Este é um espaço de reflexão sobre as redes sociais e virtuais. Ele é coordenado pelo Laboratório de Mídia e Conhecimento da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. O LABmídia é integrante do Grupo de pesquisa em Mídia e Conhecimento (CNPq/UFSC).
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Mais que um Inimigo: O Papel Oculto da IA na Evolução dos Games
Mais do que gráficos fotorrealistas ou narrativas complexas, existe um
componente muitas vezes invisível que define a verdadeira essência de um jogo
moderno: a inteligência artificial. Para muitos jogadores, a IA é apenas o
computador (o que chamavamos de CPU), responsável pelo soldado inimigo ou o
piloto adversário em um jogo de corrida que segue uma linha ideal na pista. No
entanto, essa visão apenas arranha a superfície.
A IA é a mão invisível que rege o ecossistema de um jogo. Ela é a força que controla o comportamento de um
aliado em combate, a reação de uma multidão em uma cidade virtual e até a forma
como o próprio ambiente se adapta e responde às ações do jogador. Longe de serem
apenas roteiros fixos, a IA nos games evoluiu drasticamente. Saímos de padrões
previsíveis para sistemas complexos que utilizam machine learning para se adaptar ao estilo do jogador, redes neurais que geram conteúdo e algoritmos que criam experiências de jogo verdadeiramente únicas e
emergentes.
Este artigo mostrará a jornada da IA na indústria dos games.
Analisaremos como ela deixou de ser uma simples ferramenta de desafio para se
tornar uma arquiteta fundamental de mundos imersivos, e exploraremos o que o
futuro reserva quando as máquinas não apenas jogam contra nós, mas também
aprendem conosco.
2. Início
Os jogos têm sido um campo de testes para a Inteligência Artificial desde o seu
início. Já em 1951-52, surgiram os primeiros programas de damas, xadrez e até
uma máquina dedicada ao jogo Nim que vencia jogadores habilidosos. Essa pesquisa
evoluiu nas décadas seguintes, com programas de damas alcançando alto nível nos
anos 60, e culminou no marco histórico de 1997, quando o computador Deep Blue da
IBM derrotou o campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov.
Figura 1 - Garry Kasparov é derrotado por IBM BLUE
Os jogos single-player com inimigos surgiram nos anos 1970, primeiro em
computadores baseados em texto, como Star Trek (1971), e depois em arcades, como
Speed Race (1974). Inicialmente, o comportamento desses inimigos era ditado por
padrões de movimento simples e pré-armazenados. A chegada dos microprocessadores
permitiu que esses padrões se tornassem mais complexos, adicionando elementos
aleatórios ao comportamento da IA.
Vídeo 1 - Speed Racer (1974).
A era de ouro dos fliperamas popularizou a IA, com jogos como Space Invaders
(1978) e Pac-Man (1980) introduzindo padrões de movimento distintos e
personalidades para os inimigos.
Vídeo 2 - Space Invaders (1978).
Essa ideia evoluiu nos RPGs, como Dragon
Quest IV (1990), que permitiu aos jogadores ajustar a IA de seus aliados.
Vídeo 3 - Dragon Quest IV (1990).
Nos anos 90, novos gêneros, como os jogos de estratégia em tempo real, chamados de RTS, exigiram ferramentas mais formais para lidar com tarefas complexas de "pathfinding" e planejamento, apesar de muitas falhas
iniciais. Ao mesmo tempo, jogos de esporte como FIFA, Pro Evolution Soccer e Madden, tentavam simular táticas
de treinadores reais.
Vídeo 4 - Fifa (1999).
3. Anos 2000
O período foi marcado por avanços significativos na inteligência artificial
aplicada aos jogos, focando no aumento do realismo e da complexidade. Destaca-se
inovações como o desenvolvimento de comportamentos táticos dinâmicos, permitindo
que inimigos e NPCs reagissem às ações do jogador com estratégias avançadas,
vistas em jogos como F.E.A.R. e Starcraft. Paralelamente, houve a criação de
mundos abertos vivos, nos quais personagens não jogáveis possuíam rotinas
diárias independentes, aumentando a imersão em títulos como The Elder Scrolls.
Vídeo 5 - Exemplo de comportamento de NPCs em Red Dead Redemption 2 (2018).
O período também viu o uso inicial de machine learning para aprimorar a
complexidade das decisões dos NPCs e a implementação
de geração procedural para criar mapas e missões de forma dinâmica, como em
Minecraft e No man's sky. Essas inovações foram impulsionadas diretamente
pelo aumento da capacidade de processamento dos consoles e PCs, que permitiu a
implementação dessas rotinas de IA mais complexas.
Vídeo 6 - Uso de IA na geração de mundos infinitos em No Man's Sky (2016).
4. Futuro
O futuro da IA nos games promete transformar a experiência do jogador,
principalmente através de NPCs capazes de aprender e adaptar-se ao estilo de
cada indivíduo, aumentando a imersão. A IA será usada para criar mundos e
narrativas dinâmicas, ajustando missões, diálogos e dificuldades em tempo real,
muitas vezes usando IA generativa para respostas únicas.
Vídeo 7 - Uso de IA para o desenrolar de tramas em jogos.
Além de beneficiar o
jogador, a IA otimizará o ciclo de desenvolvimento, automatizando tarefas de
criação e testes para os desenvolvedores. Essa evolução, impulsionada por
parcerias estratégicas na indústria e integrada a tecnologias como VR e cloud
gaming, posiciona a IA como uma parceira criativa essencial para criar jogos
futuros mais inteligentes e adaptativos.
Vídeo 8 - IAGen Muse (Microsoft) para o desenvolvimento de jogos.
5. Conclusão
Fica claro que a trajetória da IA nos games redefiniu o conceito de imersão. A
evolução de adversários com rotinas fixas para NPCs com comportamentos dinâmicos
e mundos que reagem de forma crível às ações do jogador, transformou os jogos de
simples passatempos em experiências complexas. A IA não é mais um recurso
técnico; ela é a ferramenta que possibilita a criação de histórias adaptativas e
desafios realistas. O futuro da IA generativa promete aprofundar ainda mais essa
conexão, criando experiências únicas para cada jogador e provando que a
inteligência artificial é essencial para o futuro da narrativa nos games.
NAÇÃO IA. Revolução da IA nos Games: Do Passado ao Futuro 🎮. [S. l.]: YouTube, 26 fev. 2025. 1 vídeo (11 min. 13 s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WMQ5xlW0P7w.
O autor declara que ferramentas de IA (Gemini, Perplexity) foram utilizadas como assistentes na preparação deste trabalho, especificamente no planejamento da escrita e aperfeiçoamento da legibilidade. Todo o conteúdo foi subsequentemente revisado e editado pelo autor, que assume total responsabilidade por sua precisão e conformidade com o método científico.
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