Este é um espaço de reflexão sobre as redes sociais e virtuais. Ele é coordenado pelo Laboratório de Mídia e Conhecimento da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. O LABmídia é integrante do Grupo de pesquisa em Mídia e Conhecimento (CNPq/UFSC).
"As 3 primeiras
revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de montagem, a
eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda dos trabalhadores e
fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico. A quarta
revolução industrial, que terá um impacto mais profundo e exponencial, se
caracteriza, por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo
físico, digital e biológico."
É o que diz o site elaborado
pela FGV Projetos, sob uma iniciativa da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI), do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
e do Governo Federal.
Segundo um artigo publicado no site da empresa de automação Citisystems, a indústria 4.0 surgiu a partir de
um projeto do governo alemão voltado à tecnologia. O termo foi utilizado pela
primeira vez em uma Feira de Hannover em 2011, mas foi em 2013, na mesma feira,
que um trabalho final sobre o desenvolvimento da indústria 4.0 foi apresentado.
A base da indústria 4.0 está no fato de
que, conectando máquinas, sistemas e ativos, as empresas poderão criar redes
inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor as quais podem controlar
os módulos de produção de forma autônoma.
Assim sintetiza o SEBRAE: “Nessa visão de futuro, ocorre uma completa descentralização do controle dos
processos produtivos e uma proliferação de dispositivos inteligentes
interconectados, ao longo de toda a cadeia de produção e logística.”
As principais tecnologias que permitem esta
integração são a Manufatura Aditiva, a Inteligência Artificial (IA), a Internet
as Coisas (IoT), a Biologia Sintética e os Sistemas Ciber Físicos (CPS).
Além de tudo isso, uma ferramenta importante
que anda em evidência nos últimos tempos, devido as polêmicas envolvendo as
redes sociais ligadas ao Facebook e a acusação da Microsoft pelo Ministério
Público de São Paulo, relacionadas às políticas de privacidade, ou seja, os dados
aos quais as empresas teriam acesso, o chamado Big Data, e como elas os usam.
O termo Big Data assume, no entanto, no contexto da indústria 4.0, um
sentido muito mais amplo. É uma estrutura de dados muito extensa e complexa que
utiliza novas abordagens para a captura, análise e gerenciamento de
informações. Além dos dados gerados por usuários e clientes, os quais estão
cada vez mais abundantes e acessíveis, eles também são gerados através de todo
o processo de produção, sendo possível analisar deficiências e mapear problemas
mais rapidamente e com a utilização de menos recursos. De acordo com a Cristiano, autor do artigo da Citisystems, esta tecnologia consiste em 6Cs para
lidar com informações importantes. São eles:
- Conexão: à rede industrial, sensores
e CLPs
- Cloud: nuvem/dados por demanda
- Cyber: modelo e memória
- Conteúdo e Comunidade:
compartilhamento de informações
- Customização: personalização e
valores
Neste contexto, um dos grandes desafios
das empresas é implementar estes conceitos de forma eficiente e segura. Com o armazenamento
de dados sensíveis na nuvem a segurança e a robustez dos sistemas terão que ser
prioridade. Como o sistema consiste em uma rede integrada, a conexão deve ter
eficiência tal que evite interrupções que possam causar transtornos na
produção gerando prejuízos, e segurança tal que proteja o know-how da empresa.
Segundo o SEBRAE, para acelerar esse processo foi criado em 2014 no EUA
o Consórcio de Internet Industrial (IIC), com cerca de 250 associados, de 30
países, para fomentar a colaboração desta comunidade e criar projetos piloto (testbeds) que coloquem em prática as novas
ideias.
Neste sentido, no Brasil, a Pollux, empresa de automação brasileira, a Fiesc/Ciesc
e a Embraco fundaram, em agosto de 2016, a Associação Brasileira de Internet
Industrial (ABII). Esta associação visa divulgar e fortalecer a Internet Industrial
no Brasil e criar um fórum permanente de discussões sobre o tema, além de
intercâmbio tecnológico e de negócios com parceiros internacionais, promoção do
desenvolvimento econômico e geração de emprego.
De acordo com a Confederação Nacional
da Indústria um dos desafios do Brasil para se inserir dentro desta nova
realidade está no fato da participação da indústria no PIB estar caindo
consideravelmente nos últimos anos. Segundo o gráfico, em 2016 equivalia a
11,9% do PIB, hoje representa menos de 10%.
Outro grande desafio é o fato de o Brasil
estar caindo no ranking que mede o
índice global dos países mais inovadores. O Índice Global de Inovação busca
avaliar critérios de performance de diferentes países no quesito inovação,
medindo critérios como crescimento da produtividade, investimento em pesquisa e
desenvolvimento (P&D), educação, exportações de produtos de alta tecnologia,
dentre outros tópicos.
Segundo levantamento da ABDI, a estimativa anual de redução de
custos industriais no Brasil, a partir da migração da indústria para o conceito
4.0, será de, no mínimo, R$ 73 bilhões/ano. Essa economia envolve ganhos de
eficiência, redução nos custos de manutenção de máquinas e consumo de energia.
REFERÊNCIAS: ABDI et al. Indústria 4.0. Disponível em: <http://www.industria40.gov.br>. Acesso em: 08 jun. 2018. CRISTIANO BERTULUCCI SILVEIRA. Citisystems (Org.). O Que é Indústria 4.0 e Como Ela Vai Impactar o Mundo. Disponível em: <https://www.citisystems.com.br/industria-4-0/>. Acesso em: 08 jun. 2018.
JOSÉ RIZZO. Sebrae (Org.). Saiba o que é a Indústria 4.0 e descubra as oportunidades que ela gera: Uma nova era industrial já molda o futuro de muitos empreendedores. Leia o artigo de J. Rizzo Hahn e saiba como aproveitar essa tendência.. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/saiba-o-que-e-a-industria-40-e-descubra-as-oportunidades-que-ela-gera,11e01bc9c86f8510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 09 jun. 2018.
Influenciadores digitais: uma tendência crescente no mundo dos negócios
Caroline Gramkow 13201186 Redes Sociais e Virtuais
A Internet surgiu
no Brasil por volta dos anos 1990 com o objetivo de estabelecer contatos e
promover o compartilhamento de dados com instituições de outros países.
Posteriormente, o acesso foi liberado a instituições educacionais e órgãos de
pesquisa do governo e era possível encontrar fóruns, bases de dados e realizar
pequenas transferências de arquivos.
Somente no ano de
1995 é que foi disponibilizada a comercialização de assinaturas de planos de
Internet ao público em geral, a partir daí era possível encontrar alguns sites
de notícias, entretenimento, pesquisas e compras.
As pessoas sempre tiveram a necessidade de se conectar uns com os
outros, de compartilhar informações e de manter laços. Nesse sentido, a
Internet desempenhou um papel crucial no estreitamento das relações sociais ao
permitir que uma pessoa pudesse conversar com outra que estivesse a quilômetros
de distância, por exemplo.
O email e as salas de bate-papo (chats) lançados nos anos 1990, como o
Mirc (1995) e o ICQ (1996), eram os meios mais populares de comunicação entre
as pessoas, fato que pode ser visto como o início da alteração de um padrão de
comunicação. Ou seja, não era mais necessário estar no mesmo lugar e na mesma
hora para manter contato.
A partir dos anos 2000 foram criadas várias redes sociais como o Myspace
(2003), Orkut (2004), Facebook (2004), Twitter (2006), Google+ (2011), além de
diversas outras. O conceito de rede social pode ser definido como um espaço
virtual que conecta pessoas de diferentes lugares, sejam cidades ou países e
onde é possível trocar informações pessoais ou de interesses comuns,discutir assuntos, formar opiniões, estudar, passar o tempo ou se
divertir.
Recentemente um tipo específico de figura vem modificando a forma como
as pessoas recebem informações de seus interesses. Eles são conhecidos
como influenciadores digitais, isto é, são pessoas que desenvolvem conteúdos
para a web e possuem um volume de público muito alto que os acompanham e tentam
seguir seu estilo de vida. Portanto, se antigamente só era viável ler
revistas ou ver programas de TV para se manter atualizado, hoje em dia é muito
mais comum acompanhar também uma página do Facebook, Instagram ou canal do
Youtube.
Existem diversos tipos de influenciadores digitais, como celebridades,
ativistas e jornalistas e que produzem conteúdos dos mais variados assuntos. Em
2016, dada a relevância que os influenciadores tem recebido, a revista Negócios da Comunicação premiou os influenciadores digitais mais populares do Brasil,
conforme escolhas técnicas e do público. De acordo com a proposta do prêmio:
"A intenção é valorizarmos o empreendedorismo e a habilidade destes que
perceberam nas novas tecnologias uma oportunidade não só para se comunicar de
forma inovadora, mas de fazer bons negócios." Alguns vencedores do prêmio foram os blogs A Arquiteta, Fatos Desconhecidos, Depois dos 15, Geração de Valor, Desimpedidos, entre outros.
A questão central entre os influenciadores digitais e as novas formas de
empreendedorismo é que os influenciadores possuem a capacidade de determinar decisões
de compra e alterar os padrões de consumo entre as pessoas. Então, as empresas os utilizam para
divulgar sua marca ou um produto direcionado a um grupo de específico de
consumidores, já que as pessoas geralmente buscam opiniões confiáveis para auxiliá-las
no processo de decisão de compra.
Isso é conhecido pelo termo técnico marketing de influência e
recentemente tem sido considerado uma grande tendência no mundo dos negócios. A
ferramenta Google Trends permite ver a popularização do termo influenciador digital nos últimos cinco
anos, atentando para o fato de que desde 2015 o termo tem despertado mais curiosidade nas pessoas.
Figura 1: Pesquisa do termo influenciador digital no Google Trends. Elaborado pela autora
Em janeiro de 2017 a revista americana Entrepreuner publicou um
artigo citando 5 razões para acreditar na explosão desse assunto, argumentando
que o marketing de influência funciona muito bem e permite que a empresa se
conecte com os consumidores de uma forma mais natural:
A publicidade tradicional
está se tornando ineficiente.
Na web, os consumidores estão se tornando imune às publicidades, visto
que as pessoas usam cada vez mais aplicativos e programas para bloquear
anúncios.
As marcas estão gastando
mais com marketing de influência.
Com a recente popularização do tema, as empresas veem que o marketing de
influência realmente funciona e estão se adaptando às novas necessidades
estabelecidas pelos consumidores.
É natural
Como observado anteriormente, as pessoas buscam opiniões que consideram
confiáveis antes de comprar um produto ou contratar um serviço, portanto, se
houver um rosto familiar apresentando o conteúdo, a probabilidade de aceitação
se torna maior.
O retorno pode ser incrível
Existem estudos comprovando que a taxa de retorno ao gastar com
marketing de influência é grande.
A oferta se situa onde a
demanda está mais concentrada
Como os influenciadores digitais tem um público relativamente específico
conforme o conteúdo que desenvolvem, as ações de marketing são direcionadas às
pessoas de uma maneira muito mais eficaz e prática.
Todavia, de nada adianta elaborar uma boa estratégia de marketing se não
for possível utilizar ferramentas práticas para analisar os resultados. Nesse
sentido, é comum o uso de dados provenientes do Big Data ou Google Analytics,
que nada mais é senão um conjunto de plataformas complexas de análise de
dados.
Por meio dessas ferramentas o influenciador digital pode verificar estatísticas
de acesso, tendências de comunicação, os assuntos mais populares e, portanto,
criar conteúdos direcionados ao foco desejado. Além disso, é uma forma
democrática de análise de resultados, pois qualquer um pode utilizá-la e não
depende da compra de serviços de grandes empresas.
LONG, Jonathan.5
Reasons Why You Need to Take Advantage of Influencer Marketing.2017. Disponível em:
<https://www.entrepreneur.com/article/287740>. Acesso em: 20 abr. 2017.
O conhecimento e a informação estão presentes em todas as esferas da
sociedade, e quando transformadas em ações práticas, tem poder de modificar as
relações sociais e econômicas do mundo em que vivemos. Neste contexto, temos as
redes sociais. A configuração em rede é intrínseca à natureza humana, não é
possível vivermos isolados das redes sociais as quais compõem a sociedade, que
nada mais é do que uma grande rede. Mas e as corporações? Como se comportam
dentro delas, as redes sociais?
O meio corporativo, assim como qualquer outro, é recheado de relações
sociais que funcionam em rede. Seja a relação com parceiros, fornecedores, clientes
ou entre seus próprios colaboradores, a empresa só funciona dentro de uma
lógica de redes sociais. Não há empresa sem uma rede que a sustente!
As redes sociais que constituem e em que
estão constituídas as empresas, podem ser classificadas em dois níveis:
Interorganizacional e Intraorganizacional. A rede Interorganizacional diz
respeito às relações estabelecidas entre a empresa e outros atores, como
parceiros, fornecedores, franqueados, etc. A rede Intraorganizacional diz
respeito às relações estabelecidas internamente, pelos atores sociais da
empresa/corporação, seus funcionários, colaboradores.
No decorrer do século anterior,
observamos uma mudança na característica das redes organizacionais nas
empresas, uma mudança de padrão e de valores na estrutura
administrativa/produtiva da organização. No início do século XX, tínhamos basicamente
um modo de produção essencialmente fordista, com estrutura hierárquica bem
definida, organizada de modo vertical, tarefas bem definidas e atríbuidas,
excesso de burocracia e controle. As empresas grandes estavam basicamente
estruturadas em forma de oligopólio e não haviam desafios na produção que
demandassem uma mudança estrutural. Enquanto isso, as pequenas empresas
trabalhavam de modo isolado e de certa forma, independente. Esta foi a
estrutura organizacional padrão utilizada até o fim da era de ouro do
capitalismo.
A partir dos anos 70, podemos observar
uma crescente tendência de mudança nos sistemas organizacionais. À medida em que
vinham a tona diversas mudanças no mundo, de cunho econômico, tecnológico e
institucional, se tornou crescente a pressão por um novo modelo capaz de
acompanhar as novas exigências.
Na década de 70 houveram uma série de
crises econômicas que acabaram por afetar a vida de muitos países. Tivemos uma
crise no sistema monetário internacional e em seguida houveram as crises do
petróleo de 1973 e 1979, levando à recessão econômica e inflação. Além disso, esta
epoca é marcada por uma enorme aceleração no desenvolvimento tecnológico,
sobretudo em países como Estados Unidos e Japão, que se segue até os dias
atuais e que exigiram uma mudança no modus
operandi das organizações.
A crescente mudança neste cenário, deu
origem a um consumidor mais exigente, com necessidades diversificadas e que
preza por produtos e serviços de maior qualidade e por mais opções de consumo.
O modelo clássico fordista não era capaz de suprir esse mercado mais dinâmico e
exigente que se formara.
No Japão nasce um novo modelo estrutural
de organização, batizado de Toyotismo e posteriormente citado também como Lean
Manufacturing. Este modelo, ao contrário do modelo fordista, possibilita a
produção flexível, que o novo mercado necessitava. Esse modelo de produção foi
capaz de suprir as novas necessidades da produção, levando a um aumento na
eficiência e na produtividade. Enquanto isso, observa-se uma maior adoção do
sistema orgânico.
T. Burns e G.M. Stalker elaboraram, como
representantes da Teoria da Contingência, uma pesquisa no Reino Unido
para identificar como funcionavam a relação entre o ambiente e as práticas
administrativas das empresas. Eles então classificaram as organizações em dois
tipos extremos: os Sistemas Mecanicistas e os Sistemas Orgânicos.
As organizações mecanísticas, operam de forma altamente hierárquica e vertical
(divisão do trabalho), com tarefas bem definidas e atribuídas, decisões
centralizadas, sistema rígido de controle, ênfase nas normas e regras e um
sistema simples de comunicação, normalmente baseado em um fluxo de ordens de
cima para baixo e com pouco ou nenhum retorno de baixo para cima. É um sistema
mecânico, fechado, voltado para si e alheio ao ambiente externo, isolado.
As organizações orgânicas apresentam uma estrutura flexível, com responsabilidades
que podem ser redefinidas ou modificadas, organizada de forma horizontal com
decisões descentralizadas, maior confiabilidade nas comunicações informais e
ênfase nos princípios de bom relacionamento interpessoal. Caracteriza-se por
ser um sistema aberto, altamente mutável, voltado para a interação com o
ambiente externo.
Desde então, é uma tendência natural a
adesão de um sistema orgânico pelas empresas e organizações, visto que vivemos
hoje em um mundo altamente mutável, principalmente no que diz respeito às
inovações tecnológicas e ao consumo.
É cada vez mais necessário que as
empresas se cerquem de bons parceiros e fornecedores, que façam uso cada vez
maior da interação com outros agentes sociais, sejam parceiros ou clientes,
para que obtenham bom desempenho de sua função no mundo moderno. As pequenas
empresas não podem mais sobreviver de forma isolada e dependente como era
possível naquela epoca de um ambiente estável e controlado.
O estudo dos autores considera dois
extremos, porém, as redes organizacionais corporativas geralmente se encontram
entre esses extremos. Não há sistema organizacional perfeito, é necessário que
as empresas busquem de qual forma podem melhor organizar sua rede para que
possam obter os melhores resultados, dados o meio em que estão inseridos.
Atualmente, a importância do conhecimento e a velocidade da informação, mudam o mundo dia após dia. Na educação isso também se faz presente. O meio empresarial é um dos ramos da educação que mais cresce, como forma de desenvolver estrategicamente, aprimorar o trabalho da equipe e se atualizar das mudanças de cada setor. Com isso, a Educação Corporativa vem se tornando um mercado amplo e que atende as expectativas estratégicas, econômicas e sustentáveis com atualizações praticamente instantâneas. Esse trabalho tenta elucidar os excelentes resultados da Educação à Distância como ferramenta de gestão e desenvolvimento do quadro de funcionários e propulsora de uma sociedade que anseia pelo conhecimento.
O ensino multi plataforma vem revolucionando pessoas e empresas
A mutação diária do mundo, seja com a velocidade de uma notícia, nova lei ou estudos de inovação, acelera o avanço da tecnologia. Esse avanço está sempre intimamente ligado com a economia, o estilo de vida das sociedades, interações sociais e como um indivíduo se sente perante a sociedade. Com essa rápida mutação, vários conceitos ganham novos significados, basta perguntar a uma pessoa de 50 anos e uma pessoa de 20 anos a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando escuta a palavra "compartilhar". Os mais jovens serão mais propensos a associar essa palavra com Redes Sociais como Facebook e Twitter. Com isso, vários conceitos estão mudando. Dentre eles, o conceito de presença, distância, fazer, aprender, ensinar, educar.
O aprendizado presencial está saindo das salas de aulas tradicionais para ganhar vida no EaD. Aquele conceito de professor como um mestre intocável vem dando lugar a tutores, gestores, monitores e estimuladores, que tornam real e mais palpável o ensino à distância. Esse tipo de ensino contribui pra uma inteligência coletiva que transforma a vida tanto de quem ensina quanto de quem aprende.
Atualmente, um dos locais aonde a educação mais vem ganhando espaço é nas empresas. O e-Learning vem fazendo com que a Educação Corporativa se torne cada vez mais forte e importante. Afinal, a concorrência, o custo de treinamentos de equipes inteiras e a atualização constante faz com que corporações invistam cada vez mais em plataformas EaD e cursos online para capacitar o maior número de funcionários e com um mesmo padrão e agilidade.
Normalmente são aulas com poucos momentos ao vivo e com cursos em alto nível de didática, com um prazo de conclusão normalmente alto e com correção feita pelo próprio programa. Com isso, uma análise ao e-Learning e a educação corporativa se tornam importantes para que possamos entender melhor sobre como será o mercado de trabalho tanto para quem está saindo da universidade quanto para aquele que busca um emprego num balcão de fast-food.
EaD é o termo abreviado de Educação à Distância. Pode parecer um conceito novo e atual devido à expansão de universidades desse nicho. Mas quem nunca ouviu falar do Instituto Universal Brasileiro e seus cursos por correspondência? No Brasil, os cursos por correspondência chegaram por volta dos anos de 1900, com o Jornal do Brasil e seu curso de datilografia. Mas no mundo, é muito mais antigo. Têm-se notícias de curso por correspondência na Gazeta de Boston em 1728. Muito tempo depois, surgiu o ensino por rádio, em 1935 e em 1956 o Chicago College começou a instruir via TV. Nasceram nestes cenários, novas formas de aprendizagem, que se mostraram cada vez mais efetivas para o discernimento dos alunos.
A aplicação é o que difere o EaD do e-Learning. O EaD é feito tanto com computadores e meios tecnológicos quanto materiais impressos e laboratórios. Já o e-Learning é transmitido apenas por meios eletrônicos.
Os cursos por correspondências eram populares no século passado
Mesmo após séculos de evolução, podemos considerar EaD qualquer tipo de material escrito, via telefone ou transmitido por televisão mas que seja produzido com baixo nível de tecnologia. Mas o avanço tecnológico vem moldando este termo e acrescentando atividades interativas e multiplataformas como celulares, computadores, etc. Segundo João Mattar, EaD é uma modalidade de educação, construída por docentes ou instituições em que professores e alunos não estão no mesmo ambiente e várias tecnologias de comunicação são utilizadas. Já o e-Learning ficou conhecido no ambiente corporativo por permitir com que o conteúdo alcance pessoas em qualquer local do mundo, através da internet.
DESENVOLVIMENTO OS NEGÓCIOS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO
No século XXI vemos uma sociedade que demanda profissionais especializados em áreas técnicas que muitas vezes não são formados em universidades. Isso fez surgir à necessidade de plataformas que disseminassem conhecimentos técnicos dentro das empresas. Essas plataformas e-Learning tem a missão de capacitar os funcionários para alcançar o resultado desejado em pouco tempo.
No cenário corporativo global, as empresas e os profissionais têm que estabelecer quatro pontos para evolução do conhecimento: Institucional, Humano, Cultural e, é claro: Conhecimento.
No quesito institucional, entra a parte burocrática e legal, com o aprendizado das leis que regem o trabalho a ser realizado.
No âmbito Humano há uma preocupação com a geração de valor para a sociedade. Fazer algo além de gerar dinheiro! Gerar algo que melhore a vida dos funcionários e da sociedade como um todo.
Na dimensão cultural busca-se retratar a cultura da organização e da sociedade a qual ela está inserida.
Já na parte do conhecimento, há a sua criação, retenção e a aplicação.
O conhecimento é algo muito antigo. Desde as primeiras sociedades nômades, o aprendizado era essencial. Nessas sociedades agrícolas da terra vinha à fonte de riqueza e o valor do homem era medido pela força. Já na Era Industrial a base da economia eram as máquinas a vapor, o transporte e a energia e o Estado era o principal agente de intervenção econômica.
Hoje, a sociedade do conhecimento busca estabelecer a tecnologia e a informação como bases. E junto a isso, há a sociedade que busca o uso de energias renováveis para poupar a natureza do consumismo exacerbado da humanidade. A informação é um dos pilares competitivos atualmente, onde tudo que é produzido, sejam bens ou serviços, acaba sendo medido pela quantidade de informação que há nele, gerando uma percepção de valor. O avanço tecnológico vem mudando tanto a rotina das sociedades que até a forma de pensar vem se alterando.
No livro “A quinta disciplina”, Peter Senge mostra que as organizações que desenvolvem a capacidade de mudança, se adaptam e mudam, evoluem de uma maneira muito superior às organizações que não o fazem. Dar continuidade no aprendizado dá muita vantagem competitiva à empresa, pois leva a uma inquietação e vontade de ser criativo e inovador. Ele aponta cinco disciplinas indispensáveis para uma empresa se destacar por meio do conhecimento:
Modelos mentais: Cada funcionário deve pensar fora da caixa e buscar alternativas aos problemas cotidianos. Descartar velhos modos e rotinas padronizadas, para fugir da sensação de que não precisa evoluir.
Domínio pessoal: A busca por uma evolução pessoal, conhecimento técnico e a expansão da zona de conforto deve ser um exercício diário, sem temer críticas pela pró-atividade.
Sistemas de pensamento: Cada um deve pensar não só na sua parte do projeto, mas entendê-lo como um todo e criar assim, uma visão ampla que poderá prever problemas ou até mesmo aprimorar a sua parte no trabalho.
Visão Compartilhada: As pessoas necessitam ter uma visão simples e que possa ser compartilhada sobre o projeto que pretendem criar.
Aprendizagem em equipe: Valorizar o trabalho conjunto, absorvendo o melhor de cada membro do time, discutindo e buscando aprimorar o projeto. Pois são nessas horas que ideias brilhantes surgem e experiências são adquiridas.
Hoje, tudo depende do conhecimento! Seja pensar, raciocinar, decidir e agir. O conhecimento transforma a informação em algo palpável, tangível fazendo com que a instituição comece a agir de forma mais eficiente, buscando agregar mais valor ao produto final, seja ele qual for.
O valor do conhecimento é cada vez maior. Mentes brilhantes são cobiçadas por grandes empresas que buscam nessas pessoas suas joias raras da lucratividade. Mas o conhecimento precisa ser bem administrado para que o conhecimento seja canalizado ao ponto de superar a concorrência. Por isso, cada vez mais as empresas investem em Gestão do Conhecimento, para gerar valor a partir do capital intelectual da instituição.
O grande desafio atual da Gestão do Conhecimento é, segundo Chiavenato, criar uma infraestrutura administrativa, pois isso envolve todo um aparato de estações de trabalho, banco de dados, redes que muitas empresas preferem não investir por não sentir que o retorno é realmente palpável. Mas muitas empresas se juntam e criam centros de aprendizagem para dividir os custos estruturais e aproveitar o resultado construído. Empresas como Sebrae, Eletrobrás, Motorola, Wizard, etc. Tem suas Universidades Corporativas.
Outro desafio que a Gestão do Conhecimento enfrenta é o de formar uma cultura de conhecimento, pois mesmo as empresas requisitando funcionários cada vez mais dinâmicos, encontrar e administrar perfis que desenvolvam projetos inovadores e que façam isso com economia de recursos, é um desafio diário. E só irá melhorar quando houver uma cultura de desenvolver e melhorar o conhecimento de forma constante. Pois o conhecimento só é eficiente se compartilhado. Todas as informações sendo compartilhadas ajudam a criar redes de expertise, aumentando o Know-how organizacional.
A competência vem sendo mapeada e nem sempre a pessoa tecnicamente capaz é a mais indicada para ocupar determinado cargo. Hoje, tem-se como princípios básicos da competência o saber fazer, o poder fazer e a atitude de querer executar. Parece simples, mas isso gera um papel estratégico ao setor de RH, que se reinventa com cada nova entrevista e, se colher corretamente esses dados, gera um banco de dados que servirá para organizar estratégias de treinamento e desenvolvimento dos colaboradores se antecipando a problemas que o banco de dados já previu.
Trabalhar a gestão do conhecimento e de pessoas faz com que a empresa estimule uma vontade de melhorar a carreira em cada funcionário, querendo sempre estar pronto para agarrar uma nova oportunidade dentro da instituição. Isso fornece a empresa pessoas motivadas e um alto nível de informação e conhecimento sendo colocados em prática diariamente. Por isso o desafio da liderança na atualidade é saber desenvolver e aplicar as competências de cada um dos seus subordinados.
O EAD CORPORATIVO
O Google se tornou referência mundial em escritórios que incentivam a criatividade
Apesar de não ser possível mensurar o quanto vale, o conhecimento tem sido cada dia mais valorizado dentro das corporações. Defender seu capital intelectual pode ser o diferencial para se destacar perante a concorrência. Por isso está sendo cada vez mais comuns empresas adaptando-se as mudanças, com Home Office, ambientes mais descontraídos e um trabalho de olho no projeto e não no poder. Isso permite que o funcionário gerencie sua própria carreira e essa liberdade aguce sua criatividade.
As universidades hoje produzem cada vez mais o conhecimento técnico. Entretanto, qualidades para gerenciar a própria carreira através da automotivação e vontade de atualização não são qualidades que vêm junto com o diploma. Exige muito tempo de estudo e aprimoramento, além de persistência. Pensando nessa dificuldade de encontrar pessoal com este perfil, as empresas estão investindo nas Universidades Corporativas e desenvolver exatamente o que é preciso com cursos objetivos, rápidos e com uma didática que permite uma alta assimilação pelos mais distintos perfis profissionais.
Por questões como custo, dificuldade de colocar os funcionários em uma sala de aula e horários específicos, a maioria das empresas opta pelo e-Learning e sua maleabilidade. Tem-se assim, um estudo mais proveitoso, pois o funcionário faz principalmente por querer aprender, sem os bloqueios que “ficar na firma até tarde” poderia trazer ao aprendizado.
A Educação a Distância dentro das corporações traz benefícios como o baixíssimo custo, se comparado ao presencial, um aprendizado ao tempo do aluno, focado nele. A EaD faz com que o conteúdo seja espalhado com rapidez e atualizações ( legislativas, por exemplo) sejam repassadas a um maior número de funcionários em um tempo muito pequeno. Isso muda toda a realidade dos setores administrativos, gerenciais e técnicos pois o comportamento, críticas e novas tendências são claramente colocadas no e-Learning, fazendo com que o colaborador entenda exatamente o que a empresa deseja transmitir, aumentando a eficiência.
Empresas buscam no EaD a agilidade e competência nos treinamentos
As inovações tecnológicas por si só não significam inovação. Ensinar e aprender depende de muitos fatores. Mas o Brasil é um país onde só 16% da população economicamente ativa tem ensino superior completo. Isso mostra como temos uma deficiência gigantesca se comparados com países no mesmo patamar econômico que o nosso. A EaD e o e-learning não vem para salvar o fato que 45% da população não tem ensino médio completo. Mas trazer o acesso ao conhecimento ao ambiente em que a pessoa já passa o dia todo pode ser uma ferramenta excelente para incitar a curiosidade e a vontade de crescer em cada brasileiro. Isso gera currículos mais flexíveis, alunos interagindo entre si de forma mais eficaz, além de um aprimoramento na didática, permitindo que jogos, realidade aumentada, ebooks e outros materiais sirvam para atender cada público alvo. Afinal, você não vai dar um curso com a mesma complexidade para altos executivos e auxiliares de produção. As exigências dos cargos são distintas, a rotatividade dos cargos é diferente e a absorção do conteúdo se dá de forma distinta. Poderemos ver o Brasil figurar entre as economias mais eficientes num futuro próximo e o EaD caminhará lado a lado com o país nessa evolução. Hoje, para efeitos de comparação, o Brasil tem uma eficiência de 24% em relação aos EUA, país base da pesquisa.
A rapidez da mudança tecnológica no país e a exigência de profissionais bem preparados por parte das empresas servem de combustível para acreditarmos que o EaD será cada vez mais uma excelente ferramenta de construção de cidadania através da educação, seja ela corporativa ou acadêmica. Mas o importante é que seja acessível, democrática e eficaz.
Bibliografia
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. Terceira edição Totalmente Revista e Atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier Campus, 2004.