terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Empreendedorismo e utilização de ferramentas on-line para aprendizado

Empreendedorismo e utilização de ferramentas on-line para aprendizado



Da origem aos dias atuais



A raiz da palavra empreendedor remete-nos há 800 anos, com o verbo francês 'entreprendre' que significa “fazer algo”. Uma das primeiras definições da palavra “empreendedor” foi elaborada no início do século XIX pelo economista francês J.B. Say, como aquele que “transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento”.  Segundo Julien (2010), para a compreensão do termo, é necessário recorrer a outras disciplinas, não sendo possível restringir-se ao empirismo ingênuo de estudos que se limitam a fazer ligações entre algumas variáveis puramente econômicas. 
Julien (2010) descreve esse pensamento apoiando-se em quatro abordagens: a antropológica e psicológica, sociológica, geográfica e econômica; citando que estas não esgotam o assunto, apenas delimitam o estudo. O quadro 1 relata as visões das áreas versus as abordagens, destacando o contexto do empreendedor.


Fonte: Julien (2010)


Atualmente, o empreendedorismo é um fenômeno global, sobre o qual diversas instituições públicas e privadas têm investido para pesquisar e incentivar. Existe uma clara correlação entre o empreendedorismo e o crescimento econômico. Os resultados mais explícitos manifestam-se na forma de inovação, desenvolvimento tecnológico e geração de novos postos de trabalho. A riqueza gerada pelos empreendedores contribui para a melhoria da qualidade de vida da população e, não raras vezes, é reinvestida em novos empreendimentos e, de maneira indireta, nas próprias comunidades.


O surgimento das pequenas empresas no Brasil


Vimos nos parágrafos anteriores que a importância do termo empreendedorismo corresponde a mudanças na configuração das empresas e do mercado de trabalho. Compreender as mudanças no substrato de atores econômicos que vao incorporar as noções de empreendedorismo se faz necessário aqui.
Considerando que a legislação que dá tratamento especial às micro e pequenas empresas foi iniciada apenas na década de 80 e 90, tem-se que a classificação das empresas por porte não eram usuais antes desta época. Não eram pensadas enquanto um agrupamento de empresas com alguma semelhança entre si, como é considerado hoje. Portanto, é preciso compreender o processo que resultou na formação e transformação dessas empresas como se verifica hoje em dia. 
Por trás deste processo de institucionalização das pequenas empresas muitos atores sociais estiveram envolvidos como, por exemplo, governos, bancos, empresas, dentre outros. Na década de 70, apenas os bancos trabalhavam com a definição de porte de empresa (pequena, média e grande, não existindo micro empresas). Porém, estas definições não eram padronizadas e serviam aos propósitos de delimitar o mercado de crédito às empresas, não havendo legislação estatal para regular e definir quais seriam estas empresas. É nesta década que surge o CEBRAE (Centro Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas), primeira entidade governamental de apoio às pequenas e médias empresas cuja função era, fundamentalmente, de orientação ao crédito. 
A partir da década de 80, há um processo de reestruturação das grandes indústrias nacionais.  Período este, em que as grandes empresas nacionais sofrem com a reestruturação produtiva e um contingente de trabalhadores fica à margem do mercado de trabalho.  É nesta década que as pequenas empresas e novas categorias de atividade, além da indústria, como o comércio e os serviços, passam a “entrar na pauta”, além dos bancos. Por exemplo, na segunda parte desta dissertação, veremos o surgimento de diversas disciplinas acadêmicas voltadas a este segmento a partir da década de 80, além disso, a temática das pequenas empresas aparece na mídia, entre eles o SEBRAE e outros consultores que se especializam em aconselhar este público empresarial. Segundo o IBGE, foi na década de 80, quando houve a redução do ritmo do crescimento da economia e elevação no nível de desemprego, que os pequenos negócios passaram a ser uma alternativa de ocupação de mão-de-obra. Surgiram, então, as primeiras iniciativas de incentivo da abertura de micro e pequena empresa. São elas:
  • Primeiro estatuto da microempresa (lei nº  7256 de 27 de novembro de 1984), 
  • Inclusão das MPEs na constituição Federal de 1988, 
  • Lei nº  9317 que instituiu o Simples (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte) em 1996, 
  • Lei nº. 9841 que instituiu o segundo estatuto das microempresas e empresas de pequeno porte de 1999, 
  • Estabelecimento do Fórum Permanente da MPEs (2000)
Também marcaram a trajetória da instituição das MPEs os avanços nos sistema de representação política deste segmento como, por exemplo, o Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), este foi o primeiro a ser criado em 1988; o Sindicato das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Comércio do Estado de São Paulo (Simpec), Associação Nacional dos Sindicatos de Micro e Pequenas Indústrias (Assimpi) e Associação Nacional dos Sindicatos de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Comércio (Assimpec).
Essas entidades fazem parte do Fórum permanente e promovem seminários e
congressos periódicos, buscam parcerias e integração com as instâncias dos governos
municipal, estadual e federal.  



Por que o Brasil é um ótimo país para empreender?



Esses dados apenas contribuem para afirmar que o empreendedorismo no Brasil está cada vez mais sólido. Não apenas para negócios mais tradicionais, como lojas, restaurantes e mercados, mas também para empresas de tecnologia, as startups. Esse cenário favorável, basicamente, se mantém através de um tripé muito conhecido em países desenvolvidos mas que agora toma forma por aqui: educação, poder público e oportunidade.
Segundo dados do Governo Federal, todos os anos o Brasil ganha cerca de 600 mil novos negócios. Além deles, existem hoje em torno de 1,5 milhão de Microempreendedores Individuais. Em valores absolutos, ficamos apenas atrás da China no número total de empreendedores: 21,1 milhões.


Educação empreendedora



Antigamente, as universidades e outros órgãos ainda não viam o empreendedorismo como uma vertente a ser explorada. Era difícil encontrar bons cursos, livros e até profissionais dispostos a ensinar como se “forma” um empreendedor. Com o crescimento do número de pequenas e médias empresas, houve também o aumento no número de facilitadores de conteúdo sobre empreendedorismo.
Dessa forma, com o apoio de instituições de ensino, é mais fácil empreender no Brasil hoje. Há mais livros específicos sobre o assunto, mais pessoas disponíveis para contar suas experiências e até graduações inteiras voltadas a empreendedorismo. Isso demonstra um amadurecimento de todo o ecossistema empreendedor, não apenas das empresas.


Ferramentas online para aprendizado



Atualmente, alem de diversos autores que falam sobre o empreendedorismo, existe muito material para aprendizado do tema online. Esses materiais variam desde artigos, slides, vídeo-aulas e até cursos ministrados, por inteiro, em plataformas virtuais. Abaixo seguem alguns exemplos de sites que possuem algum conteúdo educacional sobre empreendedorismo e ferramentas de gestão:


SEBRAE – NEGÓCIO CERTO 



O Negócio Certo é um programa de autoatendimento oferecido gratuitamente pelo Sebrae, o qual pode ser usufruído tanto presencialmente quanto pela internet através do portal negócio certo. Ele atende tanto pessoas que buscam orientações práticas na abertura de novos negócios, quanto empresários que já possuem uma empresa e desejam avaliar suas estratégias e melhorar a sua administração.


Leia mais em Sebrae @ http://www.negociocertosebrae.com.br/


ENDEAVOR  –  “Bota pra fazer”



O Bota Pra Fazer é desenvolvido “de empreendedor para empreendedor”, reunindo conhecimento e experiências de alguns dos maiores especialistas do Brasil, como são os casos de sucesso acima, para te ajudar a identificar oportunidades, desenvolver capacidades e transformar suas ideias em um negócio de alto impacto.
Em uma plataforma 100% online e grátis, as primeiras etapas do programa contam com 14 horas de vídeo-aulas, com materiais complementares, atividades prática e certificado de conclusão.


Leia mais em Endeavor @ https://endeavor.org.br/chance-universitarios-empreender/


Referências

IBGE. CNAE 1.1: Classificação nacional das atividades econômicas. 2003. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/classificacoes/cnaef1.1/cnaef.pdf>. Acesso em: 23 de novembro de 2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO (IBPT). Causas de desaparecimento das micros e pequenas empresas, Abril/2013. Disponível em: <https://www.ibpt.org.br/img/uploads/novelty/estudo/701/CausasDeDesaparecimentoDasMicrosEPequenasEmpresas.pdf>. Acesso em: 28 de novembro de 2015.
JULIEN, P. A. Empreendedorismo regional e a economia do conhecimento. Tradução de Maria Freire Ferreira Salvador. São Paulo: Saraiva, 2010.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO A MICRO E PEQUENA EMPRESA (SEBRAE). A Importância dos Pequenos Negócios para o Desenvolvimento do País, 2013a. Disponível em:<http://www.tce.to.gov.br/sitetce/index.php?option=com_k2&view=item&task=download&id=61_911522fe7e73da59e6a84abdf07768b7&Itemid=64>. Acesso em: 28 de novembro de 2015.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO A MICRO E PEQUENA EMPRESA (SEBRAE). Anuário do trabalho na micro e pequena empresa 2013, São Paulo: 2013b. Disponível em:<http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Anuario%20do%20Trabalho%20Na%20Micro%20e%20Pequena%20Empresa_2013.pdf>. Acesso em: 25 de novembro de 2015.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO A MICRO E PEQUENA EMPRESA (SEBRAE). Participação das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira, Julho/2014. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Estudos%20e%20Pesquisas/Participacao%20das%20micro%20e%20pequenas%20empresas.pdf>. Acesso em: 28 de novembro de 2015.


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