quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Os esforços para difundir o pensamento econômico pelas redes sociais


Autor: Gabriel da Silva Passos - Matricula: 21104438

Disciplina: Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Curso: Ciências Econômicas



    O uso da tecnologia modificou o dia a dia, seja na alimentação, com o uso de um aplicativo de entregas, ou na comunicação, com bate papo virtual, a educação não foi diferente. Um caso do uso das mídias para educar é o do "Reader Rabbit", ou Coelho Sabido, software de educação lançado em 1986 em que os alunos dos diferentes níveis de ensino interagiam com um programa de computador de forma interativa, acompanhando uma aventura online enquanto aprendiam, em especial temas relacionados a matemática e geometria. De casos do passado até recentes é possível verificar o uso de ferramentas tecnológicas no ensinar, mesmo em temas considerados complexos, como as ciências econômicas. 

    Plataformas como Youtube, Tiktok ou o X são utilizadas hoje no Brasil para se obter informações. A massa de brasileiros conectados chegou a 86,6%; desses, 66,3% têm perfis nas redes sociais, é o que aponta o relatório  "Digital 2024: Brazil", produzido por We Are Social e Meltwater, ambas especialistas americanas no uso das redes que atuam no impulsionamento da utilização delas. 

    Assim, essa popularização possibilitou que divulgadores do ensino econômico utilizassem essas redes para transmitir informação, seja por meio de vídeos, imagens ou textos educativos, ampliando o escopo de público para além do tradicional de uma sala de aula. Dessa forma, com o uso das redes como ferramentas, a economia pode ser vista como algo mais simplificado, ou acessível para diferentes grupos de pessoas, tema que antes poderia ser visto como complexo.  

    O YouTube, por exemplo, tornou-se uma das principais ferramentas de aprendizado informal em economia. São diversos os canais criados para essa disseminação, como o ICL ou Economia em 5 minutos. O primeiro se utiliza de um tom mais jornalístico, próximo da população brasileira que cultivou as redes televisivas o meio para se informar, já o segundo com uma roupagem de podcast, meio de se obter informação que se popularizou no pós-pandemia do COVID 19. Nos dois casos temas como inflação, juros, mercado financeiro, políticas públicas e desigualdades sociais são abordados. Esses conteúdos, com gratuidade e que dependem apenas do clique do telespectador, apoiam na construção de uma cultura de educação econômica popular, permitindo que o público compreenda melhor o funcionamento da economia nacional e global. 

    Para além dos dois canais, se ressaltam professores universitários que utilizam o meio do Youtube, como o caso de Elias Jabbour, Presidente do Instituto Pereira Passos (IPP) no Rio de Janeiro, professor universitário em economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e youtuber, com canal TV Grabois, criado em 2010. 




               ICL NOTÍCIAS, Elias Jabbour e Nathália Rodrigues

    O Instagram e o TikTok, com seus formatos curtos e linguagem visual, também se tornaram aliados no ensino de economia. Nathália Rodrigues, no Nath Finanças, que utiliza o TikTok para transmitir notícias econômicas em vídeos rápidos. Nos casos de vídeos curtos, diferentes do Youtube, a linguagem se torna ainda mais importante, para que ocorra a transmissão de informação com fluidez, sem que se perca o interesse do telespectador. O relatório Digital 2024: Brazil, citado anteriormente aborda que em 2024 foi verificado o uso dessas redes por 94% dos usuários de redes sociais, em que 37% buscam temas relacionados a finanças; o que está dentro do escopo das ciências econômicas. 

    Um exemplo do uso por instituições de ensino foi o projeto de extensão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) chamado "Núcleo de Produção de Conteúdos Digitais: Economia criativa e modelos de autogestão", de 2020, com foco na criação de postagens sobre ciências econômicas, considerando ainda o período em questão, da pandemia de COVID 19. Outros exemplos são as páginas em Instagram nessas instituições, como da Universidade de São Paulo (USP) e da UFRJ. 

    Ações descritas anteriormente mostram alguns dos esforços para se difundir o pensamento econômico, em especial com o uso das redes sociais. Ao se considerar a flexibilidade, o ensina de economia passou a operar com maior facilidade, com modelos distintos de formatos, seja na duração da transmissão de conteúdo ou da forma a qual o comunicador transmite essas informações, seja de forma mais formal, como no caso do já citado Elias Jabbour, ou informal, com Nath Finanças.

    Contudo, apesar da expansão do falar econômico, o que se verifica é uma concentração de um tema específico, o das Finanças, já verificado como tema procurado por 37% dos usuários de redes sociais. Temas como da Economia política, economia monetária, economia comportamental ou economia verde não são vistos como os principais dentro do debate, assim, é difundido um conhecimento específico das ciências econômicas, como da Economia do Lar e o Mercado de Capitais, concentrando o ensino em termos vinculados ao mercado de ações, investimentos e o melhor uso dos recursos pessoais. O olhar crítico, um dos fundamentos da educação, não se torna principal; é o que coloca o pesquisador em ensino Paulo Freire, em "Pedagogia do Oprimido" (1970), em que o ensino deve criar um pensamento crítico sobre a realidade.

    Outro ponto de atenção é a veracidade da informação. Questões de limitação de notícias falsas são recentes, um exemplo é o X, antigo Twitter, que criou um mecanismo para verificação de fake news em 2022, assim, não havia filtros criados pela rede para verificar o que se ensinava. Outras redes também se movimentaram nesse combate da criação de mecanismos de denúncia, Facebook em 2018, Instagram em 2019. Já o Youtube não trabalha com o bloqueio geral de noticias falsas ou alerta direto, e sim com o direcionamento para as verdadeiras, implementado em 2019.




    Assim, dois desafios são verificados para a divulgação do ensino em ciências econômicas, a veracidade dos fatos e a busca por engajamento em detrimento da complexidade por um maior engajamento vindo da simplicidade da informação ou exclusão de outros temas relevantes para a educação.

    Dessa forma, o uso dessas redes, de forma crítica e orientada, baseada em dados e matérias consolidados na academia, criam um cenário propício para um ensino crítico em ciências econômicas. Assim os esforços não vêm em ganhar seguidores, e sim em disseminar o ensino econômico. Outro fator que possibilita esse processo é a autonomia para o aprendizado, com um fluxo rápido de informações, selecionadas por aquele que quer aprender economia.

    O uso das redes sociais na educação em Ciências Econômicas, portanto, representa uma oportunidade de democratizar o acesso ao conhecimento e de tornar o ensino mais dinâmico, interdisciplinar e conectado às transformações da sociedade. Ao equilibrar o rigor científico com a linguagem digital, professores e instituições podem transformar o modo de ensinar e aprender economia, tornando-a mais relevante e acessível para todos. Contudo, desafios como o das Fake News e a concentração do tipo de conhecimento em poucos temas existem, esses, que se alinhados com o setor acadêmico podem ser solucionados, com a participação ativa de pesquisadores, já citados anteriormente, e instituições de ensino. 





Declaração de IA e tecnologias assistidas por IA no processo da escrita: durante a preparação deste trabalho, o autor utilizou ferramentas de IAG (Chat GPT, DeepSeek e Gemini) no processo de planejamento, para aperfeiçoamento do texto e melhoria da legibilidade. Após o uso destas ferramentas, os textos foram revisados, editados e o conteúdo está em conformidade com o método científico. O autor assume total responsabilidade pelo conteúdo da publicação.


Referências:


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BBC (Brasil). Como funciona checagem de fake news no Facebook e Instagram — e o que vai mudarBbc Brasil. 20 jul. 2022. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/czenenp7ze1o. Acesso em: 10 nov. 2025.

CNN (Brasil). Twitter anuncia criação de ferramentas de combate a fake news nas eleiçõesCnn Brasil.. 20 jul. 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/twitter-anuncia-criacao-de-ferramentas-de-combate-a-fake-news-nas-eleicoes/. Acesso em: 10 nov. 2025.

DATA REPORTAL (Brasil). Digital 2024: Brazil. 2024. Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2024-brazil?rq=brazil. Acesso em: 11 nov. 2025.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Porto: Edições Afrontamento, 1970

ICL (Brasil). . 2025. Disponível em: https://www.youtube.com/@InstitutoConhecimentoLiberta. Acesso em: 11 nov. 2025.

NATH FINANÇAS (Brasil). . 2025. Disponível em: https://www.youtube.com/@nathfinancas. Acesso em: 11 nov. 2025.

SIQUEIRA, Érica; MARTINS, Flaviane; FORTUNATO, Ivan. O COELHO SABIDO COMO APOIO À ALFABETIZAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Revista de Produtos Educacionais e Pesquisas em Ensino, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 62–79, 2019. Disponível em: https://periodicos.uenp.edu.br/index.php/reppe/article/view/938. Acesso em: 12 nov. 2025.

TV GRABOIS (Brasil). . 2025. Disponível em: https://www.youtube.com/@TVGrabois. Acesso em: 11 nov. 2025.










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