O conhecimento e a informação estão presentes em todas as esferas da sociedade, e quando transformadas em ações práticas, tem poder de modificar as relações sociais e econômicas do mundo em que vivemos. Neste contexto, temos as redes sociais. A configuração em rede é intrínseca à natureza humana, não é possível vivermos isolados das redes sociais as quais compõem a sociedade, que nada mais é do que uma grande rede. Mas e as corporações? Como se comportam dentro delas, as redes sociais?
O meio corporativo, assim como qualquer outro, é recheado de relações
sociais que funcionam em rede. Seja a relação com parceiros, fornecedores, clientes
ou entre seus próprios colaboradores, a empresa só funciona dentro de uma
lógica de redes sociais. Não há empresa sem uma rede que a sustente!
As redes sociais que constituem e em que
estão constituídas as empresas, podem ser classificadas em dois níveis:
Interorganizacional e Intraorganizacional. A rede Interorganizacional diz
respeito às relações estabelecidas entre a empresa e outros atores, como
parceiros, fornecedores, franqueados, etc. A rede Intraorganizacional diz
respeito às relações estabelecidas internamente, pelos atores sociais da
empresa/corporação, seus funcionários, colaboradores.
No decorrer do século anterior,
observamos uma mudança na característica das redes organizacionais nas
empresas, uma mudança de padrão e de valores na estrutura
administrativa/produtiva da organização. No início do século XX, tínhamos basicamente
um modo de produção essencialmente fordista, com estrutura hierárquica bem
definida, organizada de modo vertical, tarefas bem definidas e atríbuidas,
excesso de burocracia e controle. As empresas grandes estavam basicamente
estruturadas em forma de oligopólio e não haviam desafios na produção que
demandassem uma mudança estrutural. Enquanto isso, as pequenas empresas
trabalhavam de modo isolado e de certa forma, independente. Esta foi a
estrutura organizacional padrão utilizada até o fim da era de ouro do
capitalismo.
A partir dos anos 70, podemos observar
uma crescente tendência de mudança nos sistemas organizacionais. À medida em que
vinham a tona diversas mudanças no mundo, de cunho econômico, tecnológico e
institucional, se tornou crescente a pressão por um novo modelo capaz de
acompanhar as novas exigências.
Na década de 70 houveram uma série de
crises econômicas que acabaram por afetar a vida de muitos países. Tivemos uma
crise no sistema monetário internacional e em seguida houveram as crises do
petróleo de 1973 e 1979, levando à recessão econômica e inflação. Além disso, esta
epoca é marcada por uma enorme aceleração no desenvolvimento tecnológico,
sobretudo em países como Estados Unidos e Japão, que se segue até os dias
atuais e que exigiram uma mudança no modus
operandi das organizações.
A crescente mudança neste cenário, deu
origem a um consumidor mais exigente, com necessidades diversificadas e que
preza por produtos e serviços de maior qualidade e por mais opções de consumo.
O modelo clássico fordista não era capaz de suprir esse mercado mais dinâmico e
exigente que se formara.
No Japão nasce um novo modelo estrutural
de organização, batizado de Toyotismo e posteriormente citado também como Lean
Manufacturing. Este modelo, ao contrário do modelo fordista, possibilita a
produção flexível, que o novo mercado necessitava. Esse modelo de produção foi
capaz de suprir as novas necessidades da produção, levando a um aumento na
eficiência e na produtividade. Enquanto isso, observa-se uma maior adoção do
sistema orgânico.
T. Burns e G.M. Stalker elaboraram, como
representantes da Teoria da Contingência, uma pesquisa no Reino Unido
para identificar como funcionavam a relação entre o ambiente e as práticas
administrativas das empresas. Eles então classificaram as organizações em dois
tipos extremos: os Sistemas Mecanicistas e os Sistemas Orgânicos.
As organizações mecanísticas, operam de forma altamente hierárquica e vertical
(divisão do trabalho), com tarefas bem definidas e atribuídas, decisões
centralizadas, sistema rígido de controle, ênfase nas normas e regras e um
sistema simples de comunicação, normalmente baseado em um fluxo de ordens de
cima para baixo e com pouco ou nenhum retorno de baixo para cima. É um sistema
mecânico, fechado, voltado para si e alheio ao ambiente externo, isolado.
As organizações orgânicas apresentam uma estrutura flexível, com responsabilidades
que podem ser redefinidas ou modificadas, organizada de forma horizontal com
decisões descentralizadas, maior confiabilidade nas comunicações informais e
ênfase nos princípios de bom relacionamento interpessoal. Caracteriza-se por
ser um sistema aberto, altamente mutável, voltado para a interação com o
ambiente externo.
Desde então, é uma tendência natural a
adesão de um sistema orgânico pelas empresas e organizações, visto que vivemos
hoje em um mundo altamente mutável, principalmente no que diz respeito às
inovações tecnológicas e ao consumo.
É cada vez mais necessário que as
empresas se cerquem de bons parceiros e fornecedores, que façam uso cada vez
maior da interação com outros agentes sociais, sejam parceiros ou clientes,
para que obtenham bom desempenho de sua função no mundo moderno. As pequenas
empresas não podem mais sobreviver de forma isolada e dependente como era
possível naquela epoca de um ambiente estável e controlado.
O estudo dos autores considera dois
extremos, porém, as redes organizacionais corporativas geralmente se encontram
entre esses extremos. Não há sistema organizacional perfeito, é necessário que
as empresas busquem de qual forma podem melhor organizar sua rede para que
possam obter os melhores resultados, dados o meio em que estão inseridos.
REFERÊNCIAS
PECI,
Aketa. Emergência e proliferação de
redes organizacionais: marcando mudanças no mundo de negócios. 1999. Disponível em https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1920649/mod_resource/content/1/redesadmenegocios.pdf
OLIVEIRA,
Mauro. A revolução tecnológica no
contexto da globalização. 2011. Disponível em http://fapafcientifico.blogspot.com.br/2011/07/artigo-cientifico-revolucao-tecnologica.html
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialcolaborativas/pagina_2.aspC. SOUSA, Almir. Redes Interorganizacionais – Implicações para a gestão das organizações participantes. 2009. Disponível em http://www.convibra.com.br/2009/artigos/217_0.pdf
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=O04TMm_ylug
Acessado em 22/11/2016.
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