domingo, 29 de novembro de 2015


A  LINGUAGEM VIRTUAL: Uma “discuçaum” sobre o uso do “internetes”!


 

Nicólli Cesconetto Espíndola

                            Estudante de Graduação do Curso de Ciências Econômicas.
Artigo publicado para a disciplina de Redes Sociais e Virtuais. Departamento de Engenharia do Conhecimento (EGC): UFSC, 2015.2

RESUMO


A internet tem facilitado à comunicação e à interação entre os seus usuários, principalmente através das redes sociais. Este trabalho tem como objetivo evidenciar a discussão sobre a utilização da linguagem virtual: o uso do “internetês”. Descreve-se neste, a opinião e a preocupação de alguns estudiosos sobre o assunto, além das vantagens e desvantagens sobre a utilização de abreviações e emoctions. Ao final, verificar-se-á que a linguagem virtual é criativa e rápida e não deve ser considerada uma ameaça à língua formal, contudo devem ser utilizada no ambiente apropriado. Bem como os pais e os professores devem acompanhar a comunicação de jovens estudantes, estimulando à leitura e à escrita, independente de seu ambiente.

#Tags: #linguagemvirtual #internetes #redessociais


 1 INTRODUÇÃO


As redes sociais possibilitam trocas de informações e conversas rápidas, de forma objetiva e despojada. A fim de trazer agilidade a este processo, a linguagem virtual ou o “internetês” vem sendo muito utilizado pelos cibernautas. Conforme Cavalcante (2013) é necessário discutir os desafios que essa nova linguagem usada na rede - o internetês - impõem nas escolas para “garantir que os alunos consigam estabelecer as diferenças entre a linguagem virtual e a acadêmica é algo que requer uma nova postura docente.”.
O objetivo deste trabalho é discutir as diferentes visões sobre a utilização da linguagem virtual, seus limites e suas recomendações. Assim, o desenvolvimento está subdividido em três seções: 2.1 A comunicação pela internet; 2.2 A Linguagem Virtual: o uso do “internetês” e 2.3 As perspectivas para o futuro e recomendações.


2 A LINGUAGEM VIRTUAL: Uma discussão sobre o uso do “internetês”!

2.1 A comunicação pela internet



As redes sociais, como: Facebook, Twitter, Whatsapp, Skype; blogs e chats on line estão sendo cada vez mais utilizados como um meio que facilita a comunicação entre as pessoas, em virtude da acessibilidade, da rapidez e da interação entre os usuários de diversas partes do mundo. A internet proporcionou a formação de uma linguagem própria: a linguagem virtual. Dentro desta perspectiva deve-se discutir a utilização da linguagem virtual, ou seja, a popularização do “internetês” no meio social, além das preocupações dos educadores à transcrição deste tipo de linguagem ao ambiente formal de educação.
De acordo com TEIXEIRA (2012):

O uso da comunicação através da Internet acabou por desenvolver a necessidade de uma linguagem própria, que satisfizesse o universo cibernético. A rapidez do que se quer dizer, assim como, o fato de se comunicar com várias pessoas ao mesmo tempo, possibilitou a criação de uma linguagem especifica que favorecesse as relações. Muitos veem essa linguagem ampla utilizada pelos usuários na Internet, como uma das formas de comunicação existentes e que deve ser reconhecida como tal. Outros consideram tal linguagem um fator de empobrecimento da gramática e da forma de comunicação. Não podemos deixar de enfatizar que a comunicação virtual é singular sendo utilizada por um grupo que instituiu uma linguagem própria. (grifos nossos).



2.2 A Linguagem Virtual: o uso do “internetês” 




Segundo Souza (2012):

A internet é um ciberespaço que tem demonstrado essa dinamicidade, rompendo com determinadas regras tradicionais da norma padrão. Isso tem fomentado críticas quanto à nova forma de escrita utilizada. O internauta, ao interagir com seus interlocutores, desenvolve uma escrita com características que a aproxima da oralidade. Esse recurso tem por objetivo tornar a interação mais próxima de uma conversação face a face, faz com que os interagentes se sintam mais à vontade, e aumente o fluxo de comunicação verbal atendendo à exigência de velocidade no momento de interação. (grifos nossos).

O que é o “internetês”?

Santos (2011) conceitua o “internetês”:

O internetês é um neologismo (de: internet + sufixo ês) que designa a linguagem utilizada no meio virtual, em que as palavras foram abreviadas até o ponto de se transformarem em uma única expressão, duas ou no máximo três letras, onde há um desmoronamento da pontuação e da acentuação pelo uso da fonética em detrimento da etimologia, com uso restrito de caracteres e desrespeito as normas gramaticais.

Azevedo (2012) identifica o “internetês”, como uma linguagem que permite uma forma rápida e sem regras específicas para a comunicação, sendo identificada, principalmente, pelas abreviações que tornam esta comunicação veloz entre os jovens e adolescentes, gerando questionamentos sobre este paradigma textual.
Teixeira (2012) aponta o motivo à existência desta linguagem:

[...] criar abreviações que acompanhassem a velocidade do pensamento tal qual a oralidade. Porém devemos entender o “internetês” como uma forma de discurso, mas não somente a única. A linguagem virtual toma emprestados vocábulos do inglês para dar vida a uma forma específica de comunicação.

Para muitos jovens o “internetês” é mais atrativo que a linguagem padrão por ser rápido e não ter regras específicas.

Quais são as principais características do “internetês”?

A linguagem virtual caracteriza-se por ser uma linguagem coloquial (informal) elaborada pela oralidade das palavras, utilizando-se de: abreviações; neologismos – criação de novas palavras, difundida pelos “memes” (“gírias”); estrangeirismos; palavras modificadas, conforme o som nas quais são pronunciadas; emoctions para expressar os sentimentos e emoções, além da eliminação da acentuação e pontuação nas frases. 

Os emoctions. Fonte: whatsapp


Pequeno Dicionário Internetês-Português.

Quais são as vantagens e as desvantagens da linguagem virtual?



Há muitas controvérsias entre os estudiosos sobre a linguagem virtual, não existindo um consenso entre os mesmos. Assim, levantam-se os principais argumentos dos educadores:

São vantagens da linguagem virtual:
Ø  Ser despojada, simples e objetiva.
Ø  Permitir a criatividade linguística com a criação de novas palavras, expressões e emoções.
Ø  Ser rápida, de fácil comunicação e interação entre usuários de diversos lugares do mundo.

São desvantagens da linguagem virtual:
Ø   Levam ao empobrecimento e uso incorreto da língua. O uso de abreviações fica automático com o costume.
Ø  Os estudantes acabam utilizando este tipo de linguagem no meio formal, por exemplo, em redações. Ocasionando problemas de escritas tanto no ambiente escolar, quanto no ambiente profissional.
Ø  Os jovens sentem mais dificuldades e desinteresse pela norma culta da língua portuguesa.


Neste sentido, algumas pesquisas são realizadas através de questionários para verificar, se de fato, a linguagem virtual pode ser prejudicial aos jovens e adolescentes. Para Penido (2013), “a maioria dos alunos afirmam que essa nova variação de linguagem não os atrapalha na escrita, nem influenciam de maneira incorreta suas atividades escolares ou na hora de escrevem textos.” Segundo Teixeira (2012), a internet leva a novas formas de ler, escrever, pensar e aprender, portanto, as pessoas que utilizam o a linguagem virtual são, em geral, mais criativas e comunicativas, destacam-se mais. França (2014) mostra que a linguagem virtual não atrapalha a argumentação entre jovens, pelo contrário, em consequência ao pequeno espaço para expressar sua opinião (no Twitter são 140 caracteres), o usuário desenvolve uma habilidade de síntese.
Entretanto, há estudiosos que são mais pessimistas em relação ao assunto. Linguagem virtual (2010):

Alguns jovens apresentam grande dificuldade de escrever a forma culta da língua padrão, se utilizam da linguagem virtual nas conversas do dia-a-dia, em provas, demonstram certo desconforto e até desprazer em escrever manualmente. [...] Essas linguagens acabam se tornando vícios de oratória e escrita, prejudicando-os no seu convívio social não virtual e no seu cotidiano. Mesmo, fazendo um retrocesso no modo culto de utilizar a “língua mãe”, muitas vezes, são prejudicados em entrevistas de empregos por não saberem se comunicar corretamente em um mundo não virtual. (grifos nossos).

Teixeira (2012) enfatiza como muitos estudantes não conseguem estabelecer o momento apropriado para o uso dessa forma de comunicação.

Eles a empregam em suas construções como uso de abreviações e expressões informais que são utilizadas como ferramentas a todo o tempo no lugar de uma escrita cuidada. Todo esse hábito gera um vício que passa a fazer parte do universo do internauta que acaba por importar para seu cotidiano.

Conforme Barros (2015) para a linguagem escrita, essa não é uma prática vantajosa.

Além dos jovens terem pouco contato com o mundo dos livros, justamente por estarem mais ligados às novidades virtuais, vão perdendo as formas padrões da ortografia, que podem ficar comprometidas pela falta de contato com a grafia correta. [...] As escolas devem trabalhar muito quanto a esse aspecto, pois não podemos permitir que a escrita correta das línguas sejam destruídas diante das banalidades virtuais. (grifos nossos).

2.3 As perspectivas para o futuro e recomendações




Conforme Santos (2011), é importante considerar que no ambiente virtual a compreensão se dá principalmente através da fonética:

[...] portanto é preciso refletir sobre a extensão dessa alternativa de percepção para avaliar sua influência sobre a produção textual, pois o processo de aquisição da linguagem apresenta padrão comum aos diferentes indivíduos e nas diferentes línguas, o que remete àquilo que, na linguagem, é comum à espécie humana.

De acordo com Azevedo (2012), a linguagem virtual não deveria ser considerada ameaça para a escrita-padrão da norma culta, porque se trata de uma forma de comunicação rápida que proporciona uma integração maior entre as pessoas e que a problemática está no fato, das pessoas não estudarem ou conhecerem adequadamente sua língua materna. Azevedo (2012) ainda descreve: “é por isso, que pais, professores e principalmente os usuários dos meios de comunicação instantâneos, no caso, as redes sociais, devem ter consciência de quando e de qual ocasião cabe à utilização destas abreviações.”.
Para Cavalcante (2013), o desafio continua lançado nas salas de aula.

Como o professor deve agir diante de uma produção de textos onde os alunos escrevam com as abreviações das redes sociais? A orientação para a norma culta da língua portuguesa é uma obrigação de todos os regentes. O aluno possui o direito de saber como é a escrita culta, mas também tem a liberdade de se expressar de forma confortável e segura. (grifos nossos).


Gírias, abreviações e emoctions. Fonte:


3 CONCLUSÃO


A internet facilita a comunicação entre os seus usuários, levando à criação de uma linguagem própria: a linguagem virtual. O uso do “internetês” através de abreviações, neologismos, emoctions entre outros recursos levanta a discussão entre os estudiosos sobre esta realidade: em qual momento a utilização da linguagem virtual pode se tornar nociva? Conclui-se que a linguagem virtual é criativa, objetiva e rápida entre os participantes, contudo deve ser utilizada no lugar próprio para tal. Assim, educadores e familiares devem incentivar os alunos a se interessarem pela língua formal, através de leitura e da escrita, acompanhando a comunicação entre jovens e adolescentes, bem como conhecer este universo, a fim de eliminar determinados preconceitos sobre as expressões utilizadas na internet.


REFERÊNCIAS



AZEVEDO, Mikaelle. Linguagem: a interferência das redes sociais na escrita. 29 jun. 2012. Disponível em: < http://www.artigonal.com/linguas-artigos/linguagem-a-interferencia-das-redes-sociais-na-escrita-6019330.html > Acesso em: 29 nov. 2015.

BARROS, Jussara De. O Internetês e a Ortografia. Brasil Escola. Disponível em < http://brasilescola.uol.com.br/educacao/o-internetes-ortografia.htm >. Acesso em 29 de novembro de 2015.

CAVALCANTE, Monica Cristina Celano. A linguagem virtual: uma nova identidade dentro e fora da escola.  Rioeduca, 13 de set. 2013. Disponível em: <
http://www.rioeduca.net/blogViews.php?bid=16&id=3823 > Acesso em: 29 nov. 2015.

FRANÇA, Breno dos Santos. Linguagem virtual não atrapalha recurso de argumentação dos jovens. AUN: Agência Universitária de Notícias - USP, 10 jun. 2014. Disponível em: < http://www.usp.br/aun/exibir.php?id=6016/ > Acesso em: 29 nov. 2015.

LINGUAGEM VIRTUAL. Linguagem virtual e as consequências. 29 out. 2010. Disponível em: < http://problemasdalinguagemvirtual.blogspot.com.br/ > Acesso em: 29 nov. 2015.

NOVA linguagem criada na internet vira vício e acaba massacrando a língua portuguesa: o internetês na vida real. Jornal A cidade, 15 maio 2013. Disponível em: < http://www.jornalacidade.com.br/lazerecultura/lazerecultura_internaNOT.aspx?idnoticia=844420 > Acesso em: 29 nov. 2015.

PENIDO, Leila de Araujo. A influência da linguagem virtual na escrita de alunos do ensino fundamental. 2013. 41p. Monografia do curso de Graduação de
Letras da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM, 2013.

SANTOS, Ermoson de Goes dos. 26 maio 2011. Linguagem virtual. Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/linguagem-virtual/67099/ > Acesso em: 29 nov. 2015.

SOUZA, Luciene Pinheiro de. A linguagem utilizada nas redes sociais e sua interferência na escrita tradicional: um estudo com adolescentes brasileiros. Anais
II Congresso Internacional TIC e Educação, Portugal, 2012.

TEIXEIRA, Eleonora Campos. A linguagem virtual: do internetês ao português. Portal Educação, 22 nov 2012. Disponível em: <
http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/21967/a-linguagem-virtual-do-internetes-ao-portugues/ > Acesso em: 29 nov. 2015.

5 comentários:

  1. Gostei do seu artigo Nicolli! Ficou bem de acordo com o que conversamos nas aulas presenciais e virtuais!

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  2. Parabéns pelo belíssimo artigo, Nicolli! Me sinto honrada por ter sido citada como referência dele. Ainda há um longo caminho a percorrer quando tratamos da linguagem usada nos meios virtuais.Assunto polêmico...
    Abs,
    Eleonora Campos Teixeira

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  3. Muito interessante o assunto seu artigo e real, estamos presenciando tudo isso com nossos jovens - uma linguagem informal terrível.

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  4. Me ajudou muito o seu artigo! Obrigada:D

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  5. ARTIGO MUITO INTERESSANTE! GOSTARIA DE SABER COMO FAÇO PRA CITAR SEU ARTIGO, ONDE ENCONTRAR SUA REFERÊNCIA?

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