A LINGUAGEM VIRTUAL: Uma “discuçaum” sobre o uso do “internetes”!
Nicólli
Cesconetto Espíndola
Estudante de Graduação do Curso de Ciências Econômicas.
Artigo publicado para
a disciplina de Redes Sociais e Virtuais. Departamento de Engenharia do
Conhecimento (EGC): UFSC, 2015.2
RESUMO
A internet
tem facilitado à comunicação e à interação entre os seus usuários,
principalmente através das redes sociais. Este trabalho tem como objetivo
evidenciar a discussão sobre a utilização da linguagem virtual: o uso do “internetês”.
Descreve-se neste, a opinião e a preocupação de alguns estudiosos sobre o
assunto, além das vantagens e desvantagens sobre a utilização de abreviações e emoctions. Ao final, verificar-se-á que
a linguagem virtual é criativa e rápida e não deve ser considerada uma ameaça à
língua formal, contudo devem ser utilizada no ambiente apropriado. Bem como os
pais e os professores devem acompanhar a comunicação de jovens estudantes,
estimulando à leitura e à escrita, independente de seu ambiente.
#Tags: #linguagemvirtual #internetes #redessociais
As redes sociais possibilitam trocas de informações e conversas rápidas,
de forma objetiva e despojada. A fim de trazer agilidade a este processo, a linguagem
virtual ou o “internetês” vem sendo muito utilizado pelos cibernautas. Conforme
Cavalcante (2013) é necessário discutir os desafios que essa nova linguagem usada na rede - o internetês -
impõem nas escolas para “garantir que os alunos consigam estabelecer as
diferenças entre a linguagem virtual e a acadêmica é algo que requer uma nova
postura docente.”.
O objetivo deste trabalho é discutir as diferentes visões sobre a
utilização da linguagem virtual, seus limites e suas recomendações. Assim, o
desenvolvimento está subdividido em três seções: 2.1 A comunicação pela internet;
2.2 A Linguagem Virtual: o uso do “internetês” e 2.3 As perspectivas para o
futuro e recomendações.
2 A LINGUAGEM VIRTUAL: Uma discussão sobre o
uso do “internetês”!
2.1 A comunicação pela internet
As redes sociais, como: Facebook, Twitter, Whatsapp, Skype; blogs e
chats on line estão sendo cada vez mais
utilizados como um meio que facilita a comunicação entre as pessoas, em virtude
da acessibilidade, da rapidez e da interação entre os usuários de diversas
partes do mundo. A internet proporcionou a formação de uma linguagem própria: a
linguagem virtual. Dentro desta perspectiva deve-se discutir a utilização da linguagem
virtual, ou seja, a popularização do “internetês” no meio social, além das
preocupações dos educadores à transcrição deste tipo de linguagem ao ambiente
formal de educação.
De acordo com TEIXEIRA
(2012):
O uso da comunicação através
da Internet acabou por desenvolver a necessidade de uma linguagem própria, que
satisfizesse o universo cibernético. A rapidez do que
se quer dizer, assim como, o fato de se comunicar com várias pessoas ao mesmo
tempo, possibilitou a criação de uma linguagem especifica que favorecesse as
relações. Muitos veem essa linguagem ampla utilizada pelos usuários na
Internet, como uma das formas de comunicação existentes e que deve ser
reconhecida como tal. Outros consideram tal linguagem um fator de
empobrecimento da gramática e da forma de comunicação. Não podemos deixar de
enfatizar que a comunicação virtual é singular sendo utilizada por um grupo que
instituiu uma linguagem própria. (grifos nossos).
2.2 A Linguagem Virtual: o uso do “internetês”
Segundo Souza (2012):
A internet é um ciberespaço que tem demonstrado essa
dinamicidade, rompendo com determinadas regras tradicionais da norma padrão.
Isso tem fomentado críticas quanto à nova forma de escrita utilizada. O
internauta, ao interagir com seus interlocutores, desenvolve uma escrita com características que a aproxima da oralidade.
Esse recurso tem por objetivo tornar a interação mais próxima de uma
conversação face a face, faz com que os interagentes se sintam mais à vontade,
e aumente o fluxo de comunicação verbal atendendo à exigência de velocidade no
momento de interação. (grifos nossos).
O que é o “internetês”?
Santos (2011)
conceitua o “internetês”:
O
internetês é um neologismo (de: internet + sufixo ês) que designa a linguagem
utilizada no meio virtual, em que as palavras foram abreviadas até o ponto de
se transformarem em uma única expressão, duas ou no máximo três letras, onde há
um desmoronamento da pontuação e da acentuação pelo uso da fonética em
detrimento da etimologia, com uso restrito de caracteres e desrespeito as
normas gramaticais.
Azevedo (2012)
identifica o “internetês”, como uma linguagem que permite uma forma rápida e
sem regras específicas para a comunicação, sendo identificada, principalmente,
pelas abreviações que tornam esta comunicação veloz entre os jovens e adolescentes,
gerando questionamentos sobre este paradigma textual.
Teixeira (2012)
aponta o motivo à existência desta linguagem:
[...]
criar abreviações que acompanhassem a velocidade do pensamento tal qual a
oralidade. Porém devemos entender o “internetês” como uma forma de discurso,
mas não somente a única. A linguagem virtual toma emprestados vocábulos do
inglês para dar vida a uma forma específica de comunicação.
Para muitos jovens
o “internetês” é mais atrativo que a linguagem padrão por ser rápido e não ter
regras específicas.
Quais são as
principais características do “internetês”?
A linguagem virtual
caracteriza-se por ser uma linguagem coloquial (informal) elaborada pela
oralidade das palavras, utilizando-se de: abreviações; neologismos – criação de
novas palavras, difundida pelos “memes” (“gírias”); estrangeirismos; palavras modificadas, conforme o som nas quais são
pronunciadas; emoctions para
expressar os sentimentos e emoções, além da eliminação da acentuação e
pontuação nas frases.
Os emoctions. Fonte:
whatsapp
Pequeno Dicionário
Internetês-Português.
Quais são as
vantagens e as desvantagens da linguagem virtual?
Há muitas controvérsias entre os estudiosos sobre a linguagem virtual,
não existindo um consenso entre os mesmos. Assim, levantam-se os principais
argumentos dos educadores:
São vantagens da linguagem virtual:
Ø Ser despojada, simples e objetiva.
Ø Permitir a criatividade linguística com a
criação de novas palavras, expressões e emoções.
Ø Ser rápida, de fácil comunicação e interação entre
usuários de diversos lugares do mundo.
São desvantagens da linguagem virtual:
Ø Levam
ao empobrecimento e uso incorreto da língua. O uso de abreviações fica
automático com o costume.
Ø Os estudantes acabam utilizando este tipo de
linguagem no meio formal, por exemplo, em redações. Ocasionando problemas de
escritas tanto no ambiente escolar, quanto no ambiente profissional.
Ø Os jovens sentem mais dificuldades e
desinteresse pela norma culta da língua portuguesa.
Neste sentido, algumas pesquisas são realizadas através de questionários
para verificar, se de fato, a linguagem virtual pode ser prejudicial aos jovens
e adolescentes. Para Penido (2013), “a maioria dos alunos afirmam que essa nova
variação de linguagem não os atrapalha na escrita, nem influenciam de maneira incorreta
suas atividades escolares ou na hora de escrevem textos.” Segundo Teixeira
(2012), a internet leva a novas formas de ler, escrever, pensar e aprender,
portanto, as pessoas que utilizam o a linguagem virtual são, em geral, mais
criativas e comunicativas, destacam-se mais. França (2014) mostra que a
linguagem virtual não atrapalha a argumentação entre jovens, pelo contrário, em
consequência ao pequeno espaço para expressar sua opinião (no Twitter são 140
caracteres), o usuário desenvolve uma habilidade de síntese.
Entretanto, há estudiosos que são mais pessimistas em relação ao
assunto. Linguagem virtual (2010):
Alguns jovens apresentam grande dificuldade de escrever a
forma culta da língua padrão, se utilizam da linguagem virtual nas conversas do
dia-a-dia, em provas, demonstram certo
desconforto e até desprazer em escrever manualmente. [...] Essas linguagens
acabam se tornando vícios de oratória e escrita, prejudicando-os no seu
convívio social não virtual e no seu cotidiano. Mesmo, fazendo um
retrocesso no modo culto de utilizar a “língua mãe”, muitas vezes, são
prejudicados em entrevistas de empregos por não saberem se comunicar
corretamente em um mundo não virtual. (grifos nossos).
Teixeira (2012) enfatiza como muitos estudantes não conseguem estabelecer o momento apropriado para
o uso dessa forma de comunicação.
Eles
a empregam em suas construções como uso de abreviações e expressões informais
que são utilizadas como ferramentas a todo o tempo no lugar de uma escrita
cuidada. Todo esse hábito gera um vício que passa a fazer parte do universo do
internauta que acaba por importar para seu cotidiano.
Conforme Barros
(2015) para a linguagem escrita, essa não é uma
prática vantajosa.
Além dos jovens terem pouco contato com o mundo dos
livros, justamente por estarem mais ligados às novidades virtuais, vão perdendo
as formas padrões da ortografia, que podem ficar comprometidas pela falta de contato
com a grafia correta. [...] As escolas
devem trabalhar muito quanto a esse aspecto, pois não podemos permitir que a
escrita correta das línguas sejam destruídas diante das banalidades virtuais.
(grifos nossos).
2.3 As perspectivas para o futuro e recomendações
Conforme Santos
(2011), é importante considerar que no ambiente virtual a compreensão se dá principalmente
através da fonética:
[...]
portanto é preciso refletir sobre a extensão dessa alternativa de percepção
para avaliar sua influência sobre a produção textual, pois o processo de
aquisição da linguagem apresenta padrão comum aos diferentes indivíduos e nas
diferentes línguas, o que remete àquilo que, na linguagem, é comum à espécie
humana.
De acordo com Azevedo (2012), a linguagem virtual não deveria ser considerada
ameaça para a escrita-padrão da norma culta, porque se trata de uma forma de
comunicação rápida que proporciona uma integração maior entre as pessoas e que
a problemática está no fato, das pessoas não estudarem ou conhecerem adequadamente
sua língua materna. Azevedo (2012) ainda descreve: “é por isso, que pais, professores
e principalmente os usuários dos meios de comunicação instantâneos, no caso, as
redes sociais, devem ter consciência de quando e de qual ocasião cabe à
utilização destas abreviações.”.
Para Cavalcante (2013), o desafio continua lançado nas salas de aula.
Como
o professor deve agir diante de uma produção de textos onde os alunos escrevam
com as abreviações das redes sociais? A orientação para a norma culta da língua
portuguesa é uma obrigação de todos os regentes. O aluno possui o direito de saber como é a escrita culta, mas também
tem a liberdade de se expressar de forma confortável e segura. (grifos
nossos).
Gírias,
abreviações e emoctions. Fonte:
3 CONCLUSÃO
A internet facilita a comunicação entre os seus usuários, levando à
criação de uma linguagem própria: a linguagem virtual. O uso do “internetês”
através de abreviações, neologismos, emoctions
entre outros recursos levanta a
discussão entre os estudiosos sobre esta realidade: em qual momento a
utilização da linguagem virtual pode se tornar nociva? Conclui-se que a linguagem
virtual é criativa, objetiva e rápida entre os participantes, contudo deve ser
utilizada no lugar próprio para tal. Assim, educadores e familiares devem
incentivar os alunos a se interessarem pela língua formal, através de leitura e
da escrita, acompanhando a comunicação entre jovens e adolescentes, bem como
conhecer este universo, a fim de eliminar determinados preconceitos sobre as
expressões utilizadas na internet.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Mikaelle. Linguagem: a interferência das redes sociais na escrita. 29 jun.
2012. Disponível em: < http://www.artigonal.com/linguas-artigos/linguagem-a-interferencia-das-redes-sociais-na-escrita-6019330.html
> Acesso em: 29 nov. 2015.
BARROS, Jussara De. O Internetês e a
Ortografia. Brasil Escola.
Disponível em < http://brasilescola.uol.com.br/educacao/o-internetes-ortografia.htm
>. Acesso em 29 de novembro de 2015.
CAVALCANTE, Monica Cristina Celano. A linguagem virtual: uma nova
identidade dentro e fora da escola. Rioeduca, 13 de set. 2013. Disponível em: <
http://www.rioeduca.net/blogViews.php?bid=16&id=3823
> Acesso em: 29 nov. 2015.
FRANÇA, Breno dos Santos. Linguagem virtual não atrapalha recurso de
argumentação dos jovens. AUN: Agência Universitária de Notícias -
USP, 10 jun. 2014. Disponível
em: < http://www.usp.br/aun/exibir.php?id=6016/ > Acesso em: 29 nov. 2015.
LINGUAGEM VIRTUAL. Linguagem virtual e as consequências. 29 out. 2010. Disponível em:
< http://problemasdalinguagemvirtual.blogspot.com.br/ > Acesso em: 29
nov. 2015.
NOVA linguagem criada na
internet vira vício e acaba massacrando a língua portuguesa: o internetês na
vida real. Jornal A cidade, 15 maio 2013. Disponível em: < http://www.jornalacidade.com.br/lazerecultura/lazerecultura_internaNOT.aspx?idnoticia=844420
> Acesso em: 29 nov. 2015.
PENIDO,
Leila de Araujo. A influência da
linguagem virtual na escrita de alunos do ensino fundamental. 2013. 41p. Monografia
do curso de Graduação de
Letras
da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM, 2013.
SANTOS, Ermoson de Goes dos.
26 maio 2011. Linguagem virtual.
Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/linguagem-virtual/67099/
> Acesso em: 29 nov. 2015.
SOUZA, Luciene Pinheiro de. A linguagem utilizada nas redes sociais e sua interferência na escrita
tradicional: um estudo com adolescentes brasileiros. Anais
II Congresso Internacional TIC e Educação, Portugal,
2012.
TEIXEIRA, Eleonora Campos. A linguagem virtual:
do internetês ao português. Portal Educação, 22 nov 2012. Disponível em: <
http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/21967/a-linguagem-virtual-do-internetes-ao-portugues/
> Acesso em: 29 nov. 2015.
Gostei do seu artigo Nicolli! Ficou bem de acordo com o que conversamos nas aulas presenciais e virtuais!
ResponderExcluirParabéns pelo belíssimo artigo, Nicolli! Me sinto honrada por ter sido citada como referência dele. Ainda há um longo caminho a percorrer quando tratamos da linguagem usada nos meios virtuais.Assunto polêmico...
ResponderExcluirAbs,
Eleonora Campos Teixeira
Muito interessante o assunto seu artigo e real, estamos presenciando tudo isso com nossos jovens - uma linguagem informal terrível.
ResponderExcluirMe ajudou muito o seu artigo! Obrigada:D
ResponderExcluirARTIGO MUITO INTERESSANTE! GOSTARIA DE SABER COMO FAÇO PRA CITAR SEU ARTIGO, ONDE ENCONTRAR SUA REFERÊNCIA?
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