Durante o semestre letivo da matéria ‘’redes sociais e virtuais’’ foi possível aprender por meio do conhecimento compartilhado diversas facetas de um fenômeno moderno, as redes sociais. Seria possível passar horas elencando diversos pontos positivos das redes sociais, seja na maior democratização do conhecimento, da possibilidade de conhecer novas culturas, ou como uma fonte de entretenimento, é inegável o papel de protagonista que as redes sociais assumiram em nossa vida. Entretanto, assim como uma moeda, a maioria das coisas em nossa vida tem dois lados.
Nesse artigo tenho a intenção de citar alguns pontos
negativos que as redes sociais vêm criando na sociedade. Importante salientar
que no contexto geral, considero as redes sociais mais positivas que negativas
e que qualquer tentativa de limitar comentários é considerado censura e tem um
perigo social enorme.
Há alguns anos, as redes sociais eram novidades para nós. A
primeira rede social do mundo foi criada em 1995, chamada ‘’classmate’’ e tinha
como intuito conectar estudantes da faculdade. No início dos anos 2000 foram
criadas algumas redes sociais bem conhecidas, como o Facebook, Orkut e o
MySpace. Em 2006 nasceu o Twitter e 4 anos depois o Instagram. Se pararmos para
reparar, existe uma rede social para cada finalidade que quisermos. Para postar
fotos, compartilhar pensamentos, divulgar música que ouvimos, com finalidade de
conectar trabalhadores e empregadores e muito mais.
Inegavelmente os anos 10 foram o ‘’boom’’ das redes sociais
no mundo. Hoje, entrando em uma nova década, é praticamente impossível conhecer
alguém em nosso ciclo social que não tem nenhuma rede social ativa. Após tantos
anos como figurinha carimbada em nossas vidas, fica mais fácil começar a
perceber o impacto e as transformações causadas pelas redes sociais na
sociedade.
Um dos fenômenos mais fáceis de observar é o mundo de
ilusões causado pelas redes sociais, com destaque ao Instagram. Por meio dessa
rede social, o usuário pode compartilhar fotos, que ficam salvas na sua página
(feed) ou disponíveis por um período de 24 horas (stories). O intuito original
é simples e bem interessante: compartilhar com seus amigos partes do seu dia e
momentos marcantes. Infelizmente, não durou muito para esse intuito ser
completamente deturpado. Por meio do Instagram, o usuário é capaz de criar um
mundo completamente falso, postando apenas as partes interessantes do seu dia,
locais bonitos, comidas e roupas caras, estilos de vida luxuosos e festas
glamurosas. Para criar essa imagem vale de tudo: muito photoshop, fotos de
outras pessoas, paisagens que você não visitou, festas que você não foi.
E o maior perigo disso é o próximo tema a ser retratado: a
depressão causada pelas redes sociais. Quando você observa diariamente estilos
de vida falsos, viagens impossíveis de fazer, corpos com padrões irrealistas, o
resultado são sentimentos frustrantes, tristeza, ansiedade e auto
insuficiência. As pessoas tentam imitar essa falsa realidade e se deparam com a
realidade, estilos de vida assim são impossíveis de se praticar, mesmo tendo
muito dinheiro.
Segundo estudos, garotas de 13 a 17 anos são as mais
afetadas com ansiedade e depressão causadas pelas redes sociais. Segundo os
especialistas, isso acontece porque esse público tem maior tendência a usar as
redes sociais baseadas em aparência física. Uma das medidas que o Instagram
adotou para tentar criar um ambiente mais saudável durante seu uso foi
restringir a visualização da quantidade de curtidas das fotos apenas para quem
postou.
Um estudo feito pelo departamento de psicologia da
Pensilvânia se propôs a descobrir se as redes sociais têm efeito direto com a
depressão e solidão. Alguns estudos nesse sentido já haviam sido realizados,
mas esse teve a intenção de ser mais duradouro, rigoroso e condizente com a realidade
das pessoas. Para o experimento foram testados 143 estudantes, de 18 a 22 anos,
com as três redes sociais mais utilizadas entre eles, Facebook, Snapchat e
Instagram. Também foram feitas pesquisas para avaliar o humor de cada um. Os
estudantes foram divididos em dois grupos, o primeiro tinha acesso livre ao
celular, o segundo tinha uso diário limitado de 10 minutos por rede social.
Durante 3 semanas os cientistas acompanharam as estatísticas de uso e
registraram o comportamento e humor dos estudantes. O resultado foi o esperado:
o segundo grupo apresentou reduções significantes no nível de depressão e
ansiedade. Quem diria que o uso das redes sociais, que teoricamente deveriam
servir para conectar as pessoas, aumentariam o nível de depressão e solidão.
Por último, vamos debater o fenômeno mais recente de todos:
a cultura do cancelamento. Antes disso, é necessário entender uma coisa, o
mundo mudou. Piadas racistas, homofóbicas e machistas perderam o espaço no nosso
cotidiano. Ainda bem! Costumes que antes eram considerados aceitáveis hoje não
são mais tolerados. E a dor que machucou tanta gente por muito tempo está
começando a cicatrizar. Por outro lado, um fenômeno, no mínimo curioso, está
surgindo. Estou falando do cancelamento, uma busca exagerada pela perfeição,
estimulada pelos justiceiros virtuais.
Uma pessoa ser cancelada significa que ela fez ou disse
algo considerado intolerável. O problema é que não estamos falando apenas sobre
um comentário ofensivo. Muitas vezes nas redes sociais um famoso é
‘’cancelado’’ somente por falar mal de algo bem popular. E como funciona esse
cancelamento? É simples, um determinado grupo promove uma verdadeira ‘’caça às
bruxas’’ online contra a pessoa. Comentários repetitivos em fotos, tweets e
posts, pressão em marcas patrocinadoras, ataques a amigos e familiares, um
verdadeiro linchamento virtual.
Vejamos com calma: de certa forma é ‘’justo’’ pressionar
marcas para retirarem o patrocínio de um famoso que fez uma declaração racista.
Acho que todos concordamos com isso. Mas cria-se um problema evidente, quem
decide qual fala é correta ou não? Quem escolhe quem é cancelado ou não? O
perigo de dar o poder na mão de alguém que define o aceitável ou não de acordo
com sua opinião é grande.
Por exemplo, o programa Big Brother Brasil sempre foi um
dos programas televisivos mais conhecidos no país e nessa edição se destaca uma
participante: Juliette. Fenômeno nas redes sociais, alcançou a marca de 20
milhões de seguidores no Instagram e é a grande favorita para vencer o programa,
pois cativou o público com sua simpatia e simplicidade. Completamente alheio ao
comportamento dela, existe seu fã club virtual, denominados como ‘’cactos’’.
Esse grupo age de maneira organizada e punitiva contra qualquer conta que
critique alguma atividade da participante. Ofensas em massa ao perfil,
denuncias com intuito de derrubar a conta e cancelamento de famosos. Não
precisa de muito mais para entender quão errado e perigoso esse comportamento
é.
Goste ou não, as redes sociais vieram para ficar e menos de
3 décadas depois de sua criação não é possível imaginar um mundo sem elas. A
batalha agora é para tentarmos ao máximo usar essa ferramenta de maneira
saudável, para conhecer novas pessoas, fazer amizades, manter contato com
amigos e familiares distantes e gerar conteúdo que impactem positivamente na
vida das pessoas. Numa sociedade tão marcado por ódio e violência, ainda é
possível vislumbrar um fio de esperança, mesmo que pequeno.
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