quinta-feira, 5 de junho de 2025

O lado oculto da IA


Autor: Caetano Jiahao Tong

Matrícula: 21200005

Disciplina: Redes Sociais e Virtuais-EGC5020


Introdução

Cada vez mais as organizações estão usando Inteligência Artificial nos seus processos internos, gerando transformações profundas nos diversos setores, como saúde, educação, finanças, industrial e entre outras áreas. A IA vem permitindo o aumento da eficiência nas empresas pois consegue realizar diversas tarefas feitas por humanos em menos tempo com o uso da capacidade computacional. De acordo com uma pesquisa feita pela Access Partnership com Amazon Web Service revelou que 68% dos participantes da pesquisa consideram a automação das tarefas cotidianas um benefício da aplicação de IA. 

No entanto, todo avanço tem seus custos. Para que a IA se mantenha em operação, é necessário grandes data centers, estruturas responsáveis por armazenar e processar grandes volumes de dados usados para treinar as IAs. Esses data centers necessitam de muita água e energia para manter o sistema de  em operação pois os cálculos computacionais requeridos pela IA para executar os comandos das pessoas superaquece as máquinas, necessitando de um sistema de resfriamento potente no processo.

Consumo de água e energia




Fonte: Getty Images

Em uma pesquisa feita pelo Washington Post em conjunto com cientistas da Universidade da Califórnia, buscou-se descobrir quanta água e energia o GPT-4 da OpenAI consumia. Segundo o artigo, para a IA fazer um e-mail com 100 palavras, o GPT-4 gasta 519 ml de água potável e 0,14 kWh de eletricidade, o mesmo que deixar 4 lâmpadas de LED ligadas por uma hora. Já para a geração de imagens, o custo de energia é 60 vezes maior, ou seja, uma imagem gerada por IA consome o mesmo que deixar 240 lâmpadas em funcionamento por uma hora. Sabendo que a média de usuários ativos do ChatGPT está na faixa dos milhões, é possível concluir que se gastam milhares de litros de água e kWh de energia ao longo do ano para realizar as operações generativas da IA.

Na febre das imagens geradas pelo ChatGPT no estilo do Studio Ghibli, a plataforma divulgou que houve a entrada de 1 milhão de novos usuários em apenas uma hora e que foram criadas 3 milhões de imagens em um único dia. A partir destes dados, estima-se que o gasto de água em 1 hora para a geração de imagens foi de 75 mil litros de água, o equivalente ao consumo de água potável de 25 mil pessoas no dia. Já, dados do MIT mostram que, em 2024, os data centers estadunidenses consumiram a mesma energia que toda a Tailândia em um ano.

Segundo projeções de pesquisadores da Yale University, já no próximo ano o consumo global de energia por data centers poderá alcançar 1.000 terawatts-hora, volume equivalente ao consumo anual de energia da população japonesa. Em relação ao uso de água, estima-se um consumo entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos, o que representa cerca de quatro vezes o consumo total de água da Dinamarca. Esses números evidenciam como uma tecnologia inovadora e em rápida expansão está exigindo, em larga escala, recursos escassos e essenciais à sobrevivência humana, impondo desafios significativos para as próximas décadas.

Diante desses problemas críticos, as grandes corporações do setor de inteligência artificial serão forçadas a buscar soluções mais sustentáveis para manter suas infraestruturas operando. Algumas empresas já estão experimentando alternativas, como sistemas de resfriamento mais eficientes, instalação de data centers em regiões de clima frio, utilização de água salgada para resfriamento e adoção de fontes de energia renovável. Essas iniciativas buscam mitigar os impactos ambientais e sociais que a tecnologia pode ocasionar.

Portanto, é impossível dissociar o avanço tecnológico das pautas sustentáveis. O contínuo desenvolvimento da IA exige crescentes volumes de energia e água, tornando-se inviável a longo prazo sem investimentos expressivos em inovação nos setores hídrico e energético. Nesse contexto, é provável que testemunhemos importantes avanços em sustentabilidade nos próximos anos, impulsionados justamente pelas exigências impostas pelo próprio setor de inteligência artificial.

 Segue o vídeo da CNBC sobre o tema:




Referências

BERREBY, David. As Use of A.I. Soars, So Does the Energy and Water It Requires. Yale Environment 360, 6 fev. 2024. Disponível em: https://e360.yale.edu/features/artificial-intelligence-climate-energy-emissions. Acesso em: 31 maio 2025.

KEBIAN, G.; TEIXEIRA P. S. Energia usada para IA gerar uma imagem poderia alimentar 240 lâmpadas por uma hora. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 maio 2025. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/tec/2025/05/energia-usada-para-ia-gerar-uma-imagem-poderia-alimentar-240-lampadas-por-uma-hora.shtml. Acesso em: 31 maio 2025.

PINOTTI, Fernanda. ChatGPT gasta uma garrafa d’água a cada 100 palavras geradas, diz pesquisa. CNN Brasil, 24 set. 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/chatgpt-gasta-uma-garrafa-dagua-a-cada-100-palavras-geradas-diz-pesquisa/. Acesso em: 31 maio 2025.

SMIL, Vaclav. Beyond Magical Thinking: Time to Get Real on Climate Change. Yale Environment 360, 19 maio 2022. Disponível em: https://e360.yale.edu/features/beyond-magical-thinking-time-to-get-real-about-climate-change. Acesso em: 31 maio 2025.

SOARES, Vitor. ChatGPT "bebe" muita água para produzir imagens; entenda. CNN Brasil, 3 abr. 2025. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/chatgpt-gasta-muita-agua-para-produzir-imagens-entenda/. Acesso em: 31 maio 2025.





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