da matéria ‘’redes sociais e virtuais’’ foi possível aprender por meio do conhecimento compartilhado diversas facetas de um fenômeno moderno, as redes sociais. Seria possível passar horas elencando diversos pontos positivos das redes sociais, seja na maior democratização do conhecimento, da possibilidade de conhecer novas culturas, ou como uma fonte de entretenimento, é inegável o papel de protagonista que as redes sociais assumiram em nossa vida. Entretanto, assim como uma moeda, a maioria das coisas em nossa vida tem dois lados.

Nesse artigo tenho a intenção de citar alguns pontos negativos que as redes sociais vêm criando na sociedade. Importante salientar que no contexto geral, considero as redes sociais mais positivas que negativas e que qualquer tentativa de limitar comentários é considerado censura e tem um perigo social enorme.

Há alguns anos, as redes sociais eram novidades para nós. A primeira rede social do mundo foi criada em 1995, chamada ‘’classmate’’ e tinha como intuito conectar estudantes da faculdade. No início dos anos 2000 foram criadas algumas redes sociais bem conhecidas, como o Facebook, Orkut e o MySpace. Em 2006 nasceu o Twitter e 4 anos depois o Instagram. Se pararmos para reparar, existe uma rede social para cada finalidade que quisermos. Para postar fotos, compartilhar pensamentos, divulgar música que ouvimos, com finalidade de conectar trabalhadores e empregadores e muito mais.

Inegavelmente os anos 10 foram o ‘’boom’’ das redes sociais no mundo. Hoje, entrando em uma nova década, é praticamente impossível conhecer alguém em nosso ciclo social que não tem nenhuma rede social ativa. Após tantos anos como figurinha carimbada em nossas vidas, fica mais fácil começar a perceber o impacto e as transformações causadas pelas redes sociais na sociedade.

Um dos fenômenos mais fáceis de observar é o mundo de ilusões causado pelas redes sociais, com destaque ao Instagram. Por meio dessa rede social, o usuário pode compartilhar fotos, que ficam salvas na sua página (feed) ou disponíveis por um período de 24 horas (stories). O intuito original é simples e bem interessante: compartilhar com seus amigos partes do seu dia e momentos marcantes. Infelizmente, não durou muito para esse intuito ser completamente deturpado. Por meio do Instagram, o usuário é capaz de criar um mundo completamente falso, postando apenas as partes interessantes do seu dia, locais bonitos, comidas e roupas caras, estilos de vida luxuosos e festas glamurosas. Para criar essa imagem vale de tudo: muito photoshop, fotos de outras pessoas, paisagens que você não visitou, festas que você não foi.

E o maior perigo disso é o próximo tema a ser retratado: a depressão causada pelas redes sociais. Quando você observa diariamente estilos de vida falsos, viagens impossíveis de fazer, corpos com padrões irrealistas, o resultado são sentimentos frustrantes, tristeza, ansiedade e auto insuficiência. As pessoas tentam imitar essa falsa realidade e se deparam com a realidade, estilos de vida assim são impossíveis de se praticar, mesmo tendo muito dinheiro.

Segundo estudos, garotas de 13 a 17 anos são as mais afetadas com ansiedade e depressão causadas pelas redes sociais. Segundo os especialistas, isso acontece porque esse público tem maior tendência a usar as redes sociais baseadas em aparência física. Uma das medidas que o Instagram adotou para tentar criar um ambiente mais saudável durante seu uso foi restringir a visualização da quantidade de curtidas das fotos apenas para quem postou.

Um estudo feito pelo departamento de psicologia da Pensilvânia se propôs a descobrir se as redes sociais têm efeito direto com a depressão e solidão. Alguns estudos nesse sentido já haviam sido realizados, mas esse teve a intenção de ser mais duradouro, rigoroso e condizente com a realidade das pessoas. Para o experimento foram testados 143 estudantes, de 18 a 22 anos, com as três redes sociais mais utilizadas entre eles, Facebook, Snapchat e Instagram. Também foram feitas pesquisas para avaliar o humor de cada um. Os estudantes foram divididos em dois grupos, o primeiro tinha acesso livre ao celular, o segundo tinha uso diário limitado de 10 minutos por rede social. Durante 3 semanas os cientistas acompanharam as estatísticas de uso e registraram o comportamento e humor dos estudantes. O resultado foi o esperado: o segundo grupo apresentou reduções significantes no nível de depressão e ansiedade. Quem diria que o uso das redes sociais, que teoricamente deveriam servir para conectar as pessoas, aumentariam o nível de depressão e solidão.

Por último, vamos debater o fenômeno mais recente de todos: a cultura do cancelamento. Antes disso, é necessário entender uma coisa, o mundo mudou. Piadas racistas, homofóbicas e machistas perderam o espaço no nosso cotidiano. Ainda bem! Costumes que antes eram considerados aceitáveis hoje não são mais tolerados. E a dor que machucou tanta gente por muito tempo está começando a cicatrizar. Por outro lado, um fenômeno, no mínimo curioso, está surgindo. Estou falando do cancelamento, uma busca exagerada pela perfeição, estimulada pelos justiceiros virtuais.

Uma pessoa ser cancelada significa que ela fez ou disse algo considerado intolerável. O problema é que não estamos falando apenas sobre um comentário ofensivo. Muitas vezes nas redes sociais um famoso é ‘’cancelado’’ somente por falar mal de algo bem popular. E como funciona esse cancelamento? É simples, um determinado grupo promove uma verdadeira ‘’caça às bruxas’’ online contra a pessoa. Comentários repetitivos em fotos, tweets e posts, pressão em marcas patrocinadoras, ataques a amigos e familiares, um verdadeiro linchamento virtual.

Vejamos com calma: de certa forma é ‘’justo’’ pressionar marcas para retirarem o patrocínio de um famoso que fez uma declaração racista. Acho que todos concordamos com isso. Mas cria-se um problema evidente, quem decide qual fala é correta ou não? Quem escolhe quem é cancelado ou não? O perigo de dar o poder na mão de alguém que define o aceitável ou não de acordo com sua opinião é grande.

Por exemplo, o programa Big Brother Brasil sempre foi um dos programas televisivos mais conhecidos no país e nessa edição se destaca uma participante: Juliette. Fenômeno nas redes sociais, alcançou a marca de 20 milhões de seguidores no Instagram e é a grande favorita para vencer o programa, pois cativou o público com sua simpatia e simplicidade. Completamente alheio ao comportamento dela, existe seu fã club virtual, denominados como ‘’cactos’’. Esse grupo age de maneira organizada e punitiva contra qualquer conta que critique alguma atividade da participante. Ofensas em massa ao perfil, denuncias com intuito de derrubar a conta e cancelamento de famosos. Não precisa de muito mais para entender quão errado e perigoso esse comportamento é.

Goste ou não, as redes sociais vieram para ficar e menos de 3 décadas depois de sua criação não é possível imaginar um mundo sem elas. A batalha agora é para tentarmos ao máximo usar essa ferramenta de maneira saudável, para conhecer novas pessoas, fazer amizades, manter contato com amigos e familiares distantes e gerar conteúdo que impactem positivamente na vida das pessoas. Numa sociedade tão marcado por ódio e violência, ainda é possível vislumbrar um fio de esperança, mesmo que pequeno.

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